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Sistema imunitário e imunidade no porco: a pele

A pele é a primeira linha defensiva, já que é o maior orgão do corpo...

Representa um sistema coordenado em que a barreira física, composta pelo epitélio, as células imunitárias residentes, o microambiente local e o seu microbioma, trabalham juntos para manter a homeostase do corpo.

A pele é composta por três camadas principais e por anexos que incluem folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas (figura 1):

  1. A epiderme (20-26 μm de espessura), primeira barreira externa, onde a descamação contínua de queratinócitos, a dessecação e o pH baixo, o sebo, os ácidos gordos e as bactérias comensais (até 1012microorganismos/m2), garantem a sua integridade e dificultam a penetração por parte dos agentes patogénicos;
  2. A derme composta por alguns fibroblastos, fibras de colágeno e elastina, contém sangue, vasos linfáticos e células do sistema imunitário inato e adquirido;
  3. A hipoderme, composta por uma camada gorda subepidérmica, com alguns vasos sanguíneos e linfáticos;
Figura 1. Esquema das camadas da pele.
Figura 1. Esquema das camadas da pele.

Estas camadas estão estreitamente unidas e formam uma barreira que varia de 50 a 120 μm, dependendo da localização no corpo: nas virilhas e axilas são mais finas que nas outras partes do corpo.

Componentes imunológicos da epiderme

Os queratinócitos são as primeiras células defensivas que expressam uma ampla gama de PRR (Pathogen Recognition Receptors) como TLR (TLR-1, TLR-2, TLR-4, TLR-5 e TLR-6) e lectinas de tipo c. Também segregam uma ampla gama de citoquinas pró-inflamatórias e péptidos antimicrobianos (AMP). De facto, os queratinócitos podem reconhecer PAMP (Pathogen Molecular Pattern) mediante PPR e desencadear inflamação, segregando interleucinas (IL-1), IFN, citoquinas, factores de crescimento, quimiocinas, defensinas. Também podem expressar MHCII e apresentar antigénios.

O antigénio preso na superfície é capturado e internalizado pelas células de Langerhans (CL), um subconjunto especial de células dendríticas epidérmicas localizadas entre os queratinócitos da camada basal e o estrato espinoso. As CL processam o antigénio e apresentam-no às células T auxiliares próximas. Na epiderme suína, as CL têm uma morfologia típica de células dendríticas (CD) e expressam moléculas de MHCII e moléculas de superfície como CD1, CD172 e CD207.

As CL epidérmicas também são necessárias para manter uma resposta citotóxica eficiente e para a diferenciação de Th17 desencadeada pela secreção de IL-6, IL-1β e IL-23. No porco, 50-70% das células dendríticas da pele são CL.

A epiderme suína também contém um pequeno número de células γδT, a maioria das quais são células T de memória citotóxica a longo prazo, residentes na pele. Algumas destas células, quando activadas, podem matar directamente os queratinócitos infectados e recrutar outras células.

As imunoglobulinas podem atravessar a pele através de transudação e as IgG1, IgG2 e IgA também podem ser sintetizadas localmente.

Vídeo 1. Resposta imunitária da pele.

Componentes imunológicos da derme

As células dendríticas CD1+ representam as células imunitárias dominantes e mais importantes da derme. Um sub-conjunto destas células (células dendríticas dérmicas) pode apresentar o antigénio e induzir a resposta primária das células T no gânglio linfático, enquanto que outro sub-conjunto (células dendríticas plasmocitóides) especializa-se na produção de uma grande quantidade de interferón tipo I em resposta ao reconhecimento de ácidos nucleicos virais.

A derme contém uma grande quantidade de linfócitos que está estimada como sendo superior ao número de células na circulação sanguínea. As células T estão dirigidas à derme pelo antigénio leucocitário cutâneo (CLA- cutaneous leukocyte antigen). Os principais sub-conjuntos de células T são CD4+, Th1, Th2 e Th17.

Foi identificado um sub-conjunto de células T circulantes, que são dirigidas à pele e produzem IL-22, sendo capazes de manter a função de barreira em superfícies expostas do corpo.

Os macrófagos (CD14+) são raros na derme, mas os monócitos, que se diferenciam rapidamente em macrófagos, são eficazmente recrutados depois de se produzir uma lesão ou a inflamação.

Na derme também há células natural killers (NK) que eliminam células infectadas por vírus e células cancerosas com uma citotoxicidade não restringida por MHC (Major histocompatibility complex). As NK são activadas por interferones ou outras citoquinas libertadas por macrófagos ou queratinócitos. As células NK expressam receptores inibidores (KIR- killer cell immunoglobuline-like receptor) que reconhecem o MHC-I e evitam ataques indesejados sobre o próprio organismo. Podem matar as células diana através da via perforin-granzima.

Os mastócitos (MC) também são células importantes implicadas na inflamação em resposta aos agentes patogénicos. Os MC agem como células centinelas capazes de reconhecer sinais de perigo através de TLR e libertam rapidamente mediadores da inflamação tais como a histamina, leucotrienos, prostaglandina, citoquinas pro-inflamatórias e imunomoduladoras (IL-1, IL-3, Il-5, IL-6, GM -CSF, IL-4, IL-10, IL-13) e muitas quimiocinas. Esta actividade pode ser induzida por diferentes estímulos inflamatórios dependentes de IgE e não dependentes de IgE. Os mastócitos também podem funcionar como células apresentadoras de antigénio MHC II restringidas e expressam moléculas específicas (B7-1, B7-2, CD40) para a activação dos linfócitos T.

Os produtos procedentes de parasitas e bactérias podem ser internalizados e processados pelos mastócitos e depois apresentados aos linfócitos T.

Em concreto, durante as reacções de hipersensibilidade de tipo I (alergia) os mastócitos participam na resposta inflamatória, libertando mediadores quando as IgE específicas do alergénio unidas a receptores de imunoglobulina E de alta afinidade (FcεRI) na sua superfície celular, reagem a uma segunda exposição ao mesmo alergénio.

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