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O mercado europeu ficou sem porcos e os preços dispararam

Na Bolsa do Porco a cotação subiu 0,17€/kg carcaça, o que representa uma subida de cerca de 15€ por porco abatido.

12 de Março de 2021

De um momento para o outro, o mercado europeu ficou se porcos para abater e as cotações dispararam em toda a Europa na primeira quinzena de Março.

Na Bolsa do Porco a cotação subiu 0,17€/kg carcaça, o que representa uma subida de cerca de 15€ por porco abatido. Os pesos de abate têm descido e a procura de porcos para abate continua em bom nível, sendo um pouco superior à oferta. A carne vai-se valorizando na justa medida do aumento das cotações dos porcos. Para semanas da Quaresma, o mercado encontra-se bastante activo e fluido, o que deixa antever boas perspectivas para a Primavera – Verão.

Por outro lado, não só em Portugal, mas principalmente em Espanha, a carne de porco continua bastante procurada pela China e isso dá um enorme impulso aos negócios e aos preços. Antes do mês de Fevereiro, mês em que o mercado chinês esteve praticamente fechado para as comemorações do Ano Novo Lunar, havia muitas dúvidas e incertezas sobre como se iriam comportar os chineses nas compras de carne de porco que teriam que fazer na Europa.

Após a reabertura do mercado chinês, as propostas de compra foram elevadas, a procura excedeu as expectativas e isso notou-se bem em função das subidas ocorridas em todos os países da Europa.

Para além deste aumento da procura chinesa, há a ter em conta o “limpar” de porcos atrasados que aconteceu na Alemanha que permitiu que este país também tivesse subido com força a cotação dos porcos, tendo levado consigo as subidas na Holanda e um pouco na Dinamarca. A Bélgica, por seu turno, tem sido levada pela Espanha, visto que tem havido forte procura de porcos belgas por parte dos matadouros espanhóis, o que tem permitido aliviar o mercado belga e feito subir, com muito significado a sua cotação.

No que se refere ao mercado interno chinês, há a considerar um abate massivo de porcas em Janeiro e Fevereiro, devido ao “reaparecimento” de focos de Peste Suína Africana (PSA) um explorações de grande dimensão. Os dados apontam para uma redução de efectivo reprodutor de entre 6 a 7 milhões de porcas. Ou seja, o equivalente ao efectivo de reprodutoras dos Estados Unidos.

Se o abate sanitário dos dois primeiros meses do ano ascendeu a 6-7 milhões de porcas, o que se irá passar em Março e Abril? Temos que ter em consideração que há indícios de terem sido utilizadas vacinas para a PSA das quais não havia autorização para serem usadas e que utilizaram estirpes de vírus mais virulentas o que acabou por provocar a infecção em muitas explorações de maior tamanho e mais tecnificadas. Como as vacinações, normalmente, são feitas sucessivamente, é muito natural que continuem a aparecer novos focos de PSA em grandes explorações que obriguem ao abate massivo do efectivo dessas explorações. Aguardemos novos desenvolvimentos desta situação, sabendo, porém como a China é tão pródiga em não disponibilizar informação correcta e fidedigna.

Como mera curiosidade, na China, um leitão de 20kg vale 233€. Sim, leu bem, 233€ cada um.

Considerando esta redução de efectivo reprodutor, é muito natural que dentro de alguns meses haja redução na procura de matérias-primas para a alimentação animal a nível mundial e que, esta diminuição da procura, possa permitir uma descida das cotações o que implicaria um melhor posicionamento competitivo dos produtores de suínos europeus pela redução do custo de produção.

No que diz respeito às cotações europeias:

Em Espanha a cotação subiu 0,117€/kg PV (+0,156€/kg carcaça) na primeira quinzena de Março fixando a cotação em 1,295€/kg PV (1,727€/kg carcaça). Os pesos continuam a baixar e já se encontram num nível mais baixo que na mesma altura de 2020.

Na Alemanha a cotação subiu 0,19€/kg carcaça e passou para 1,40€/kg carcaça. Esta forte subida de cotação é o sinal evidente que deixaram de haver porcos atrasados e que a procura de animais para abate supera em muito a oferta. Houve redução do efectivo alemão em 2020, devido às dificuldades em escoar porcos para abate, mas principalmente devido às fortes medidas ambientais que retiram competitividade à produção suína alemã e que implicam a fortes investimentos por parte dos empresários, investimentos que estes não estão para fazer. Os pesos de carcaça continuam a descer e encontram-se nos 98,3kg. A forte subida da cotação dos porcos implica uma subida significativa da cotação das peças e da carne, mas estas subidas têm sido bem aceites no mercado alemão.

Na Holanda a cotação subiu 0,11€/kg carcaça para 1,44€/kg carcaça. Há grande fluidez no mercado holandês e isso permitiu as fortes subidas na cotação dos porcos. Os produtores referem que as cotações ainda irão subir mais e por isso fazem alguma retenção de porcos, reduzindo a oferta. O mercado da carne tem acompanhado a subida dos porcos, permitindo que haja vendas de carne e peças a preços mais elevados sem grande resistência do mercado interno holandês.

Na Bélgica a cotação subiu 0,15€/kg PV para os 0,97€/kg PV. Os matadouros alemães não têm procurado tanto os porcos belgas como o faziam antes do aparecimento da PSA na Bélgica e isso foi um grande entrave para o escoamento de porcos para abate, levando a fortes descida da cotação e obrigando esta a manter-se baixa durante muito tempo, mas agora, tal como referi acima, os matadouros espanhóis têm aumentado a procura de porcos para abate na Bélgica e isso tem permitido que o preço suba com enorme significado.

Na Dinamarca a cotação subiu 0,06€/kg carcaça fixando-se em 1,34€/kg carcaça. O preço sobe devido à pressão dos matadouros alemães que vão tendo maior possibilidade de abater e procuram porcos na Dinamarca.

Os dinamarqueses dão conta de que o mercado começa a estar melhor. mas como ainda existem cerca de 100 mil porcos atrasados por abater, ainda não há condições para subidas na cotação.

Em França, a cotação subiu 0,081€/kg carcaça para os 1,331€/kg carcaça. Os pesos baixaram 250g para os 96,60kg e estão 100g abaixo dos pesos do ano passado na mesma semana. A oferta de porcos reduz-se de semana para semana o que aliado a uma melhor fluidez do mercado no que toca Às exportações, tem permitido subidas na cotação dos porcos.

Ao dia e hoje, as perspectivas para o mercado europeu e nacional do porco são boas para o ano 2021, o que contraria o cenário que se avizinhava nas perspectivas de Janeiro e Fevereiro. Veremos o que nos trazem as próximas semanas e os próximos meses de forma a que possamos ver com maior claridade o que poderá ser todo o ano de 2021.

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