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Ligeira subida da cotação é um bom sinal para o mercado do porco na Europa

Após 5 semana consecutivas de manutenção da cotação após a Páscoa, a Bolsa do Porco seguiu o comportamento da Bolsa de Lérida e subiu 0,02€/kg carcaça na primeira quinzena de Maio.

14 de Maio de 2021

Após 5 semana consecutivas de manutenção da cotação após a Páscoa, a Bolsa do Porco seguiu o comportamento da Bolsa de Lérida e subiu 0,02€/kg carcaça na primeira quinzena de Maio. A subida é curta, mas é um bom sinal para o mercado do porco na Europa, apesar das dificuldades internas na venda de carne.

Quando me refiro às dificuldades internas, não me refiro apenas ao mercado português, mas às grandes dificuldades no consumo de carne que acontecem por toda a Europa. Enquanto as exportações de carne de porco europeia para Países Terceiros seguem de “vento em popa”, o consumo europeu anda mais lento principalmente devido aos confinamentos ainda existentes um pouco por todos os Países da U.E. Espera-se que, a pouco e pouco, volte a normalidade à vida quotidiana com a reabertura da restauração e das cantinas, que irão estimular e puxar pelo consumo de carne de porco. Por outro lado, com a melhoria das condições climatéricas um pouco por toda a Europa e o avançar da vacinação contra a Covid-19 é natural que haja possibilidade das famílias se juntarem e de poderem fazer as tradicionais churrascadas tão típicas da Alemanha.

Em Portugal, o mercado da carne está demasiado pesado e isso gera muitas dificuldades de venda, a preços valorizados, por parte dos matadouros e da indústria das carnes. A restauração e a hotelaria continuam a não trabalhar a 100% e as vendas, ao nível do retalho, continuam a ser inferiores às necessidades da fileira até porque as famílias têm menos disponibilidade económica devido, ainda, à existência de layoffs e ao aumento do desemprego, ainda que nas notícias da comunicação social portuguesa se continue a transmitir a ideia que o desemprego não tem aumentado. Menos dinheiro na carteira das famílias é menos dinheiro que estas poderão despender para comprar carne, por exemplo.

Como referi, a exportação para Países Terceiros segue em bom ritmo, e os dados publicados pela francês MPB dão conta que, no 1º trimestre de 2021 as exportações de carne de porco aumentaram 27,9% para 1021030 tons. O maior destino europeu continua a ser a China cujas importações da U.E. aumentaram 30,4% no 1º trimestre deste ano para 622165 tons. Na liderança das exportações europeias para a China está a Espanha com 382284 tons. No caso de Portugal, e considerando os números publicados pela mesma entidade, no 1º trimestre de 2021 foram exportadas 9303 tons de carne de porco, o que representa um aumento de 240,6% em relação ao mesmo período de 2020 em que foram enviadas para a china 3867 tons.

Todos os indicadores dão conta que as exportações europeias para Países Terceiros, e principalmente para a China, irão continuar a um ritmo elevado, apesar de nos chegarem indicações de que o efectivo de suínos da China continua a crescer (será?) e que os chineses procuram comprar a carne de porco a preço mais baixo nos mercados internacionais. Mas será que vão conseguir atingir os seus objectivos? Então vejamos:

Quem são os principais fornecedores de carne de porco da China? A União Europeia em primeiro lugar, seguida pelos Estados Unidos e pelo Brasil.

- Nos Estados Unidos, segundo maior fornecedor de carne de porco á China, logo atrás da Espanha, a cotação dos porcos atinge máximos atrás de máximos, fruto do aumento do consumo interno. Neste momento a cotação é superior à do ano 2014 ano em que o preço atingiu o seu máximo histórico em função da redução de efectivo devido à mortalidade provocada pela Diarreia Epidémica Suína. Devemos juntar a este aumento de consumo interno, uma maior procura de carne de porco norte-americana por parte do México, mercado que apresenta menores custos de transporte e, logo, mais apetecível que o mercado chinês. Ora, não me parece que sejam os estados Unidos que irão fornecer maiores quantidades de carne de porco à China a preços mais baixos do que aqueles que estão a ser conseguidos no seu mercado interno.

- No Brasil a cotação dos porcos também tem subido bastante devido ao aumento dos custos de produção e a sua carne de porco está mais cara, perdendo competitividade para entrar em maiores quantidades no mercado chinês

- Resta-nos a U.E. que é a única região produtora de porcos a nível mundial que tem capacidade de fornecer a China com as quantidades de carne de porco que necessitam para abastecer o seu mercado interno

Assim, e considerando os pressupostos apresentados acima, creio que não irá haver condições, no curto prazo, para que haja descida nas cotações dos porcos e que, pelo contrário haja condições de subida destas mesmas cotações.

Por outro lado, começam a aparecer uma descida, ainda que ligeira, dos pesos de abate o que é usual para esta altura do ano e que demonstra que começa a haver menos oferta de porcos em relação à procura.

Apesar das boas indicações do mercado do porco, não há que esquecer que as matérias-primas estão em valores muito altos e que este forte aumento das matérias-primas se tem feito reflectir, evidentemente, nos preços das rações. Ou seja, no forte aumento dos custos de produção. Portanto, parte da melhoria económica que existe na produção de suínos está a ser “comida” pelo forte aumento do preço da ração, fazendo diminuir as margens aos produtores.

No que diz respeito às cotações europeias:

Em Espanha a cotação subiu 0,01€/kg PV (+0,013€/kg carcaça) para 1,47€/kg PV (1,96€/kg carcaça). Os pesos desceram cerca de 150g nestas duas semanas e estão 1,2kg abaixo do peso ano passado nesta mesma altura.

Na Alemanha a cotação manteve-se em 1,42€/kg carcaça. Os pesos de carcaça baixaram 700g para 97,5kg. Como referi acima, está prevista a abertura dos restaurantes na Alemanha e esta decisão irá ajudar a melhorar o mercado interno do porco, visto que a Alemanha não tem permissão para exportar para Países Terceiros devido à existência de PSA no seu território.

Na Holanda a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,63€/kg carcaça. A meteorologia não tem ajudado à subida do consumo e isso tem obviado a subida da cotação dos porcos. Por outro lado, os matadouros espanhóis procuram porcos na Holanda devido ao preço mais baixo do que o existente no mercado espanhol, o que tem aliviado a oferta interna de porcos para abate e a consequente pressão sobre os preços. No mercado holandês haverá 2 feriados (Quinta-Feira da Ascensão e Pentecostes) o que reduzirá o número de dias de abate. Veremos em que medida esta redução dos abates afectará a cotação dos porcos.

Na Bélgica a cotação manteve-se em 0,94€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação subiu 0,03€/kg carcaça para 1,48€/kg carcaça. Como referi acima, a meteorologia e as restrições pela Covid-19 estão a limitar o consumo interno de carne de porco. No que toca à exportação, ela vai melhorando e isso alivia o mercado dinamarquês.

Em França a cotação subiu 0,06€/kg carcaça para os 1,541€/kg carcaça. Os pesos mantiveram-se nos 95,5kg e estão 1,1kg abaixo dos pesos do ano passado na mesma semana. O mercado francês está na expectativa para ver que influência terá o feriado de Quinta-Feira da Ascensão (13/5) na evolução das cotações e do consumo, visto que há 1 dia a menos de abate e, normalmente, esta diminuição dos dias de abate pode influenciar negativamente o normal desenrolar do mesmo.

Aproximamo-nos do verão e, de acordo com as notícias que nos chegam, Portugal é dos poucos países onde os turistas ingleses poderão fazer férias sem terem que fazer quarentena obrigatória no regresso ao seu país de origem. Este facto pode fazer melhorar as condições do nosso mercado interno com a perspectiva do aumento de consumidores sazonal no nosso país. Veremos o que nos reservam as próximas semanas de forma a podermos ter a noção de como será o mercado do porco no verão.

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