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Forte descida das cotações do porco no sul da Europa

Em Portugal, na primeira quinzena de Julho, a cotação desceu 0,14€/kg carcaça na Bolsa do Porco.

16 de Julho de 2021

Com o objectivo de poder aproximar as suas cotações das existentes nos países do Norte da Europa, os países do Sul, principalmente a Espanha, têm prosseguido com fortes descidas da cotação dos porcos.

A diminuição das compras chinesas de carne de porco na U.E. são o factor de desestabilização do mercado europeu pois os países exportadores têm tido uma redução significativa das vendas para o Sudeste Asiático. Ora este comportamento dos compradores chineses tem impactado com força em Espanha, na Holanda e na Dinamarca e a carne que estes países não enviam para a China, têm que a tentar colocar no mercado interno da U.E.

Ora, dadas as circunstâncias da Alemanha (era o maior exportador de carne de porco da U.E. para a China), por causa da Peste Suína Africana ter que colocar quase toda a sua carne de porco no mercado europeu, a que se junta maior quantidade de carne espanhola, dinamarquesa e holandesa, o mercado europeu de carne de porco está saturado e com excesso de oferta. Já se sabe que, quando a oferta é maior do que a procura, o preço baixa. E em suma é isto que está a ocorrer no mercado da Europa. Para além disso, tem havido um braço de ferro entre os produtores e os matadouros na Alemanha, pois estes últimos estão a pagar os porcos 8 cêntimos abaixo da cotação definida na AMI, o que é um claro sinal que há grandes dificuldades no mercado e divergências entre os players alemães.

Até quando poderá durar esta situação? Quando regressam os chineses às compras na Europa? E a que preço irão querer comprar?

As respostas as estas perguntas são uma incógnita, mas serão fundamentais para se poder avaliar em que sentido se irá deslocar o mercado da carne de porco na Europa. Um aumento da procura por parte da China será fundamental para aliviar a pressão da oferta de carne no mercado interno, independentemente do preço a que essa carne seja comprada pelos chineses.

Não sabemos quando poderão regressar os chineses à compras na Europa (Agosto? Setembro? Outubro?), mas eles irão voltar. Que quantidades irão comprar e a que preço, isso já será outra conversa.

Não devemos esquecer que a cotação dos porcos na China desceu mais de 60% entre Janeiro e final de Junho, mas já teve uma inversão de tendência com uma subida neste início do mês de Julho. Veremos se esta tendência é para manter, pois será um bom sinal para o mercado mundial de carne de porco.

Aliás, o Governo chinês, que o ano passado andou a colocar no mercado chinês carne de porco dos seus stocks para evitar que o preço subisse ainda mais, anunciou agora que irá voltar às compras de carne para poder repor stocks e ao mesmo tempo poder estimular uma subida da cotação interna do porco, que irá ajudar os pequenos suinicultores a obterem melhor preço na venda dos seus porcos e ao mesmo tempo evitar que estes travem a entrada de porcas nas suas explorações o que faria desacelerar a reposição de efectivo na China. Este anúncio do Governo chinês já teve o condão de fazer subir a cotação, como referi acima.

No que diz respeito ao aumento de efectivo na China, este é um dado adquirido até porque as informações que circulam no mercado mundial é de que as 10 maiores empresas de produção de porcos na China aumentaram o seu efectivo em cerca de 4,5 milhões de porcas reprodutoras de 2019 para 2020, sendo que a maior delas aumentou 1340000 porcas, valor ligeiramente inferior ao efectivo reprodutor alemão de Maio de 2021 (1652000 porcas).

Outro dado a ter em conta é o Verão (ou a falta dele). Para os países do Sul não há Verão como em anos anteriores porque as temperaturas ainda não são elevadas e porque não há turistas em número elevado como era costume em anos anteriores. Nos países do Norte, as temperaturas continuam a não subir e isso tem efeito nos consumos de carne de porco já que os consumidores até podem fazer férias nos seus países evitando, devido à COVID, fazer férias fora, mas sem sol e sem calor as pessoas não fazem as habituas churrascadas onde se consome muita carne de porco.

Em Portugal, na primeira quinzena de Julho, a cotação desceu 0,14€/kg carcaça na Bolsa do Porco se bem que no mercado a descida tenha sido superior. Desde que a cotação começou a descer, o acumulado na Bolsa do Porco é 0,21€/kg carcaça, mas no mercado real a cotação terá descido cerca de 0,30€/kg carcaça.

As vendas de carne de porco, no mercado nacional, continuam muito fracas e mesmo com a descida do preço da carne ao consumidor, não há aumento de vendas. Começam a aparecer porcos muito pesados no mercado e, com a descida da cotação dos porcos, os produtores pressionam para que os porcos sejam abatidos, criando ainda maior pressão da oferta. Pelo seu lado, os matadouros não vendem e, por isso, precisam de menos porcos para abater ainda para mais quando o seu preço ainda é elevado para que a indústria possa pensar em congelar pois os custos de congelação são elevados e congelar carne cara não faz sentido, ainda para mais não sendo claro o sentido do mercado para o curto e médio prazo.

Em Espanha a cotação desceu 0,10€/kg PV (+0,133€/kg carcaça) para 1,41€/kg PV (1,88€/kg carcaça). Os pesos desceram cerca de 300g nestas duas semanas e estão ao mesmo nível de 2020.

Na Alemanha a cotação manteve-se em 1,48€/kg carcaça, mas como referi acima, os matadouros estão a pagar 8 cêntimos abaixo da cotação definida pela Bolsa. Os pesos de carcaça desceram 500g para 96,2kg. A oferta de porcos é menor em função da redução de efectivo que tem ocorrida na Alemanha desde o ano passado e os pesos baixaram, mas apesar disso os matadouros têm condições para abrir e manter o diferencial com o preço definido pelo AMI. Para além dos problemas referidos anteriormente no comércio da carne no Norte da Europa, a lenta reabertura da restauração na Alemanha também é mais um efeito negativo que contribui para que o comércio de carne não tenha um bom desempenho.

Na Holanda a cotação desceu 0,05€/kg carcaça para 1,59€/kg carcaça. Os porcos são escoados sem atrasos. A oferta não é elevada e os pesos de abate têm vindo a baixar. NA Holanda espera-se que a oferta continue a vir a menos já que se começa a fazer sentir a redução dos efectivos devido às explorações que já deixaram a actividade.

Na Bélgica a cotação manteve-se em 0,93€/kg PV.

Na Dinamarca a cotação desceu 0,05€/kg carcaça para 1,44€/kg carcaça. O mercado interno está estagnado porque não há verão na Dinamarca e os consumos ressentem-se. No que diz respeito à exportação para Países Terceiros, O mercado está estagnado e lento, mas já foi dado um ligeiro sinal de estabilidade.

Em França a cotação desceu 0,101€/kg carcaça para se situar em 1,379€/kg carcaça. Os pesos baixaram 350g para os 94,65kg, e estão 350g abaixo dos pesos do ano passado na mesma semana. As necessidades de abastecimento dos matadouros são limitadas e o mercado tem porcos suficientes para o abastecer. Veremos que impacto terá o feriado de 14 de Julho no aumento da oferta de porcos para abate até final do mês até porque se mantém a fraca venda de carne que já vem de há umas semanas a esta parte, desaceleração das vendas para a China e a forte concorrência da carne europeia. Tudo factores negativos para o mercado francês do porco.

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