X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

Sarna sarcóptica suína: situação actual

Hoje em dia, considera-se inaceitável a venda para vida de porcas ou varrascos com sarna.

A sarna sarcóptica é considerada a ectoparasitose de maior importância nas explorações de gado suíno, especialmente nas de produção intensiva. Isto fica a dever-se à sua distribuição cosmopolita, efeitos negativos sobre o desenvolvimento e os índices produtivos e ao seu efeito imunossupressor.

 

O agente etiológico

O agente etiológico desta doença é o Sarcoptes scabiei var. suis e o ciclo biológico requere aproximadamente 15 dias (14-21) para se completar (figura 1). A principal forma de transmissão da doença é o contacto directo entre porcos doentes e sãos e a sua difusão é favorecida pelo carácter subclínico que tem em alguns indivíduos. No entanto, o papel mais importante é desempenhado pelos animais com infecção crónica que albergam muitos ácaros no pavilhão auricular e outras áreas corporais. A infestação também pode ter origem em ácaros presentes no ambiente, já que estes podem sobreviver fora do hospedeiro durante vários dias e deslocar-se até um metro. Também foi descrita a veiculação do parasita através de utensílios de limpeza. Ainda que a prevalência dependa da zona estudada, o estrato etário ou a metodologia de diagnóstico usada, em Espanha a taxa de prevalência individual é cerca de 30% e a do rebanho 80%, considerando-se endémica em algumas regiões.

Figura 1. Ciclo biológico de Sarcoptes scabiei
Figura 1. Ciclo biológico de Sarcoptes scabiei

Formas clínicas

São descritas duas formas clínicas da sarna sarcóptica suína. A primeira é a forma alérgica ou eritematosa (figura 2a) que afecta fundamentalmente os leitões das baterias e engorda, sendo os sinais clínicos característicos o prurido e a presença de pápulas e zonas avermelhadas na pele. Estes sintomas começam depois de um periodo de incubação de 3 a 11 semanas e a sua duração varia em função das medidas higiénicas e terapêuticas adoptadas. A segunda é a forma crónica ou hiperqueratósica (também conhecida como “ronha") que afecta animais mais velhos, especialmente nas explorações com condições de maneio deficientes. As lesões típicas são crostas esbranquiçadas que contêm centenas de ácaros e se localizam no interior do pavilhão auricular, ainda que por vezes também se espalhem pelo corpo e as extremidades posteriores (figura 2b). A presença do ácaro está associada a efeitos negativos sobre a eficiência reprodutiva, o comportamento maternal da porca e a lactação, redução do índice de crescimento e do índice de conversão em leitões de engorda, exacerbação de outras doenças, diminuição do valor de mercado por depreciação da carcaça e aumento dos custos de manutenção das instalações devido aos danos causados nos equipamentos pelos animais quando se coçam. Como consequência do stress e do incómodo dos porcos, os parâmetros produtivos são afectados, com aumentos do índice de conversão e diminuições do ganho médio diário que podem chegar aos 10%. Se não for controlado, pode ser causador de importantes perdas económicas devido à elevada morbilidade.

Figura 2. Forma alérgica ou eritematosa (pápulas e zonas avermelhadas na pele) (a) e forma crónica ou hiperqueratósica (b).
Figura 2. Forma alérgica ou eritematosa (pápulas e zonas avermelhadas na pele) (a) e forma crónica ou hiperqueratósica (b).

 

Diagnóstico

O diagnóstico da sarna suína não é fácil, principalmente porque a maioria dos animais estão infectados sub-clinicamente e muitas vezes não há lesões visíveis e específicas. Na exploração pode ser observado o prurido e inquietação dos animais infestados, assim como as lesões cutâneas. O diagnóstico laboratorial é decisivo e pode ser realizado através da identificação do ácaro em raspagens cutâneas e o diagnóstico serológico. Esta técnica pode ser útil para classificar uma exploração como positiva ou negativa, já que podem ser detectados animais infestados subclinicamente e com um baixo número de ácaros, analisar o estado sanitário individual dos animais de reposição durante a quarentena, testar serologicamente a eficácia de um programa de controlo ou erradicação contra a sarna e avaliar a presença de anticorpos em animais nascidos depois do começo de um programa de erradicação. Também a inspecção das carcaças no matadouro para determinar a presença de lesões papulares na pele é um método muito útil para conhecer o estado da doença numa exploração e verificar a sua evolução depois da aplicação de programas de controlo.

 

Prevenção, controlo e erradicação

A prevenção baseia-se sobretudo em impedir a entrada de animais portadores. O ideal seria submeter as porcas nulíparas adquiridas fora da exploração a testes serológicos que determinem o seu estado sanitário. Em qualquer caso, todos os animais devem ser verificados à entrada da exploração (dando especial atenção à zona das orelhas e curvilhões) e submetidos a um periodo de quarentena de cerca de 3 semanas. Se for oportuno, devem ser submetidos a tratamento acaricida. Há muitos produtos acaricidas para o controlo da doença. A eleição do fármaco adequado depende de vários factores, como o custo económico do tratamento, o tipo de instalações, a intensidade e amplitude do problema, o número de animais da exploração e, segundo o programa que pretendamos aplicar, controlo ou erradicação (Tabela 1). Nos casos das explorações de selecção (núcleos), explorações de multiplicação e centros de inseminação, é recomendável a implementação de programas de erradicação pois, hoje em dia, considera-se inaceitável a venda para vida de porcas ou varrascos com sarna.

Tabela 1. Programas de controlo e erradicação: vantagens, inconvenientes e aplicação.

Os programas de controlo procuram reduzir a maior parte das perdas atribuíveis à sarna sarcóptica através da aplicação de um tratamento etiológico e de medidas de desinfecção da exploração
Vantagens Inconvenientes Métodos Fármacos usados
- Favorecem a eliminação da sarna clínica

- Evitam a maioria dos problemas causados pela doença

- Úteis em explorações que não dispõem de meios materiais e humanos para aplicar um programa de erradicação
- Manutenção da sarna subclínica e possíveis ressurgimentos clínicos uma vez suspenso o tratamento

- Não eliminam totalmente as perdas produtivas

- Elevado custo e laboriosos na sua aplicação
- Elaboração de calendários de aplicação acaricidas Em função da sua via de aplicação:

- Pulverização (amitraz, diazinón e fosmet)

- Pour on (ivermectina, fosmet)

- Com a ração (ivermectina)

- Injectável (ivermectina, doramectina)
Programas de erradicação: procuram eliminar por completo e manter livre da presença dos ácaros da sarna, assim como das suas consequências
Vantagens Inconvenientes Métodos Fármacos usados

- Eliminam totalmente os ácaros da sarna dentro da exploração e mantém-na livre da doença

-Importante para as empresas que vendem genética

- Benéficos do ponto da ambiental e de resíduos na carcaça

- São rentáveis economicamente a longo prazo

- É preciso pessoal treinado - Aplicação de tratamentos estratégicos

-Estabelecimento de protocolos de despovoamento / repovoamento
Pour on (fosmet)
Injectável (ivermectina e doramectina)
Com a ração  (ivermectina, combinada com aplicação injectável)

Comentários ao artigo

Este espaço não é uma zona de consultas aos autores dos artigos mas sim um local de discussão aberto a todos os utilizadores de 3tres3
Insere um novo comentário

Para fazeres comentários tens que ser utilizador registado da 3tres3 e fazer login

Não estás inscrito na lista Última hora

Um boletim periódico de notícias sobre o mundo suinícola

faz login e inscreve-te na lista

Produtos relacionados na Loja Agro-Pecuária

A loja especializada em suíno
Acoselhamento e serviço técnico
Mais de 120 marcas e fabricantes
Não estás inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.pt

faz login e inscreve-te na lista