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Como reduzir o odor sexual nas carcaças de machos inteiros

Em França, a proibição da castração de suínos sem tratamento da dor, ou seja, sem anestesia, está em vigor desde 1 de Janeiro de 2022, o que levou ao desenvolvimento da produção de suínos machos inteiros. A principal dificuldade deste tipo de produção reside no risco de aparecimento de odores desagradáveis na carne destes animais.

23 Fevereiro 2024
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As principais moléculas envolvidas nestes problemas de odor, conhecidos como odor sexual da carne, são a androstenona e o escatol, que se depositam no tecido adiposo. A androstenona é uma hormona de origem testicular cujo teor pode ser reduzido por selecção genética. O escatol é produzido no intestino e as suas principais vias de redução são a alimentação e a manutenção da higiene no alojamento.

Os factores de risco para o desenvolvimento de odor sexual na carne incluem a prática da auto-reposição e a utilização, para fins de reprodução, de varrascos de detecção de cio. Os machos resultantes da auto-reposição são frequentemente de linhas genéticas maternas, menos bem conformadas e, por conseguinte, propensas ao desenvolvimento de odores sexuais. Se for permitido efectuar qualquer cobrição com varrascos de detecção de cio, deve ser tido em consideração o facto de os varrascos de detecção de cio poderem ser de de produção própria da exploração ou irmãos das porcas de substituição. Alguns produtores utilizam tipos genéticos que são considerados de maior risco. Para além dos factores de risco relacionados com a genética, em certos casos, os animais são abatidos com pesos mais elevados. O período de jejum deve ser suficientemente longo (24 horas) para favorecer uma melhor limpeza dos suínos e reduzir assim o risco de odores.

A quantidade de palha adicionada à cama tem um efeito significativo na ocorrência de odores sexuais relacionados com a higiene animal. Apresentam grandes variações de acordo com as explorações e merecem uma atenção particular em relação à limpeza dos animais. As matérias-primas ricas em fibras são por vezes distribuídas no final da engorda. Este facto pode ser benéfico para reduzir a taxa de carcaças com presença de odor sexual.

Aumentar a quantidade de palha distribuída e incorporar farinha de alfalfa à ração

Foi estudado o efeito do aumento da quantidade de palha distribuída no parque para melhorar a higiene dos suínos, combinado com a incorporação de farinha de alfafa na ração distribuída 1 mês antes do abate para limitar a produção de escatol intestinal.

Foram comparados dois lotes. O primeiro lote (controlo) foi alojado em condições normais e alimentado com a dieta de engorda normal, enquanto o segundo lote (teste) recebeu mais 20% de palha durante a engorda, bem como uma adição antes do abate, e foi alimentado com uma dieta contendo 10% de farinha de alfafa. Os porcos foram abatidos, as características da carcaça foram registadas e foram colhidas amostras de gordura dorsal para determinar os níveis de androstenona e de escatol neste tecido.

A combinação da adição de palha suplementar e da incorporação de farinha de alfafa na alimentação revelou-se uma medida interessante para reduzir a deposição de escatol na gordura da carcaça de porcos machos inteiros (quadro).

Tabela 1. Características da carcaça e conteúdo de escatol e androstenona da gordura dorsal

Controlo Teste
Peso carcaça (kg) 98,8 95,7
Percentagem de músculo nas principais partes magras (TMP, em francês, %) 59,2 59,8
G2* (mm) 15,7 14,8
M2* (mm) 58,7 58,3
Escatol (μg/g gordura líquida) 0,14 0,06
Androstenona (μg/g gordura líquida) 1,16 0,73

*G2 = espessura da gordura, entre a terceira e a quarta última costela, a 6 cm da linha média dorsal, em trajectória paralela a esta linha (em milímetros), *M2 = espessura do músculo, entre a terceira e a quarta última costela, a 6 cm da linha média dorsal, em trajectória paralela a esta linha (em milímetros).

Os porcos do lote de ensaio apresentavam níveis significativamente mais baixos de escatol e androstenona do que os porcos do lote de controlo. Enquanto o efeito sobre o escatol se explica pela adição maciça de fibras à ração e pela melhoria da higiene dos suínos devido à adição de palha suplementar, pensa-se que o efeito sobre a androstenona se deve a um atraso no desenvolvimento pubertário, na sequência da distribuição de uma ração menos rica em nutrientes.

Este estudo mostra a importância da higiene animal na frequência do risco de odor sexual na carne de machos inteiros. A incorporação de fibras na alimentação é também útil para atingir o mesmo objectivo de redução, embora possam ser utilizados outros recursos fibrosos com uma taxa de incorporação inferior.

Este estudo foi realizado no âmbito do programa CASDAR Farinelli, em colaboração com os intervenientes do sector da suinicultura biológica (FNAB, ITAB, INRAE, Biodirect, Unebio, Lycée agricole du Rheu).

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