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O genoma suíno

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Graças ao trabalho de 54 grupos de investigação, liderados pelas Universidades de Edimburgo (GB), Illinois (EUA), Uppsala (Suécia) e Wageningen (Holanda) foi possível fazer a sequenciação do genoma completo do porco.

Cada porco tem cerca de 70 biliões de células, o núcleo de cada uma das quais contém 38 cromossomas. Dois dos cromossomas, chamados cromossomas sexuais, determinam, principalmente, o sexo de cada porco: dois cromossomas X darão uma fêmea enquanto que um cromossoma X e um Y darão um macho. Os 36 cromossomas restantes chamam-se autossomas. Todos os cromossomas são formados por duas cadeias de ADN enroladas helicoidalmente, formadas pela alternância de um açúcar e um grupo fosfato. Unidas aos açúcares e mantendo as duas cadeias juntas formando a dupla hélice, situam-se as bases nitrogenadas, que podem ser adenina, citosina, guanina e timina. A adenina está sempre emparelhada com a timina e a citosina com a guanina. Um gene é um fragmento específico de ADN. Simplificando, toda a informação genética codificada no ADN chama-se genoma e o primeiro rascunho do genoma do porco foi publicado em 2009.

ADN porcino

Um porco tem cerca de 70 biliões de células Cada célula contém
38 cromossomas
Cada cromossoma contém uma grande quantidade de ADN enrolado Em todo o ADN há genes específicos que controlam o rendimento, a conformação, etc

Agora, uma equipa formada por 54 grupos de investigação, liderados pelas universidades de Edimburgo (GB), Illinois (EUA), Uppsala (Suecia) e Wageningen (Holanda) sequenciou o genoma completo do porco. Os resultados foram publicados simultaneamente na Nature, na Proceedings da National Academies of Science e outras prestigiadas revistas em meados de Novembro de 2012.

Os investigadores compararam o genoma do porco doméstico com o do javali e outros ancestrais de distintas partes da Europa e Ásia. Também o compararam com o do Homem, da vaca, do cão, do cavalo e da ratazana.

Os resultados mostraram que o tamanho total do genoma do porco é de 2,8 biliões de pares de bases e contém 21.640 genes codificadores de proteínas. Isto é parecido ao que sucede noutros mamíferos, incluíndo os humanos. É interessante que a variação no genoma do porco, inclusive nas raças comerciais, é mais do dobro que nos seres humanos.

A sequência do genoma de javalis indica que tiveram origem no sudeste asiático há uns quatro milhões de anos. Os estudos encontraram diferenças significativas entre os javalis da Ásia e da Europa como resultado da sua separação de um ancestral comum há cerca de um milhão de anos. As populações Europeias e asiáticas perderam muita diversidade genética há uns 20 mil anos, provavelmente em consequência do arrefecimento global durante a última idade do gelo. As diferenças entre as duas populações reflectem-se nos genes das actuais raças comerciais de porcos Europeias e Chinesas, confirmando que os porcos se domesticaram independentemente no Oeste da Eurásia e no Extremo Oriente há uns 10 mil anos. Contudo, durante os últimos 300 anos, tem havido introgressões do genotipo asiático nos genótipos Europeus. Baseando-se nos últimos dados de sequenciação, estima-se que 35% do genoma actual das raças comerciais, amplamente baseado em genes Europeus, procede de raças asiáticas.

Variación fenotípica

M. Groenen, 2008

A domesticação comportou alterações significativas em muitos caracteres, como comportamento, rendimento reprodutivo, tamanho e forma do corpo e coloração da pele. Por exemplo, a domesticação comportou um aumento no comprimento dos porcos, tal como observou e detalhou Charles Darwin no seu livro de 1868 "A variação dos animais e plantas sob domesticação". Basicamente os porcos ficaram mais compridos porque os seus tratadores seleccionaram animais com um maior número de vértebras. Sem embargo, agora sabemos que há três genes distintos implicados: NR6A1, PLAG1 e LCORL todos procedentes do javalí Europeu.

Alguns grupos de genes, como os da imunidade e do olfacto estão mais desenvolvidos no porco que nos humanos e outros animais. Com efeito, os porcos têm um olfacto muito desenvolvido (o que permite a sua utilização para procurar trufas), e um maior número de genes activos para o reconhecimento olfativo que o resto dos animais com genoma sequenciado, incluindo os cães. Por outro lado, os porcos têm menos genes relacionados com o sabor o que lhes permite comer alimentos que nós rejeitaríamos, como restos e resíduos. Têm uma alta tolerância ao sal e ao sabor amargo e diferentes percepções com o sabor doce e umami que os humanos.

Outros estudos confirmam a idoneidade do porco para investigar a genética de doenças humanas. No total há 112 posições de ADN em que a proteína suína tem o mesmo aminoácido que a implicada nas doenças humanas como Alzheimer, diabetes, obesidade e Parkinson. Aém disso, os dados indicam que os porcos têm o dobro dos genes relacionados com o interferão que nós, o que possivelmente lhes proporciona uma maior resposta imune contra as infecções virais. Finalmente têm menos retrovirus endógenos que a maioria dos animais, o que reforça a idoneidade do porco para os estudos sobre transplantes de órgãos.

Em resumo, além de melhorar o nosso conhecimento geral sobre o porco, os novos dados sobre o genoma suíno têm implicações importantes para a sua produção comercial. Ajudarão a definir os mecanismos genéticos que permitirão a melhoria no rendimento geral, a diminuição dos custos de produção, a melhoria da qualidade e a tolerância/resistência às doenças. Os futuros programas de reprodução serão capazes de utilizar os novos conhecimentos mediante a selecção convencional e a genómica. Esta última será discutida em posteriores artigos.

Comentários ao artigo

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21-Jul-2016nataniel mouranataniel mourano porco contem 96 cromossomos,isto foi dito na escola de gnose.
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