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Últimos acordes de uma campanha bastante atribulada

Estamos à porta de uma nova colheita e pomos em dúvidas todas as informações que dispomos

Por vezes a floresta não nos deixa ver a árvore, outras a árvore não deixa ver a floresta e algumas vezes não conseguimos ver nem a árvore nem a floresta. Filosofia aparte, estamos às portas da nova colheita e pomos em dúvida toda a informação que temos e não sabemos que decisões tomar. As razões que nos levaram a este cenário são variadas, vamos tentar esclarecê-las:

- Acabamos a campanha com stocks baixos ou que é o mesmo, armazéns vazios, e não só em Espanha mas em toda a Europa;

- Os compradores uma vez mais iniciam a campanha com os "estômagos vazios" (necessidades de compra imediatas), já que todo o mundo esperava a baixa de preços com a pressão da campanha, uma vez que os preços no mercado de futuros em nenhum momento pareceram atractivos, as compras são inexistentes;

- Como consequência das políticas de compras a cada vez mais curto prazo, e ante o diferencial de preços provocados pela nova colheita, os stocks nos portos estão a desaparecer (excepto no caso da cevada);

- A seca que afecta o centro da Europa faz com que se fale constantemente de quebra da produção na Alemanha e na França;

- Ao nível nacional (Espanha), as chuvas recentes estão a atrasar as colheitas o suficiente para que o comprador se veja obrigado a comprar mercadoria para entregas imediatas, muitas vezes sem poder discutir preço, isto leva-nos muitas vezes, como se de um barco se tratasse, ao segundo ponto...

Agora para mudar a agulha vamos enumerar alguns motivos baixistas:

- A colheita no Leste da Europa, principalmente na Rússia e Ucrânia, prevê-se que seja muito melhor que a do ano passado, o que não deve de ser muito difícil uma vez que a colheita de 2009-2010 não foi má, foi péssima, por exemplo, a Rússia estima um aumento de produção entre 30 a 35 milhões de toneladas;

- Apesar de se falar de seca no centro da Europa a redução da produção deverá ser muito compensada pelo aumento da colheita na Europa de Leste, em França fala-se de uma redução de 5 a 10%, o que não é significativo;

- A colheita no Norte de África parece bastante boa o que indica uma procura menor por parte destes países.

Neste ponto podemos enumerar os factores psicológicos que também travam a tomada de decisões:

- Se o preço da carne não sobe o mercado terá que suportar grandes tensões de liquidez a partir de Setembro, além de entrar outra vez no vermelho;

- O início da campanha com preços anormalmente altos provoca que o comerciante ou a cooperativa necessitem de muito mais capital para mover mais ou menos a mesma quantidade cereal, na actual situação de restrição de crédito é óbvio que a limitação de capital será um problema a resolver;

- Todos os compradores ainda recordam a campanha de 2008/2009, da mesma forma que agora, parecia que o mundo ia acabar, que não iria haver produção suficiente de cereais no mundo, e por isso foram feitas coberturas até Dezembro, algumas até ao mês de Março a preços bastantes altos (mais ou menos os mesmos preços de campanha que temos hoje). Nesse ano a partir do mês de Agosto quando houve confirmação das boas colheitas em todo o mundo, os preços baixaram mês a mês, chegando a diferenciais de 70?/ton.

Uma vez exposto isto, o que fazer? Entendo que o mercado deve oferecer uma oportunidade de compra que poderá ser aproveitada para cobrir pelo menos até ao mês de Outubro e até uma parte do mês de Dezembro. Então teremos de esperar pela confirmação das colheitas para tomar decisões. O que considero uma evidência é que se o mercado comprador não tomar posições e decidir fazer o mesmo que está a fazer com a soja (coberturas de 15 dias a um mês) as baixas de preço serão difíceis de acontecer.

No que ao complexo da proteína diz respeito, estamos num compasso de espera pelo menos no que ao preço se refere. Durante este último mês o preço final tem estado entre os 290-298?/ton, via bases, dólar ou futuros o preço final tem estado mais ou menos estável. Continuo a pensar que a tendência não é de alta, pelo que os preços deveriam continuar a baixar. Há no entanto que ter em conta que com a subida dos preços do girassol e da colza o consumo de farinha de soja deve aumentar, o que pode ajudar a manter os preços.

Escrito em 06/062011

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