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31 de Julho de 2025
A cotação dos porcos em Portugal baixou 0,05€/kg carcaça na Bolsa do Porco, na segunda quinzena de Julho, em 2,542€/kg carcaça. Os porcos de abate estão com pesos baixos e com tendência em continuarem a descer, em função de uma menor oferta absoluta e das elevadas temperaturas que atrasam o crescimento dos porcos.
Apesar deste comportamento do mercado (o mesmo ocorre em Espanha, como veremos mais adiante), que deveria levar a uma subida da cotação, o que é verdade é que a cotação desceu e porquê? Porque as fortes de descidas, das semanas anteriores, nos mercados do Norte da Europa arrastaram as cotações de Espanha e de Portugal.
Em Espanha os pesos, quer dos porcos vivos quer em carcaça, estão abaixo dos 88kg em carcaça, o que não acontecia desde 2023. Segundo a informação de Lérida, os pesos estão 1,7Kg mais leves em carcaça e 3kg mais leve em PV do que estavam nesta mesma semana do ano passado.
Se há este volume de descida de peso, que é um claro sinal de que existe menos oferta de porcos para abate do que a procura destes por parte dos matadouros, então porque baixa a cotação?
Porque a descida de 15 cêntimos na Alemanha, há 3 semanas, tornou o preço da carne alemã altamente competitiva no mercado interno da U.E. e “rouba” espaço à carne espanhola, até porque os países vizinhos da Alemanha (Dinamarca, Países Baixos e Bélgica) também têm a sua carne a preços muito competitivos e, neste caso, não só no mercado interno da U.E. como nos mercados de Países Terceiros.
Se pensarmos nas vendas de carne europeia para Países Terceiros, as vendas para a China estão muito baixas e para os restantes países do Sudeste Asiático, temos de contar com a forte concorrência da carne de porco brasileira a preços muitíssimo baixos, o que ainda dificulta mais a colocação da carne espanhola, a que se junta uma relação euro/dólar que penaliza os preços da carne da U.E..
A juntar “à festa” temos a assinatura do Acordo U.E.-EUA sobre a aplicação de tarifas aduaneiras de 15% sobre os produtos da U.E. que entrem nos EUA. Como a U.E. vende cerca de 100 mil toneladas anuais de carne de porco aos EUA, veremos em que medida esta tarifa poderá prejudicar estes envios. Teremos de aguardar para ver os resultados e teremos que aguardar, porque é bem possível que estas tarifas sejam temporárias. Com a frequência com que Donald Trump muda de opinião, não sabemos se dentro de um par de meses a Administração Trump não pressione para aumentar o valor das tarifas aduaneiras!
Este foi o argumento utilizado pelos matadouros espanhóis para pressionar uma descida da cotação em Lérida: conseguirem ter preços para conseguirem vender a sua carne nos mais diferentes mercados. Para além disso, os matadouros em Espanha estão a reduzir 1 dia de abates por semana e, ainda, estão a reduzir o número de horas de trabalho nesses 4 dias em que estão a abater. Esta redução, temporária, deverá durar até meados ou finais de Agosto.
No que diz respeito ao mercado alemão, há uma perspectiva de estabilidade das cotações, pelo menos, até meio de Agosto. Daí em diante, não há garantias de que a cotação não possa descer. Em todo o caso, os produtores entendem que a descida de 15 cêntimos foi excessiva e que o mercado não necessitava de uma descida tão acentuada. Por isso, há alguma expectativa para ver como se comporta o mercado na Alemanha na segunda metade de Agosto. Tudo o que a Alemanha faça, Alemanha que é a locomotiva da Europa, reflecte-se nos países vizinhos e, posteriormente, nos mercados dos países do Sul. Por isso, seria bom que não houvesse grandes mexidas no mercado alemão dentro de 3-4 semanas.
Apesar das queixas de toda a indústria europeia de que vende mal a carne, os porcos vendem-se todos sem problemas e, por isso, os produtores têm muito mais dificuldades em aceitar estas descidas.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação desceu 0,037€/kg PV (-0,049€/kg carcaça) para 1,778€/kg PV na segunda metade de Julho (2,371€/kg carcaça). Os pesos apresentaram uma forte e significativa descida, tal como indiquei acima.
Na Alemanha a cotação manteve-se em 1,95€/kg carcaça na segunda quinzena de Julho.Os pesos em carcaça encontram-se nos 97,4kg não tendo sofrido qualquer alteração em relação à quinzena anterior. A oferta de suínos para abate mantém-se limitada, mas suficiente face à baixa procura, típica do período de verão. A actividade nas indústrias de carne está em declínio, enquanto certos cortes, como o lombo, estão a ter dificuldades em ser vendidos. As importações baratas estão a prejudicar os produtos locais.
Nos Países Baixos a cotação desceu 0,04€/carcaça para 1,80€/kg carcaça na segunda quinzena de Julho.
Na Bélgica a cotação manteve-se em 1,34€/kg PV na segunda quinzena de Julho. Os preços dos porcos e da carne permaneceram estáveis. Os pesos continuaram a descer acentuadamente, com uma diferença de 500 g em relação ao ano passado. A actividade de abate manteve-se em torno da média anual. O mercado mantém-se, em geral, equilibrado, apesar dos pesos baixos.
Na Dinamarca a cotação manteve-se em 1,80€/kg carcaça na segunda quinzena de Julho.
Em França, a cotação desceu 0,028€/kg carcaça para 1,868€/kg carcaça na segunda metade de Julho. Em virtude do feriado de 14 de Julho, que implicou um dia a menos de abate, os pesos subiram 0.5kg para 95,5kg, e continuam com peso abaixo do peso de 2024, no caso menos 300g abaixo. Embora os volumes desta semana não compensem a perda de atividade relacionada com o dia 14 de julho, os abates mantêm-se superiores aos da mesma semana em 2024.
