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Padrões de consumo e sua possível influência nos medicamentos presentes na água

Em condições de campo, ocorrem situações anómalas que podem alterar o padrão normal.

Não é raro encontrar produtores que oferecem aos porcos medicação na água de bebida apenas durante algumas horas por dia, para garantir que estão a tomar a dose correcta e que o produto está em perfeitas condições. No entanto, a altura em que a medicação é administrada depende do padrão de consumo dos porcos. O conhecimento do padrão de ingestão dos porcos será, por conseguinte, essencial para tratamentos eficazes.

Foram efectuados numerosos estudos para compreender o padrão de ingestão.

Johnson et al. (2007) avaliaram o tempo necessário para que 100% dos leitões acedessem ao bebedouro (≥ 5 seg.) pelo menos 1 vez por dia para determinar o período necessário de administração de um determinado produto. Nas suas experiências, verificaram que a melhor altura é de manhã e durante um período de cerca de 6 horas, nomeadamente das 7:00 às 13:00 (ver tabela).

Tabela 1. Percentagem de leitões que visitam o bebedouro pelo menos uma vez. Johnson, et al. (2007).

Dia Parque Nº leitões Sexo Tempo
7:00-9:00
(2 h)
7:00-11:00
(4 h)
7:00-13:00
(6 h)
1 1 23 91 96 100
2 26 100 100 100
3 23 87 100 100
4 25 92 100 100
2 5 25 100 100 100
6 24 79 100 100
7 24 96 100 100
8 26 100 100 100
Média 93,1 99,5 100

Outros investigadores (Jackson et al. 2008) procuraram determinar se era melhor submeter os animais a um período de privação de água antes da medicação. A conclusão do estudo foi que todos os leitões visitaram o bebedouro entre as 7:00 e as 13:00; por conseguinte, a retenção de água durante 15 horas para incentivar o consumo de água medicada não parece ser uma medida recomendada.

Todos os leitões visitaram o bebedouro durante o período de 6 horas. Os leitões de controlo (livre acesso à água) fizeram menos visitas totais e passaram menos tempo no bebedouro do que os leitões sujeitos a um período de privação de água.

Figura 1. Número de visitas ao bebedouro por ninhada após 15 horas de privação de água ou de acesso livre à água.
Figura 1. Número de visitas ao bebedouro por ninhada após 15 horas de privação de água ou de acesso livre à água.

Os leitões submetidos a um período de privação de água passaram mais tempo no bebedouro e visitaram-no mais vezes do que os leitões de controlo (acesso livre à água) apenas durante a primeira hora após o restabelecimento da água.

Figura 2. Duração das visitas ao bebedouro (segundos) por leite após 15 horas de privação de água ou de acesso livre à água.
Figura 2. Duração das visitas ao bebedouro (segundos) por leite após 15 horas de privação de água ou de acesso livre à água.

23% dos leitões sujeitos a um período de privação de água visitaram o bebedouro ≥ 21 vezes, em comparação com 6% do controlo (acesso livre à água). 64% dos leitões privados passaram ≥ 121 segundos no bebedouro, em comparação com 26% do controlo. O consumo de água foi maior nos leitões privados.

Figura 3. Consumo de água (litros/leitão) após 15 horas de privação ou de acesso livre à água.
Figura 3. Consumo de água (litros/leitão) após 15 horas de privação ou de acesso livre à água.

A temperatura ambiente pode afectar o padrão de consumo de água dos porcos, tendo sido encontrados dois padrões claros: um de Verão e outro de Inverno. No Verão, os porcos tendem a ser mais inactivos nas horas mais quentes, o que se reflecte no seu padrão de consumo.

Figura 4. Padrões de consumo no pavilhão de desmame-engorda e pesos entre 88-95 kg. Fonte: Brumm, M.C. 2006.
Figura 4. Padrões de consumo no pavilhão de desmame-engorda e pesos entre 88-95 kg. Fonte: Brumm, M.C. 2006.
Quando falamos de tratamento da água de bebida, pensamos quase sempre nos porcos nas fases de crescimento e engorda, mas cada vez mais é comum tratar as porcas através da água. Por conseguinte, é importante saber como é que as porcas bebem. No caso das porcas gestantes, estas bebem sempre de acordo com o seu padrão alimentar. Existem picos 2 horas após a alimentação da manhã e 1 hora após a alimentação da tarde (Olsson e Andersson, 1985). No entanto, se falarmos de porcas em lactação, o seu padrão será muito diferente. A porca em lactação consome água várias vezes durante as 24 horas, seguindo o padrão de produção de leite (Brumm, 2006).

Figura 5. Consumo de água potável por hora numa sala de partos com 24 lugares durante um período de lactação de 18 dias, com início a 5 de Março.

A quantidade de água consumida pelas porcas lactantes será variável ao longo da lactação, seguindo um padrão paralelo à produção de leite, com um pico às 3 semanas após o parto. O gráfico mostra o consumo diário de água durante 2 lactações (Brumm, 2006).

Figura 6. Consumo diário de água para 2 lactações. Fonte: Brumm, 2006.
Figura 6. Consumo diário de água para 2 lactações. Fonte: Brumm, 2006.

Como vimos, estes são os padrões normais, no entanto, em condições de campo existem situações anómalas que podem alterar o padrão normal. Avaliando quando ocorrem os consumos máximos e mínimos, podemos estimar se o que está a acontecer é normal ou não, ou seja, se existe algum factor que está a alterar o padrão normal.

Outro dos elementos a considerar é competição que existe entre leitões quando bebem. Se competirem durante o dia pela água, alguns leitões bebem quando deviam estar a dormir. Podemos ver isso neste trabalho de Bird de 2001, em que a ingestão máxima (expressa em % de consumo de água/dia) aumenta apenas no final, quando alguns leitões são retirados dos parques para reduzir a competição.

Figura 7. Em circunstâncias normais, o consumo de água concentra-se em algumas horas do dia, enquanto à noite deve ser quase nulo. Neste caso, a densidade excessiva obriga alguns porcos a beber durante a noite. Quando os porcos maiores vão para abate e a densidade começa a diminuir, o padrão normaliza-se. Fonte: Bird 2001.
Figura 7. Em circunstâncias normais, o consumo de água concentra-se em algumas horas do dia, enquanto à noite deve ser quase nulo. Neste caso, a densidade excessiva obriga alguns porcos a beber durante a noite. Quando os porcos maiores vão para abate e a densidade começa a diminuir, o padrão normaliza-se. Fonte: Bird 2001.

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