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Doenças na Europa (II)

Bactérias: A doença bacteriana mais importante é, sem dúvida, a produzida pelo Mycoplasma hyopneumoniae. Adquire-se massivamente depois do desmame.

Bactérias:

A doença bacteriana mais importante é, sem dúvida, a produzida pelo Mycoplasma hyopneumoniae. Adquire-se massivamente depois do desmame ante a rápida (e possivelmente escassa) produção materna de anticorpos e coloniza rapidamente o pulmão provocando pneumonias do lóbulo craneal mas, o que é mais importante, coloniza o pulmão durante períodos prolongados de tempo, ilude os mecanismos imunitários e provoca disfunção da defesa ciliar e da função dos bronquíolos. Está presente por toda a Europa, excepto nas explorações SPF e, onde existe, todos os produtores devem vacinar para reduzir os efeitos imunosupressores que possui. Devemos relembrar que, se não se vacina, produz-se uma população susceptível e por isso não se deve deixar a vacinação repentinamente porque poderia produzir-se uma pneumonia enzoótica.

Pericardite e pleuresia devida a Streptococcus suis

Há estirpes constantes de Streptococcus suis, habitualmente os tipos 1 e 2 (fig. 1), por toda a Europa, mas as outras estirpes variam de um país para o outro. É provável que haja variações de estirpes pela Europa no caso de M. hyorhinis mas ainda não se decidiu se se trata ou não de um patógeno.

Actinobacillus pleuropneumoniae varia na Europa relativamente à estirpe e todos os países culpam os outros por lhes terem enviado novas estirpes com a compra de porcos vivos, porque quem pode certificar verdadeiramente que os porcos estão isentos da infecção ou da doença quando se encontram só uns poucos organismos na nasofaringe?

Todos os países têm doenças do tracto digestivo importantes como as produzidas pela Lawsonia intracellularis, Salmonelas e Brachyspira hyodysenteriae e Brachyspira pilosicoli e também é provável que haja variações de estirpes dentro de determinados países Europeus.

Em todos os casos de infecções bacterianas, a grande variação na Europa dá-se na susceptibilidade aos antibióticos, por exemplo, a CIM (concentração inibitória mínima) para APP apresenta enormes variações entre Itália, Espanha e Suiça. Podem-se ver resultados similares na CIM no caso da tiamulina, tetraciclina e tilmicosina contra a H. parasuis, respectivamente.

Recentemente aumentou muito o interesse pelas infecções de Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA), especialmente em porcos, como resultado dos estudos levados a cabo nos Países Baixos e actualmente na Bélgica, que demostraram elevados níveis de infecções, tanto em porcos como em seres humanos, associados à agricultura. De novo este organismo pode apresentar uma grande variação na Europa.

É impossível comparar números, mas na análise B-Pex dos dados de custos de produção para 2006 compilados por Tony Fowler pode-se ver que, com umas poucas excepções, os resultados de mortalidade na Europa são muito similares. Estes apresentam-se na Tabela 1.

Tabela 1: Mortalidade em porcas, mortalidade prévia ao desmame, mortalidade na recria e mortalidade na engorda em alguns Países Europeus (tudo em %):

BEL
DIN
FRA
ALE
GB
IRL
IT
NL
SUE
Mortalidade porcas
4,9
14,1
5,9
6,0
5,8
6,5
0,5
5,0
6,4
Pré-desmame
12,7
14,1
14,1
14,3
13,3
9,5
10,7
12,7
15,4
Recrias
3,9
3,2
2,3
3,0
2,5
3,3
3,3
2,0
2,7
Engorda
3,9
4,0
4,4
3,9
5,6
2,5
0,6
2,7
1,9

Os números em negrito não são coerentes e não tenho explicação para estes valores que não são similares aos resultados do resto da Europa e portanto há que supor que estão relacionados com a recolha de dados.

Conclusões:

Pode-se dizer que não há muitas doenças de recente aparição na Europa. A possível excepção seria a chegada (esperemos que não) da chamada estirpe chinesa "quente" de PRRS associada a uma mortalidade de 70-80% em porcos com menos de 17 semanas.

No resto das doenças trata-se, principalmente, da reaparição das antigas. Possivelmente, a vacinação para PCV2 será o avanço mais importante na medicina suína nos últimos 10 anos.

O PRRS continuará a ser um problema e pode requerer a erradicação como único método de controlo a longo prazo.

A constante retirada (frequentemente pelos mais inverosímeis motivos científicos) dos promotores de crescimento, e em particular a possível retirada do óxido de zinco depois do desmame, será uma restrição importante no controlo microbiano, na ausência de doenças e, portanto, na produção económica. Também se podem prever novas limitações no uso dos antimicrobianos para os tratamentos.

Além das restrições sobre o uso pode haver problemas relacionados com a resistência aos antimicrobianos já que se continuam a usar os mesmos fármacos (em 20 anos não tem havido praticamente novas moléculas de antibióticos).

Necessitamos mais vacinas para os patógenos entéricos como factor prioritário.

Stan Done. Veterinary Laboratories Agency. Reino Unido

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