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Mercado do porco na Alemanha em Outubro: queda acentuada dos preços deixa produtores em dificuldades

A curto prazo, a perspectiva mantém-se moderada; a médio prazo, uma menor oferta de animais vivos poderá permitir que os preços, pelo menos, se mantenham estáveis.

Outubro abalou o mercado da carne de porco na Alemanha, que finalmente encontrou uma frágil estabilidade a um nível mais baixo. No início do mês, os preços mantiveram-se estáveis ​​nos 1,85 €/kg, sustentados pela expectativa de equilíbrio entre a oferta e a procura. No entanto, o cenário mudou repentinamente: em poucos dias, os preços desceram para 1,70 €/kg, marcando uma ruptura brusca no mercado. As causas foram a acumulação de porcos prontos para abate após o feriado nacional, a fraca procura dos matadouros e a pressão do panorama europeu. Os grandes matadouros mostraram as suas margens reduzidas e uma estrutura interna de preços mais frágil. Esta combinação de excesso de oferta e procura contida desencadeou a correcção.

Após a descida, a situação caminhou gradualmente para o equilíbrio. No final do mês, os relatórios pintavam um quadro mais organizado, com a oferta e a capacidade de abate novamente alinhadas. Os preços permaneceram na extremidade inferior do espectro, com apenas alguns sinais isolados de força. O mercado não estava optimista, mas era controlável. A conclusão era clara: após o forte impacto, o sector precisava, principalmente, de tempo para eliminar os estrangulamentos e repor o fluxo normal de animais e de carne.

As porcas de refugo também sofreram pressão em Outubro. Os matadouros relataram uma ampla disponibilidade para abate e reduziram os seus preços de compra, reforçando a sensação de um mercado tenso em toda a cadeia de abastecimento, e não apenas nos porcos de engorda. Os preços dos leitões também caíram significativamente, uma vez que a fraca procura coincidiu com a oferta abundante. Para os produtores que só fazem engorda, isto significou preços de compra mais baixos, mas para os produtores de leitões representou um encargo adicional.

No âmbito político, o mês foi tudo menos tranquilo. Uma coligação de associações agrícolas apresentou uma proposta conjunta para rever a Lei de Rotulagem de Produtos Pecuários, que recebeu uma ampla aprovação. A proposta assenta em cinco pilares: integrar os sistemas de rotulagem privada existentes, alargar a obrigatoriedade da rotulagem ao sector da restauração, incluir o tipo de alojamento, incorporar produtos importados e definir com maior precisão os termos legais, permitindo uma reclassificação completa para uma categoria inferior quando os requisitos estabelecidos não são cumpridos. A mensagem foi clara: em vez de criar nova burocracia, o plano visa aproveitar os sistemas existentes, de uma forma mais rápida, prática e amplamente aceite. Ao mesmo tempo, as associações insistiram que a versão actual da lei não pode ser implementada como previsto.

Outra medida política trouxe algum alívio: Berlim anunciou o alargamento do prazo de candidatura ao programa federal de apoio à conversão de instalações pecuárias. Isto proporciona um fôlego às explorações que já planeiam conversões, mas não elimina a necessidade de programas de monitorização simplificados a nível estadual. Em particular, as explorações de reprodutoras necessitam de mecanismos fiáveis ​​para evitar que os planos de investimento fiquem presos à burocracia, um ponto que os representantes do sector têm enfatizado repetidamente.

Estruturalmente, o mercado manteve-se dinâmico. Após a saída da Vion do sector de abate na Alemanha, os sinais de novas mudanças tornaram-se evidentes. Está a ser preparado um segundo turno na fábrica de Tönnies, em Weißenfels, enquanto a fábrica de Perleberg está a desaparecer do mercado. Para muitos produtores no leste da Alemanha, isto significa menos compradores e rotas de transporte mais longas para os matadouros. Embora a capacidade possa ser redistribuída, a concentração está claramente a aumentar e a transformar o panorama da comercialização de carne de porco na Alemanha.

A nível internacional, duas forças opostas moldaram o cenário. Por um lado, as tarifas anti-dumping chinesas prejudicaram as exportações europeias, pressionando o mercado da carne de porco da UE e provocando uma queda ou estagnação dos preços em vários países. A Espanha foi particularmente afectada. Por outro lado, houve um impulso positivo vindo da Ásia: no final de Outubro, a Coreia do Sul reabriu o seu mercado à carne de porco alemã. O país é um grande comprador de cortes específicos, e o sector respirou de alívio. A combinação da desaceleração do mercado chinês com as novas oportunidades na Coreia do Sul resume bem a situação: não é animadora, mas pelo menos oferece um vislumbre de esperança.

O que significa para as perspectivas?

Ao que tudo indica, a oferta de porcos para abate vai manter-se limitada nas próximas semanas. A queda das importações de leitões este ano está a ter um efeito retardado e poderá atenuar o habitual aumento sazonal da oferta. Isto aumenta a probabilidade de os actuais níveis de preços não descerem ainda mais, mas servirem, em vez disso, de base para uma estabilização gradual. Quanto à procura, muito dependerá da forma como as vendas de carne se desenvolverão no final do ano e se os produtos frescos serão distribuídos mais rapidamente através dos canais de retalho. As exportações para a Coreia do Sul podem impulsionar o mercado, principalmente aliviando a pressão sobre o mercado da entremeada de porco. Entretanto, o mercado europeu continua bem abastecido. Outubro demonstrou a rapidez com que o sentimento do mercado pode mudar, mas também a rapidez com que a cadeia de abastecimento pode voltar a adaptar-se. No curto prazo, a perspectiva mantém-se moderada; a médio prazo, uma menor oferta de animais vivos poderá permitir que os preços, pelo menos, se mantenham estáveis.

O mercado não está isento de riscos, mas parece mais equilibrado do que em meados de Outubro. Em síntese, Outubro foi uma lição sobre como manter a calma sob pressão: primeiro a queda acentuada, depois a lenta estabilização. Para quem comercializa carne de porco na Alemanha, Novembro não promete milagres, mas oferece uma boa hipótese de estabilidade, impulsionada pela expectativa de aumento das exportações para a Coreia do Sul. No entanto, embora a Alemanha não seja directamente afectada pelas tarifas anti-dumping chinesas, uma vez que as exportações para aquele país continuam bloqueadas devido à Peste Suína Africana (PSA), é pouco provável que a enorme pressão sobre o mercado europeu de carne de porco diminua a curto prazo.

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