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Há porcos a menos e carne a mais!

Nesta quinzena a cotação da Bolsa do Porco manteve-se em 2,802€/kg carcaça, sendo a quinta semana consecutiva sem alteração da cotação.

12 de Maio de 2023

O título do meu comentário é um autêntico paradoxo, mas é a realidade do mercado do porco actual. Há menos porcos do que aqueles que os matadouros precisam de abater para suportar os seus custos fixos e há carne a mais no mercado já que o consumo interno é fraco e a exportação de carne para o Sudeste Asiático está, praticamente, parada.

O que ocorre no mercado português é o espelho do que se passa na grande maioria dos países europeus, com principal ênfase em Espanha. Mas já lá vamos.

Nesta quinzena a cotação da Bolsa do Porco manteve-se em 2,802€/kg carcaça, sendo a quinta semana consecutiva sem alteração da cotação. Os pesos mantêm-se elevados já que os produtores preferem vender porcos pesados de forma a poder melhorar a sua margem, mesmo sabendo que o custo de produção é alto apesar de já se começar a notar uma ligeira descida dos preços da ração (começa a reflectir-se a descida dos preços das matérias-primas nos mercados internacionais).

Nas próximas semanas ainda se deverá ver uma manutenção das cotações, mas os produtores europeus, principalmente os espanhóis, estão “em pulgas” para fazer subir a cotação e, mesmo com consumos mais reduzidos na carne de porco, o mais provável que a cotação volte a subir já que se esperam reduções da oferta de porcos para abate, já habituais no início do Verão. Portanto, a oferta de porcos para abate irá ser menor do que a sua procura – em Espanha houve uma redução de 9% no número de porcos abatidos em Janeiro e Fevereiro deste ano, quando comparado com os mesmos meses do ano passado, ou seja, quase menos 1 milhão de porcos abatidos em 2 meses-, mesmo que os consumos de carne continuem a reduzir-se. Além disso, nesta altura do ano já seria expectável que começasse a aumentar a consumo de carne no centro e norte da Europa, mas a chuva que por aquelas paragens se faz sentir, não permite que se façam as tão tradicionais churrascadas que costumam ajudar ao consumo de carne. Por lá chove, pela Europa do sul a seca faz-se sentir e este facto trará redução na produção de cereais e maiores dificuldades na produção extensiva de suínos (alentejanos e ibéricos).

Por outro lado, os matadouros querem abater e vender a carne fresca, pois ao preço a que estão a pagar os porcos, não querem correr o risco de armazenar carne, primeiro porque o preço da energia é muito alto e o custo para congelar carne é brutal e segundo, armazenar carne ao preço que ela custa é um enorme risco caso o mercado dê uma volta inesperada e os porcos fiquem mais baratos.

Todos os mercados europeus estabilizaram as cotações, com excepção da França que, seguindo o comportamento da anterior quinzena, continuou a sua descida vertiginosa da cotação dos porcos (feriados a quanto obrigam). Tal como referi acima, em Espanha, cujo comportamento do mercado tem enorme influência no nosso, há poucos porcos para abate e a venda da carne vai-se reduzindo, quer internamente devido à inflação que traz uma redução do poder de compra dos consumidores, quer para Países Terceiros já que as vendas de carne para a China estão paradas e o aumento dos envios para o Japão não compensa as reduções das Filipinas e do Vietname.

A China tem optado por comprar carne nos Estados Unidos, Canadá e Brasil, países que têm os porcos muito baratos (principalmente os EUA) e que lhes permite vender a carne a preços muito baixos e competitivos. Enquanto estes países tiverem carne barata, a China só irá recorrer à carne da U.E. apenas para suprir quantidades não fornecidas pelo continente americano. Em todo o caso, e neste preciso momento, esta menor procura chinesa não tem implicado instabilidade no mercado do porco europeu.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação manteve-se em 2,025€/kg PV (2,70€/kg carcaça) na primeira quinzena de Maio. Os pesos em carcaça mantiveram-se e estão 2,5kg acima do peso do ano passado.

Na Alemanha, a cotação manteve-se em 2,33€/kg carcaça. Os pesos baixaram 100g para os 97,5kg peso carcaça. Não há alterações no mercado e este continua equilibrado, apesar de haver menos porcos do que nos anos anteriores.

Nos Países Baixos a cotação manteve-se nesta quinzena em 2,38€/kg carcaça.

Na Bélgica a cotação também se manteve nesta quinzena em 1,70€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,85€/kg carcaça nesta primeira quinzena de Maio. É a cotação mais baixa da Europa. Devido à chuva o consumo interno de carne de porco não arranca, mas há algum aumento da procura japonesa de carne de porco.

Em França, a cotação voltou a descer nesta quinzena. Desta feita foram 0,084€/kg carcaça para 2,158€/kg na primeira metade de Maio. Foi o único país da U.E. onde os porcos desceram e isto porque continuam a suceder-se os feriados semanais que reduzem os dias de abate e permitem que os matadouros se possam aprovisionar de porcos sem grandes problemas, possibilitando-lhes pressionar a cotação para descer. Desde que começou a descida, os porcos em França já baixaram 0,222€/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se em 96,4kg e estão 800g acima do peso do ano passado.

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