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Efeito da imunocastração na qualidade da carcaça e da carne

Para saber como a imunização contra o factor libertador de gonadotropinas (GnRF) afectava a qualidade da carcaça e da carne, o IRTA realizou um ensaio com o abate de vários animais.

O odor sexual é um defeito sensorial de qualidade da carne caracterizado por uns odores e gostos anómalos. Até há relativamente pouco tempo este problema na maioria dos países evitava-se castrando cirurgicamente os machos. Novas tendências e regulamentações comunitárias estão a provocar mudanças muito importantes na produção suína (EFSA, 2004). Um destes pontos que é motivo de debate quotidiano é o tema do bem-estar animal e dentro deste ponto o tema da possível proibição da castração dos porcos está amplamente debatido. Por isso está-se a trabalhar em alternativas para reduzir ou evitar o odor a varrasco, uma das alternativas existentes e aprovadas na Europa desde Maio de 2009 é a imunocastração.

Com a finalidade de conhecer como a imunização contra o factor libertador de gonadotropinas (GnRF) afectava a qualidade da carcaça e da carne, realizou-se um ensaio no IRTA em que se abateram 35 animais machos inteiros (ME), 36 machos imunocastrados (MI), 24 fêmeas (HE) e 23 animais castrados cirurgicamente (MC). O ensaio realizou-se com a genética PI x (LR X DU). Os animais foram produzidos e controlados na unidade experimental (CAP) do IRTA-Monells. O abate dos animais realizou-se no matadouro experimental do IRTA-Monells, com insensibilização com C02 a 85% e seguindo o procedimento habitual. O objectivo era realizar a comparação entre os 4 sexos abatidos (média de 180 dias).

O peso vivo ao abate, à mesma idade, foi de 123,77 kg para os MI e de 111,64 kg para os ME, pesos que foram diferentes estatísticamente (p< 0,001). Os resultados mostraram que os MI se comportam como os machos inteiros até à segunda vacina e logo aumentam de peso, o equivalente em média a 12 kg cada um.

Quanto ao efeito da vacina sobre a concentração de androstenona e escatol, neste ensaio demonstra-se uma efectividade de 100%.

Na figura 1 mostram-se testículos procedentes de animales MI e ME. Observou-se uma redução média dos testículos de 57,5% com médias de 737 e de 313 g para os ME e para os MI respectivamente (tabela 1).

Figura 1. Vista geral testículos e glândulas bulbouretrais de um animal macho imunocastrado (direita) e macho inteiro (esquerda)


Observou-se, na maioria dos animais avaliados no estudo, que as diferenças entre ME e MI foram visíveis no que respeita ao tamanho dos testículos (figura 2).



Tabela 1. Médias de pesos e comprimentos dos testículos e glândulas bulbouretrais

MI ME Sign.
Peso testículos (g) 313,29 737,65 ***
Comprimento testículos (mm) 83,23 108,24 ***
Peso glândulas Bulbouretrais (g) 57,72 183,38 ***
Comprimento glândulas Bulbouretrais (mm) 87,27 133,10 ***

MI: Machos imunocastrados; ME: machos inteiros. *** :p<0.001

Figura 2. Peso de los testículos para machos enteros y machos inmunocastrados.

20110228-peso_testiculos

Por outra parte quando analisamos as correlações entre o peso vivo, peso e comprimento dos testículos e peso e comprimento das glêndulas bulbouretrais observou-se que as relações entre variáveis foram muito mais fortes nos machos inteiros em comparação com os vacinados, excepto a correlação comprimento dos testículos com o peso vivo que foi similar (0,43 e 0,44) em ambos sexos (tabela 2).

Na tabela 3 observa-se que os machos castrados (seja cirurgicamente ou imunocastrados) à mesma idade que os inteiros foram significativamente mais pesados. Por outra parte os imunocastrados foram os que tiveram menor rendimento devido, em parte, à apresentação da carcaça, que foi a mesma que um inteiro quanto a recortes de gordura na parte dos testículos. O grupo dos castrados (MC e MI) apresentaram significativamente maior espessura de gordura subcutânea e menor % de magro estimado. Sem embargo, na zona do presunto (MLOIN), os animais imunocastrados estiveram ao nível dos machos inteiros, com o que se depreende que um presunto proveniente de um macho imunocastrado será mais magro que o de um castrado cirurgicamente.

Tabela 2. Correlações para os machos inteiros (ME) (esquerda) e machos imunocastrados (MI) (direita).

ME/MI Peso testículos

Comprimento testículos

Peso glând. bulbouretrais Comprim. gland. bulbouretrais
Peso T. 1 - - -
Comprimento T 0,72/0,53 1 - -
Peso G. B. 0,45/ns ns/ns 1 -
Comprimento G.B. 0,38/ns ns/ns 0,69/0,51 1
Peso vivo (kg) 0,38/ns 0,44/0,43 ns/ns ns/ns

G.B. Glândulas Bulbouretrali

Tabela 3. Efeito do sexo nas variáveis de qualidade da carcaça.

MC
MI
ME
HE
Sig.
Peso vivo (kg) 120,96a 123,77a 111,64b 107,92b ***
Peso Carcaça (kg) 97,68a 97,09a 89,08b 87,41b ***
Rendimento (%) 80,76a 78,65c 79,81b 81,02a ***
MLOIN 20.10a 15.75b 10.02c 14.17b ***
LR3/4 FOM (mm) 20,47a 19,68a 15,21b 16,06b ***
% Magro FOM 53,05b 53,66b 57,10a 56,89a ***

MLOIN: medidas de espessura de gordura com régua no presunto; LR3/4 FOM: Medição de espessura de gordura com o Fat-o-Meat’er.*** :P<0.001

Em relação à qualidade da carne (tabela 4) não se observaram diferenças significativas (p>0.05) entre sexos, excepto para a gordura intramuscular (GRINSM), em que os machos castrados tiveram significativamente maior % que os machos inteiros enquanto que os imunocastrados ficaram no meio.

Tabela 4. Efeito do sexo nas variáveis de qualidade da carne.

MC
MI
ME
HE
Sig.
pH45LT 6,29 6,27 6,26 6,25 NS
pH24LT 5,49 5,47 5,49 5,47 NS
Cor escala japonesa 2.8 2.8 2.9 2.9 NS
GRIN SM (%) 2,47a 2,07ab 1,84b 1,72b ***

GRINSM: % gordura intramuscular. LT: Longissimus thoracis; SM: Semimembranosus.
***:P<0.001


CONCLUSÕES


A imunocastração pode ser uma alternativa viável para a eliminação do odor sexual, como substituição à castração cirúrgica.

A imunocastração produz carcaças mais parecidas aos machos castrados cirurgicamente na zona dorsal enquanto que na parte do presunto são mais parecidos às fêmeas. A imunocastração não tem efeito sobre a qualidade da carne excepto na gordura intramuscular que tende a aumentar a que tem o macho inteiro.

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