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Subida lenta, mas segura no mercado do porco

O arranque do mês de Junho serviu para consolidar, e até melhorar, as condições da cotação dos porcos em Portugal. Na realidade, a cotação subiu 0,05€/kg carcaça na primeira quinzena de Junho na Bolsa do Porco.

15 de Junho de 2020

O arranque do mês de Junho serviu para consolidar, e até melhorar, as condições da cotação dos porcos em Portugal. Na realidade, a cotação subiu 0,05€/kg carcaça na primeira quinzena de Junho na Bolsa do Porco.

A menor oferta sazonal de porcos, aliada a um ligeiro, mas gradual, aumento da procura implicou uma descida no peso dos porcos e a consequente melhoria das condições de mercado, permitindo a subida das cotações e o aliviar da pressão sobre a oferta de porcos.

A carne começa a escoar-se um pouco melhor fruto da abertura do canal HORECA (Hotéis, Restaurantes e Cafés) se bem que não é despicienda uma retracção do consumo doméstico em função da crise económica originada por situações de redução salarial (lay-off e aumento do desemprego).

No que se refere ao mercado nacional, teremos que aguardar para ver como se comporta o consumo de Verão, quer dos consumidores portugueses quer de eventuais consumidores europeus – e não só – que venham passar férias a Portugal. Evidentemente que, ao dia de hoje, a entrada ainda não é permitida e teremos que aguardar para ver o impacto que a vinda de turistas estrangeiros terá, de uma forma mais restrita nos consumos de carne de porco e de uma forma mais global na economia portuguesa, após a abertura de fronteiras.

Por toda a Europa, houve algumas subidas e estabilizações nos mercados do porco, com excepção da Dinamarca que voltou a descer a cotação. Todos os restantes países, ou mantivera as suas cotações ou as subiram.

Apesar da turbulência no mercado do porco, com descidas brutais das cotações que correram em Abril e Maio, as cotações médias dos primeiros 5 meses do ano são muitos boas. Senão vejamos:

2019 2020
PAÍS 5 MESES 5 MESES %
Holanda Vion Food 1,571 1,878 19,56
Dinamarca 61% 1,262 1,801 42,76
Alemanha AMI 57% 1,550 1,834 18,26
Espanha Lérida Peso Vivo 1,217 1,426 17,11
França MPB 56 TMP 1,297 1,488 14,73

FONTE: MPB

É de referir que, no caso da Dinamarca, os produtores recebem royalties dos matadouros que costumam ser da ordem de 0,17-0,20€/kg carcaça. Portanto, o preço médio que os produtores dinamarqueses venderam os seus porcos nos primeiros 5 meses do ano é de cerca de 2,00€/kg carcaça. No caso da França, a cotação de 56TMP corresponde a porcos com 50% de músculo e que a classificação média dos porcos em França é de 62 TMP. Para esta classificação a cotação é 0,17€/kg acima da cotação de referência. Portanto, os produtores franceses tiveram uma cotação média de 1,658€/kg.

No mercado europeu, no norte da Europa começa a haver maior consumo de carne pois com o tempo a melhorar, começam a fazer-se os habituais churrascos que deverão manter-se durante todo o verão pois é natural que haja menos europeus do norte a viajar para os países do sul para passarem as suas férias de Verão, preferindo, quiçá, ficarem pelos seus países de origem. O “vá para fora cá dentro” também deverá acontecer nesses países.

Em bom ritmo continuam as exportações europeias para a Ásia, principalmente China, Japão e Coreia do Sul. Estes dois últimos países têm mantido as suas compras e o aumento da tensão entre a China e os Estados Unidos favorece o envio de carne da Europa.

Apesar de haver alguma melhor fluidez no mercado do porco em toda a Europa, o aparecimento de pessoas positivas à COVID-19 fez encerrar, durante 14, um matadouro na Holanda que abate 70 mil porcos por semana (quase tantos como os abates semanais em todo o Portugal) e este facto fez aumentar a pressão da oferta de porcos na Alemanha. Os matadouros alemães já deixaram antever que irão fazer pressão para travar alguma intenção de subida das cotações enquanto se mantiver este aumento da oferta conjuntural.

Em Espanha a cotação subiu 0,024€/kg PV nesta quinzena (-0,032€/kg carcaça) para 1,288€/kg PV (1,717€/kg carcaça). Apesar de ter havido menos oferta de porcos e de haver equilíbrio entre a oferta e a procura, os pesos continuam cerca de 3 a 4 kg mais altos que o ano passado nesta altura. O mercado espanhol “queixa-se” de haver oferta agressiva de porcos portugueses para abate no país vizinho, leia-se, a preços bastante baixos.

Na Alemanha, a cotação manteve-se em 1,66€/kg carcaça. O peso médio subiu 200g para os 97,3kg o que é um sinal de equilíbrio entre a oferta e a procura apesar de haver ligeiros excedentes de porcos para abate devido aos feriados. O comércio da carne recuperou devido ao bom tempo e aos feriados. Os feriados atrasam os abates, mas aceleram os consumos.

Na Holanda a cotação subiu 0,06€ para se situar em 1,66€/kg carcaça. A procura de carne de porco tem melhorado, mas o encerramento do matadouro da Van Rooi, que abate cerca de 70 mil porcos por semana e que fechará durante 14 dias, vai trazer alguns problemas ao escoamento de porcos já que na Holanda será complicado e na Alemanha irá trazer a tal pressão dos matadouros alemães que irão querer travar eventuais subidas das cotações. Além disso, a capacidade de matança da Alemanha está condicionada pelas medidas de contenção à COVID-19 e pelas exigências dos chineses que não permitem que se abatam porcos de outros países nalguns matadouros alemães que estão a exportar para o gigante asiático.

Na Bélgica a cotação subiu 0,08€/kg PV para 1,11€/kg.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,08€/kg carcaça fixando-se em 1,49€/kg carcaça. O mercado europeu está a recuperar, mas não é suficiente para fazer subir as cotações por si só. O mercado mundial continua a aumentar pedidos, mas também não é suficiente para fazer subir significativamente as cotações. Os dinamarqueses estão expectantes para saber qual destes mercados será o primeiro a trazer boas influências à cotação dos porcos e da carne.

Em França a cotação manteve-se 1,346/kg carcaça. Desde 18 de Maio que não tem havido qualquer variação na cotação no MPB, apesar de ter havido mais um feriado (Pentecostes) nesta quinzena. Os pesos subiram 600g para 97,1 (mais 1,7kg que na mesma semana de 2019). Alguns matadouros mantiveram-se fechados devido ao coronavírus, o que tem afectado o normal desenrolar dos abates. Apesar disso, os consumos vão aumentando gradualmente devido à reabertura dos locais de consumo fora de casa.

O lento retomar da actividade económica em toda a Europa que o desconfinamento traz, com o regresso dos restaurantes e café, o voltar ao local de trabalho e às melhores condições climatéricas, são um bom indício para o mercado do porco, aliado a um continuo envio de grandes volumes de carne para exportação trazem boas perspectivas para o mercado do porco. Esperemos pelas próximas semanas para ter um quadro mais claro da situação.

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