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Há porcos a 2 euros?

Com a subida nesta quinzena a cotação da Bolsa do Porco ficou muito perto dos 2 euros por quilograma, mas será que é este o valor que os produtores recebem?

16 de Agosto de 2012

Após 7 semanas consecutivas com a mesma cotação, o preço dos porcos em Portugal subiu por duas vezes esta quinzena. O total da subida foi de 0,05€/kg, deixando a cotação da Bolsa do Porco muito perto dos 2,00€/kg (porco 57% em 1,99€/kg carcaça e o porco selecção em 2,06€/kg carcaça), coisa que já não ocorria desde o Verão de 2001. Belos tempos!

De todas as formas, e na sequência do que já afirmei de forma recorrente nos meus comentários, há alguma diferença não dispiciente entre a cotação da Bolsa do Porco e o valor realmente recebido pelos produtores. Concorrência a quanto obrigas!

O preço em Portugal acabou por subir mais do que o preço espanhol. Com efeito, em Lérida os porcos subiram apenas 0,023€/kg PV (cerca de 0,03€/kg carcaça). O preço em Espanha continua a ser o mais alto da U.E..

A Alemanha, após a espectacular subida de 0,10€/kg da quinzena alterior, voltou a subir mais 0,08€/kg nesta quinzena. A cotação alemã já se situa em 1,78€/kg carcaça, sendo a a mais alta a seguir à espanhola.

Como é usual, as subidas alemãs têm grande impacto nos mercados holandês e belga e esta quinzena não fugiu à regra. Ambos os Países tiveram subidas de 0,08€/kg carcaça ficando com cotações de 1,74€/kg e 1,76€/kg respectivamente. Ou seja, muito idênticas à cotação alemã.

Quem continua com a sua "caminha gloriosa" na subida de preços é a Dinamarca. Nesta quinzena voltou a subir 0,02€/kg carcaça. A cotação dinamarquesa é de 1,57€/kg mas não há que esquecer que os dinamarqueses recebem um valor adicional no final do ano, relativo aos resultados do matadouro onde abatem os seus porcos, e este valor é, normalmente, de 0,11-0,13€/kg carcaça. ou seja, a cotação na Dinamarca é de, aproximadamente, 1,70€/kg carcaça.

Este comportamento do preço dinamarquês é o sinal evidente que as exportações de carne de porco europeias para Países Terceiros estão a bom nível e a bom preço.

O mercado francês também acompanhou os restantes mercados da U.E. e a sua cotação subiu 0,05€/kg carcaça nesta quinzena e passou a barreira psicológica de 1,50€/kg carcaça para o porco base. Na realidade os produtores recebem cerca de 1,70€/kg pelos seus porcos, além de outras bonificações de transporte e afins.

Pois bem, o que está a influenciar estas subidas em Agosto? Sem dúvida que há maior procura de porcos do que oferta e por isso o preço sobe. Mas que factor está a desequilibrar o mercado? As exportações para Países Terceiros.

Outro dado importante para o mercado Europeu do porco está para acontecer. A Rússia preparar-se para entrar na OMC (Organização Mundial de Comércio) a partir do dia 22 de Agosto e com isto deverão deixar de existir algumas barreiras que os russos costumam impôr às importações. Sob esta perspectiva, a U.E. deverá conseguir vender mais carne de porco para aquele País e tornar ainda mais fluido o mercado interno.

Dados fornecidos pelo MPB francês relativos aos abates de porcos na Alemanha, Holanda e Bélgica nas primeiras 30 semanas do ano apresentam uma redução de 1,5 milhões de porcos abatidos a menos que no mesmo período do ano passado (-3,16%). A França também reduziu os abates em cerca de 180 mil cabeças (-1,56%). Esta redução foi compensada, em parte, pelo aumento dos abates em Espanha que em 22 semanasvabateu mais 1 milhão de porcos em em 2011 (+5,56%) e pelo Reino Unido que abateu mais 150 mil cabeças (+3,16%).

O preço das matérias-primas continua ao rubro, principalmente a soja que passou largamente o valor de 550,00€/ton. Este factor continua a ter um peso enorme no rendimento dos produtores, não lhes permitindo ter as margens positivas que anseiam de forma a poderem "tapar" prejuízos anteriores.

Veremos o que nos reserva o resto do mês de Agosto, pois se é normal e usual que a cotação dos porcos desça na segunda metade do mês, a redução da oferta de porcos em relação à procura devido à exportação para Países terceiros e a "abertura" da Rússia são factores que poderão contrariar essa tendência usual de descida de preço. Quem terá mais "força e peso" na definição das cotações: o mercado interno da U.E. ou o mercado de Países Terceiros?

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