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Quando se esperava estabilização na cotação, veio a Peste e baralhou tudo

A cotação dos porcos em Portugal desceu fortemente na primeira quinzena de Dezembro, um total de 0,27€/kg carcaça na Bolsa do Porco, para 1,652€/kg carcaça.

17 Dezembro 2025
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15 de Dezembro de 2025

A cotação dos porcos em Portugal desceu fortemente na primeira quinzena de Dezembro em função das fortes descidas da cotação dos porcos em Lérida provocadas pelo aparecimento de focos de Peste Suína Africana na Catalunha. O total da descida foi de 0,27€/kg carcaça na Bolsa do Porco, para 1,652€/kg carcaça. Esta é a mais acentuada descida quinzena em muitos anos de Bolsa. Não sei mesmo se esta não foi a mais larga descida de cotação que a Bolsa do Porco teve em todo o seu historial.

Na realidade, esperava-se que a cotação se mantivesse já a partir da segunda metade de Novembro e que não sofresse alterações até ao final do ano. Mas, a juntar à descida alemã, tivemos o inesperado e inconveniente aparecimento de casos de Peste Suína Africana em Espanha, que causou um terramoto em toda a fileira da Península Ibérica dada a incerteza que todo este problema sanitário traz ao comércio de carne.

Os Países Terceiros que compram carne a Espanha, apesar de a sua grande maioria aceitar a regionalização dos focos de Peste, o que permitirá que a Espanha continue a enviar carne para aqueles destinos, pararam os pedidos e a carne começou a acumular-se no país vizinho.

Ora, essa carne tem que ser colocada nalgum sítio e, esse sítio terá de ser o espaço da União Europeia, que implica um aumento da oferta interna de carne e a consequente descida de preço, para estimular o aumento do consumo.

Perante este cenário, não houve outra alternativa senão fazer baixar a cotação em Portugal dento da mesma ordem de grandeza do ocorrido em Espanha.

E agora, que se passará?

Tal como referi acima, mesmo com a possibilidade de Espanha continuar a colocar carne nos mais diversos países, com excepção do Japão, Filipinas e México, não tem havido compras ao país vizinho e, para além disso, há informações que indicam que haverá contentores com carne, que estão a caminho desses países, que terão recebido indicações de devolução à procedência.

Para haver fluidez em Espanha, na saída de porcos para abate, há que conseguir aumentar o escoamento de carne para Países Terceiros. Portanto, no momento as coisas estão muito complicadas.

Em todo o caso, se a Espanha não envia carne para Países Terceiros, abrem-se possibilidades para países como a Dinamarca, Países Baixos, França e Portugal o possam fazer e ocupem parte do espaço deixado em aberto pelos espanhóis. Outra parte do espaço em aberto será ocupado pelos brasileiros e pelos norte-americanos.

Por outro lado, está a ser oferecida carne espanhola a preços muito competitivos nos mais diversos países da U.E., o que trará mais problemas a todo o sector europeu, com um possível ajustamento nas cotações dos porcos.

Valha-nos que estamos numa época em que o consumo de carne de porco, em toda a Europa, é dos mais elevados em todo o ano, o que permite aumentar os abates de porcos e amortecer parte deste excesso de oferta.

No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação desceu 0,226€/kg PV (-0,301€/kg carcaça) para 1,100€/kg PV na primeira quinzena de Dezembro (1,467€/kg carcaça). Segundo informa a Mercolérida, o peso vivo dos porcos tem subido e encontra-se 3kg PV acima do peso da mesma quinzena do ano passado.

Em Lérida, devido ao aparecimento dos focos de Peste na região de Barcelona, tiveram que fazer 3 sessões da bolsa numa só semana e, apesar de haver um limite de descidas e subidas de 6 cêntimos por semana, após acordo entre todas a partes, a descida foi bem superior, como indicado acima.

Na Alemanha a cotação manteve-se em 1,60€/kg carcaça na primeira quinzena de Dezembro. Os pesos em carcaça desceram 700g para 98,1kg. Na Alemanha, a situação mantém-se geralmente estável, com elevados níveis de abate e oferta ainda abundante, embora persistam alguns excedentes em certas regiões. No mercado da carne, as vendas são fortes e os preços firmes. Os distribuidores estão a oferecer diversas promoções e o processamento está a funcionar em plena capacidade.

Nos Países Baixos a cotação desceu 0,08€/kg carcaça para 1,30€/kg carcaça na primeira quinzena de Novembro.

Na Bélgica a cotação desceu 0,03€/kg PV para 1,02€/kg PV na primeira quinzena de Dezembro. O mercado parece equilibrado, com um nível de abate muito elevado. No entanto, as dificuldades de exportação para Espanha estão a pressionar o mercado belga. Os pesos mantêm-se abaixo dos de 2024. No mercado da carne, observa-se uma ligeira diminuição no mercado interno, enquanto as exportações sofrem alguma pressão, sem, no entanto, provocarem uma descida de preços para já. Neste contexto, a formação de preços é atípica e os compradores têm adoptado uma postura cautelosa, exercendo pressão de descida.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,07€/kg carcaça para 1,36€/kg carcaça na primeira quinzena de Dezembro.

Em França, a cotação desceu 0,02€/kg carcaça para 1,474€/kg carcaça na primeira metade de Dezembro. Os pesos baixaram 400g para 97,8kg e encontram-se 350g acima do peso de 2024. As negociações no MPF estiveram bastante pressionadas pelos acontecimentos de Espanha, mas com a manutenção da cotação na Alemanha, houve uma certa tranquilidade e a descida foi de apenas 2 cêntimos na quinzena. Em todo o caso, continua a haver uma pressão forte no mercado para que haja ajustamentos na cotação dos porcos.

Veremos o que nos trazem as próximas semanas, quer em termos do aparecimento de focos de Peste Suína Africana em Espanha, quer em termos de desenvolvimento das vendas de carne, quer no mercado interno quer para Países Terceiros.

Esperemos que não apareçam muitos mais casos de Peste no país vizinho e que, os que aparecerem, se resumam à zona de contenção de 6km em redor do foco inicial.

Apesar de todas as incertezas de fim de ano, totalmente inesperadas, quero desejar a todos os meus leitores um Feliz e Santo Natal e um Excelente 2026

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