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Aumenta a procura, diminui a oferta, porcos mais leves e a cotação…..mantém!

Apesar desta conjuntura altamente favorável para o aumento das cotações em Portugal, estas mantiveram-se no início de Agosto.

14 de Agosto de 2020

A primeira quinzena de Agosto foi caracterizada por um aumento na procura de porcos para abate por parte dos matadouros portugueses, mas como já é habitual nesta altura do ano, os produtores têm menos porcos e, devido ao calor, os porcos crescem menos e, por isso, estão leves. Apesar desta conjuntura altamente favorável para o aumento das cotações em Portugal, estas mantiveram-se no início de Agosto. Creio que se perdeu uma boa oportunidade para poder aumentar o preço dos porcos e o preço da carne aproveitando esta “onda”.

Nos restantes países europeus, as cotações também se mantiveram em todos eles. Cada mercado procura o seu equilíbrio e o equilíbrio com os mercados vizinhos e com os mercados mundiais.

Não nos devemos esquecer que, semanalmente, há matadouros que encerram temporariamente devido ao aparecimento de casos de COVID-19. O último caso ocorreu na Dinamarca onde um matadouro da Danish Crown teve que encerrar e os porcos que nele eram abatidos foram desviados para outros matadouros da mesma empresa.

Também não podemos desligar o aparecimento destes casos de COVID-19 a maiores dificuldades na exportação de carne de porco para a China, visto que os chineses proíbem o envio de carne de porco e miudezas de matadouros com casos positivos.

Segundo os dados publicados pela Comissão Europeia, as importações da China nos primeiros 6 meses de 2020 já superam o total das importações de todo o ano 2019. No 1º semestre de 2020 a China importou 2 120 000 tons de carne de porco (em todo o 2019 foram 2 003 000 tons).

No 1º semestre, Portugal foi o 15º maior fornecedor de carne de porco à China, com um total de 6598 tons (+561%) em relação ao mesmo período de 2019. O maior exportador para a China foram os Estados Unidos, com 408 mil tons de carne a que se juntam 130 mil tons de miudezas, seguidos pela Espanha com 371 mil tons de carne e 103 mil tons de miudezas e pela Alemanha com 294 mil tons de carne e 107 mil tons de miudezas. No quarto lugar aparece o Brasil com exportações de 188,5 mil tons de carne.

Nas exportações portuguesas de carne de porco também há a destacar o 14º lugar ocupado nas exportações para o Japão no 1º semestre de 2020 com 722 tons (+32% que no mesmo período em 2019). O maior exportador para o Japão também são os Estados Unidos com um volume de 209 mil tons, seguidos pelo Canadá com 200 mil tons, pela Espanha com 61 mil tons e pelo México com 60 mil tons.

É de notar que a Espanha ultrapassou a Alemanha e a Dinamarca como maior exportador europeu de carne de porco e seus derivados para Países Terceiros. Neste momento as exportações espanholas são 54% para o mercado interno da U.E. e 46% para Países Terceiros, quando em 2019 essa proporção era de 62-38%. Cada vez mais o mercado espanhol de “vira” para as exportações para fora da U.E. o que é bem demonstrativo da dinâmica e da estratégia adoptada pelos espanhóis no que tange à Fileira Suinícola.

Em Espanha a cotação manteve-se em 1,30€/kg PV (1,733€/kg carcaça). Os pesos voltaram a descer cerca de 1kg e, pela primeira vez este ano, estão abaixo dos 3kg acima dos pesos do ano passado na mesma altura. Tal como em Portugal, o calor (e em Espanha tem sido mesmo muito o calor que se tem feito sentir) tem reduzido o crescimento dos porcos e a que se deve juntar a menor oferta devido a menos entadas de leitões para engorda há 4 meses atrás. Em Abril foi quando não se conseguiam vender leitões para engorda devido às incertezas da pandemia de COVID-19. Esta menor entrada de leitões para engorda está a reflectir-se agora numa menor oferta de porcos para abate.

Na Alemanha a cotação voltou a manter na 1ª quinzena de Agosto em 1,47€/kg carcaça. O peso médio subiu 400g para os 97,9kg. O matadouro da Tonnies-Rheda está a voltar, a pouco e pouco, à sua normalidade. Esta é uma boa notícia visto que este matadouro abates cerca de 125 mil porcos por semana. Em todo o caso, demorará algumas semanas até que se regularizem todos os atrasos de porcos que se foram acumulando durantes as semanas em que este matadouro esteve fechado. A oferta de porcos continua a ser grande e os pesos também são altos. Isto também se deve às limitações de movimentos que existem para os trabalhadores dos países do Leste da Europa que diariamente cruzam a fronteira alemã para irem trabalhar nos matadouros alemães. Uma limitação nos movimentos implica menos gente a trabalhar e a consequente redução da actividade destas unidades de abate e de desmancha.

Na Holanda a cotação manteve-se em 1,47€/kg carcaça. O mercado holandês mostra-se mais optimista neste início de Agosto tendo havido até intenções de subir a cotação, o que acabou por não ser possível. As restrições impostas aos matadouros devido ao coronavírus trazem algumas dificuldades ao ritmo de abates e aos volumes abatidos, o que é um dado negativo para a fluidez do mercado holandês.

Na Bélgica a cotação subiu 0,02€/kg PV para 0,96€/kg.

Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,41€/kg carcaça. O mercado pauta-se pela estabilidade. As exportações para a China continuam em níveis elevados, mas a desvalorização do dólar americano traz maiores dificuldades às exportações europeias.

Em França, após 5 semanas consecutivas sem alteração da cotação, esta subiu muito ligeiramente 0,002€/kg carcaça para 1,295/kg carcaça. Os pesos baixaram 200g para 95,2kg (mais 1,8kg que na mesma semana de 2019). Há grande equilíbrio entre a oferta e a procura apesar de o nível dos abates, neste início de Agosto, ser algo superior ao do final de Julho.

O mercado europeu vai-se mantendo estável conforme vai correndo o Verão. Será crucial para o mercado do porco Europeu o que vier a ocorrer ao nível das exportações para a China no que resta de ano. Não se prevê que estas se reduzam, bem pelo contrário, mas a concorrência com os Estados Unidos e do Brasil será feroz. O bom desempenho do mercado do porco europeu também irá depender da evolução da pandemia na Europa e do maior ou menor número de infectados que trabalhem nos matadouros e nas salas de desmancha um pouco por toda a Europa.

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