17 de Julho de 2025
A cotação dos porcos em Portugal manteve-se, na Bolsa do Porco na primeira metade de Julho, em 2,592€/kg carcaça. Tal como questionei no meu comentário anterior, será que já atingimos o topo da cotação?

Todos os indicadores apontam para isso, até porque, nestas últimas 2-3 semanas, houve fortes descidas nas cotações dos mercados do Norte da Europa, principalmente na Alemanha, que é um forte concorrente de Espanha nas vendas de carne, no mercado interno da U.E., e este comportamento impede novas subidas nos mercados do Sul, sob pena de a sua carne perder toda a competitividade e não conseguir ser vendida nas quantidades que o mercado necessita. Há que lhe juntar uma cada vez maior dificuldade em conseguir vender carne de porco europeia para mercados de Países Terceiros, que têm tido a forte concorrência da carne de porco brasileira, a preços mais baixos.
Em Portugal, a indústria queixa-se da dificuldade que há em conseguir colocar carne a preços que libertem a margem que as empresas precisam, mas a oferta de porcos é escassa e ainda é mais escassa devido ao calor que se tem feito sentir, que reduz o crescimento dos porcos e, consequentemente, a sua oferta para abate.
Em Espanha passa-se precisamente o mesmo, com a indicação, por parte da Mercolérida, de que os pesos estão a baixar cerca de 1kg por semana. Ou seja, os matadouros podem até tentar fazer pressão para que haja algum reajustamento das cotações dos porcos, mas os produtores, com a redução da oferta de porcos para abate, não estão pelos ajustes e esse “braço de ferro” tem conseguido manter a cotação dos porcos nestas últimas semanas. Para se ter uma noção mais exacta, e segundo a informação do Mercolérida, desde início de Julho os pesos caíram cerca de 5,8kg em carcaça, sendo que, dessa descida, 3,8kg foi a redução nas últimas 3 semanas. Significativo, portanto!
E todas as estas vicissitudes do mercado espanhol, que acaba por influenciar fortemente o português, têm sido suficientes para responder à forte descida de 15 cêntimos do mercado alemão.
Em todo o caso, os matadouros espanhóis têm dado indicações de que irão reduzir os abates nas próximas semanas. Veremos se a redução dos abates influenciará a evolução das cotações ou se, pelo contrário, “encaixam” na redução da oferta por parte dos produtores e a cotação se mantém.
No que diz respeito à evolução das cotações europeias do porco, em Espanha a cotação manteve-se em 1,815€/kg PV na primeira metade de Julho (2,420€/kg carcaça). Os pesos apresentaram uma forte e significativa descida, tal como indiquei acima.
Na Alemanha a cotação baixou 0,15€/kg carcaça na primeira quinzena de Julho para 1,95€/kg carcaça. Os pesos em carcaça encontram-se nos 97,4kg e baixaram 100g em relação à quinzena anterior. Após a queda acentuada da cotação dos porcos, o mercado alemão de carne de porco recuperou o equilíbrio: a oferta mantém-se controlável e as vendas progridem sem problemas. O preço estabilizou nos 1,95 €/kg. Apesar da queda, a procura mantém-se moderada. O mercado europeu continua instável, com uma oferta limitada e uma procura frágil.
Nos Países Baixos a cotação desceu 0,20€/carcaça para 1,84€/kg carcaça na primeira quinzena de Julho.
Na Bélgica a cotação baixou 0,18€/kg PV para 1,34€/kg PV na primeira quinzena de Julho. Na Bélgica, os preços continuaram a cair, ainda penalizados por um mercado de carne fraco. Os matadouros, no entanto, aumentaram 2% os abates, devido a um efeito de antecipação associado à descida dos preços. Os pesos de abate continuaram a descer.
Na Dinamarca a cotação desceu 0,16€/kg carcaça na primeira quinzena de Julho para 1,80€/kg carcaça.
Em França, a cotação subiu 0,026€/kg carcaça para 1,896€/kg carcaça na primeira metade de Julho. Os pesos baixaram 1,3kg para 95kg, e estão, pela primeira vez em muito tempo, com um peso abaixo do peso de 2024, nesta mesma semana, no caso 700g abaixo. Com o número de suínos abatidos quase idêntico ao da semana anterior, a actividade de abate continua o seu ritmo, num nível superior ao observado em 2024. A escassez de oferta é confirmada pelos dados do mercado, nomeadamente por uma descida acentuada do peso médio de abate.