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Qual o protocolo de inseminação que me recomenda?

Continuando com a série de artigos em que o especialista em inseminação artificial e reprodução suína Javier Gil nos dá os pontos-chave sobre o maneio adequado para melhorar a fertilidade e a prolificidade, este artigo abordará os critérios a serem tidos em consideração para estabelecer um padrão de inseminação correcto.

Figura 1. Representação gráfica do reflexo de imobilidade, a ovulação e o momento óptimo de IA numa porca com um cio de 60h. 
Fonte: Carles Casanovas.
Figura 1. Representação gráfica do reflexo de imobilidade, a ovulação e o momento óptimo de IA numa porca com um cio de 60h. Fonte: Carles Casanovas.

Nas explorações, são encontrados diferentes protocolos de inseminação estabelecidos, alguns com procedimentos mais complicados (com detecção de cio e cobrição de manhã e à tarde), em comparação com outros protocolos mais simples (detecção de cio de manhã e cobrição e inseminações a cada 24 horas) e ambos os protocolos podem ser realizados fazendo a primeira inseminação no momento ou após um período de espera. Não existe uma vantagem óbvia de alguns sistemas sobre outros, pois é possível ver resultados muito bons e muito maus em explorações com qualquer tipo de protocolo.

“O melhor sistema é o que funciona”

Em muitos casos, não é o protocolo de inseminação (quando o sémen é deixado dentro da porca) que não funciona correctamente mas sim o método de inseminação (a maneira de deixar o sémen dentro da porca) o que está a causar problemas. Apenas no caso de ser feita uma análise da exploração que mostre a existência de um problema no protocolo de inseminação seria aconselhável modificar o referido padrão.

Se o sistema simples é usado numa exploração (inseminar quando é detectado cio e a cada 24 horas, enquanto a porca mostra o reflexo de imobilidade) e funciona, não deve ser alterado. No entanto, se com este sistema forem obtidos maus resultados (por exemplo, 80% de fertilidade e / ou 1 leitão a menos do que deveria), deve-se mudar para um sistema mais complexo, com inseminações de manhã e à tarde (com intervalo não inferior a 8h), que pode ser mais adequado, mas mais trabalhoso. Ao contrário, às vezes é necessário mudar o sistema da manhã e da tarde para um com intervalo de 24 horas, pois o regime de trabalho intensivo (trabalhar apenas pela manhã) torna quase impossível a inseminação com uma distância de pelo menos 8 horas entre duas inseminações, intervalo considerado necessário para que o útero volte à normalidade após a inseminação.

O sémen é viável cerca de 24 horas dentro da porca e, se for inseminado por 3 dias com intervalo de 24 horas, a probabilidade de fecundação será alta, pois há espermatozoides disponíveis durante uma percentagem muito elevada do período de cio embora, geralmente, a porca fique fertilizada apenas com uma dessas doses. Embora teoricamente seja coberto um período de 72 horas, antes da segunda e da terceira inseminação está próximo do limite da viabilidade dos espermatozóides e, portanto, de um erro.

A falha também pode ocorrer se a dose fecundante for feita algumas horas antes ou na ovulação, falhar devido ao uso de sémen em más condições ou por ter sido feita de forma incorreta e não conseguir deixar a quantidade suficiente de espermatozóides no útero.

No entanto, na inseminação manhã-tarde / tarde-manhã, os espermatozóides das doses consecutivas irão sobrepor-se no interior do útero, aumentando a probabilidade de haver espermatozóides viáveis ​​no momento da ovulação e, portanto, maior probabilidade de fecundação, evitando também o efeito de uma má inseminação ou do uso de sémen em mau estado, desde que as duas doses consecutivas não sejam do mesmo lote.

Há muitos anos que se sabe, com base em múltiplos trabalhos científicos, que a duração do cio depende do intervalo de desmame-cio (IDC) e que um IDC curto normalmente produz um cio longo e vice-versa, um IDC longo gera um cio curto. Sabe-se também que a janela de fecundação é muito mais pequena que o período de cio (momento em que a porca apresenta o reflexo de imobilidade), pois a ovulação geralmente não se inicia até o início do último terço desse período e que se produz de forma descontínua por 6-8 h, sendo a probabilidade de fecundação um pouco maior graças à viabilidade dos ovócitos, que é de mais 6 a 8 h, pelo que a janela de fecundação é de cerca de 12-16 h das 35-90h que um cio pode durar (cerca de 65h numa porca com um IDC de 4 dias), (figura 1).

Figura 1. Representação gráfica do reflexo de imobilidade, a ovulação e o momento óptimo de IA numa porca com um cio de 60h. 
Fonte: Carles Casanovas.
Figura 1. Representação gráfica do reflexo de imobilidade, a ovulação e o momento óptimo de IA numa porca com um cio de 60h. Fonte: Carles Casanovas.

Portanto assume-se que, na maioria das porcas, a inseminação durante o primeiro terço do cio não irá produzir fecundação já que a ovulação ainda está muito longe de acontecer (acima das 24h de sobrevivência dos espermatozóides), pelo que em muitas explorações de porcas brancas é aplicado um sistema de inseminação retardada com o intuito de desperdiçar o menor número possível de doses (a média de uso de doses em Espanha é de 2,7 - 2,8 por cio, quando nos países do Norte da Europa é de 1,2 - 1,8, ou seja, muitas porcas são cobertas apenas com uma dose por cio).

O protocolo de inseminação com espera, permitindo 24h para aquelas que entram no cio com um CDI curto, ou da manhã para a tarde ou da tarde para a manhã para aquelas com CDI de 5 a 6 dias, e inseminação a cada 8 / 16h, requer detecção de cio duas vezes por dia, para ter um bom controlo sobre o início do cio e um bom sistema de registo que permita aplicar a cada porca o protocolo adequado ao seu IDC.

Um bom sistema de espera adaptado a cada exploração é a forma de reduzir ao máximo o número de inseminações por cio, podendo chegar às 1,5.

Há que evitar inseminar mais de 2 vezes, o número de terceiras inseminações tem que ser inferior a 20% já que, se assim não for, isto indicaria que a detecção de cio não está a ser feita de forma correcta e/ou os registos de início de cio ou estão a ser feitas inseminações tardias, no periodo posterior à ovulação em que ainda há sintomas de cio.

O excesso de inseminações acarreta aumento nos gastos e, o que é mais importante, no volume de trabalho, podendo também produzir processos de corrimento vaginal nas porcas que recebem inseminações pós-ovulatórias.

Relativamente às novas técnicas com ecógrafos de alta definição, que são capazes de identificar o estado do ciclo da porca (pode ser realizada a inseminação pouco antes ou na ovulação), cientificamente são métodos de grande valor, mas com uma grande necessidade de qualificação da pessoa que o realiza e um alto nível de disponibilidade de pessoal, uma vez que o acompanhamento do crescimento folicular e, portanto, do momento do ciclo estral, requer várias observações diárias, o que dificulta sua implementação na exploração.

A implementação de um protocolo correcto de inseminação, bem como a realização de um método correcto de inseminação, são dois pontos essenciais para se obter uma boa fertilidade. No artigo seguinte aprofundaremos o volume e a concentração da dose seminal e sua conservação, que é de vital importância para uma correcta inseminação.

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