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Peso e oferta de porcos descem, mas a cotação também voltou a descer

Em Portugal, na primeira quinzena de Agosto, a cotação dos porcos baixou 0,04€/kg carcaça na Bolsa do Porco.

13 de Agosto de 2021

Apesar da oferta sazonal de porcos para abate ser mais reduzida, o que é habitual nesta altura do ano, e com os pesos de abate inferiores aos das semanas anteriores, a cotação dos porcos voltou a descer em toda a Europa. A única excepção foi a França, onde a cotação se manteve.

Em Portugal, na primeira quinzena de Agosto, a cotação dos porcos baixou 0,04€/kg carcaça na Bolsa do Porco tendo mantido na segunda semana de Agosto, o que não deixa de ser um bom sinal. Mas as perguntas que ficam são: será que os matadouros seguiram esta indicação da Bolsa do Porco? Será que, apesar da manutenção definida pela Bola do Porco, o preço pago ao produtor pelos matadouros se manteve?

O acumulado de descida, na Bolsa do Porco, a partir de meados de Junho, é de 0,37€/kg carcaça. A descida no mercado real é bem superior a esta.

O mercado encontra-se com enormes dificuldades em escoar carne, seja no mercado interno seja no mercado de exportação. A redução das compras de carne de porco por parte dos chineses na U.E., em que Portugal não escapa - estão a comprar muitas miudezas e compram alguma carne a preços muito baratos – estão a provocar esta forte descida na cotação dos porcos em toda a Europa. As vendas de carne de porco de Portugal para a China, no 1º semestre de 2021, atingiram o volume de 18 mil toneladas (3 mil toneladas/mês) sendo que em 2020 essa quantidade foi de 6,6 mil toneladas (1,1 mil tons/mês), ou seja, um aumento de 172%.

Sabemos que a redução das compras chinesas ocorreu a partir de Junho e que as descidas se começaram a verificar a partir daí. Também sabemos que, apesar do aumento de efectivo reprodutor, a China terá que continuar a comprar carne de porco. Tal como já referi em anteriores comentários, a grande incógnita é saber que quantidade irá necessitar de comprar, a que preço e em que mercados. Será na U.E.? Nos Estados Unidos? Ou no Brasil? Será em todos eles, como até agora? A aguardar cenas dos próximos capítulos.

Entretanto, e sem poder escoar o excedente de carne para mercados Terceiros, apesar do Sudeste Asiático continuar a comprar em força (Singapura, Vietname, Tailândia, etc) estes volumes não são suficientes para anular o excedente de carne existente e há que tentar escoá-lo no mercado Europeu e é preciso tempo para se encontrarem outros clientes que possam comprar grande parte da carne que a China não compra. Este tipo de negociações não se fazem de um dia para o outro.

Nesta perspectiva, com o contínuo aparecimento de novas vagas de Covid-19 em toda a Europa, com o pouco deslocamento de turistas entre países europeus, há que contar com os consumos domésticos de cada país, mas se as pessoas não se podem juntar também não podem fazer grandes festas nem churrascadas, onde a carne de porco fresca ou transformada costuma ser rainha.

É neste ponto que se encontra o mercado europeu do porco. Equilíbrio débil e periclitante numa altura em que, pelo menos no Sul da Europa, costumava haver forte procura de carne de porco e em que a oferta de porcos era sempre muito escassa para a s necessidades de mercado.

Neste momento, na Europa a oferta de porcos é baixa e os matadouros vão conseguindo dar escoamento aos porcos que têm que abater (é uma época do ano em que é habitual haver menos porcos para abate), mas quando entrarmos no Outono, em que a oferta de porcos para abate aumenta, como será? Será que o mercado consegue absorver a oferta de porcos e carne a preços suficiente para que ambos os elos da cadeia – produtores e matadouros – possam fazer face aos seus custos? Que quantidade de carne irá absorver a exportação?

Em Espanha é referido que nas últimas 4 semanas em que houve descida da cotação dos porcos, que não houve descida do preço de venda da carne por parte dos matadouros, o que lhes permitiu recuperar as margens que terão perdido nos primeiros meses deste ano.

Em Espanha a cotação desceu 0,049€/kg PV (+0,065/kg carcaça) para 1,271€/kg PV (1,695€/kg carcaça). O acumulado de descida da cotação em Espanha é de 0,282€/kg PV (cerca de 0,38€/kg carcaça). Os pesos voltaram a descer cerca de meio quilo, mas encontram-se 700g acima do peso do ano passado nesta mesma semana.

Na Alemanha a cotação desceu 0,05€/kg carcaça fixando-se em 1,37€/kg carcaça. Como havia um diferencial de 0,07€/kg carcaça entre a cotação fixada no AMI e o preço pago pelos matadouros, houve um acerto de diferencial, sendo que os produtores desceram 0,05€/kg carcaça no AMI e os matadouros subiram 0,02€/kg carcaça no preço a pagar aos seus fornecedores. Os pesos de carcaça subiram 300g para os 96,5kg. Tem havido forte pressão sobre o preço dos porcos e há grande dificuldade em escoar animais para abate, daí a subida dos pesos apesar de a oferta ser baixa. Não há impulsos no consumo de carne de porco.

Na Holanda a cotação desceu 0,07€/kg carcaça para 1,47€/kg carcaça. A oferta de porcos continua a ser baixa, mas mesmo assim não foi suficiente para travar a descida da cotação de venda pois a venda de carne é muito complicada e os matadouros continuam a pressionar para que essa descida continue. Na existe qualquer sinal que o mercado possa melhorar nas próximas semanas.

Na Bélgica a cotação baixou 0,03€ para 0,90€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,08€/kg carcaça para 1,28€/kg carcaça. O mercado europeu da carne de porco continua desequilibrado. Consegue-se saber quantos porcos são abatidos por semana em toda a Europa, mas não se consegue saber que quantidade de carne destes porcos se congela e isso deixa o mercado pouco transparente e claro. No Outono passado foi congelada muita carne na Europa com o intuito de a vender para a China este Verão. Mas mesmo com negócios firmados, os comerciantes chineses preferiram cancelar compras, mesmo perdendo 30% de sinal que têm que dar antecipadamente à conclusão das entregas, para virem a comprar muito mais barata. Esta situação aconteceu em todos os países exportadores.

Em França a cotação não sofreu qualquer alteração e ficou em 1,341€/kg carcaça. Os pesos desceram 300g para os 94,7kg, e estão 500g abaixo dos pesos do ano passado na mesma semana. O mercado em França está equilibrado.

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