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As contínuas descidas da cotação dos porcos em Portugal deixa suinicultores em situação muito difícil

Nova descida de 0,045€/kg carcaça na segunda quinzena de Novembro. São 12 semanas consecutivas em que há indicação de descida das cotações fornecida pela Bolsa do Porco.

30 de Novembro de 2015

Nova descida de 0,045€/kg carcaça na segunda quinzena de Novembro. São 12 semanas consecutivas em que há indicação de descida das cotações fornecida pela Bolsa do Porco. No total, o somatório das descidas desde que as cotações começaram a descer, a 3 de Setembro, é de 0,3125€/kg carcaça.

Ou seja, e se o preço dos porcos que é recebido pelos suinicultores “apenas” tivesse descido o montante indicado pela Bolsa do Porco, a redução de receita, para uma carcaça de 80kg de peso, seria de 25,00€ mas as descidas no mercado real foram mais acentuadas e por isso o “buraco” é ainda maior.

Apesar das descidas e dos preços muito baixos, continua a haver grandes dificuldades para os matadouros conseguirem abater todos os porcos que lhes são “oferecidos”. A juntar a esta pressão vendedora, a carne de porco vende-se mal e as temperaturas têm estado francamente boas, o que permitiu que os porcos crescessem bem, repondo peso e pressionando ainda mais a sua saída das explorações.

A situação é deveras preocupante para a produção portuguesa, já que vende porcos muito abaixo do custo de produção e não tem a noção (nem ninguém consegue fazer grandes previsões) de quando é que as descidas vão acabar e em que valor vai parar.

Na sequência de todas estas dificuldades, um grupo de suinicultores deslocou-se à Bolsa do Porco no passado dia 26 de Novembro, tendo conseguido que não se definisse uma variação de cotação a vigorar na primeira semana de Dezembro. A aguardar e acompanhar a reacção que o mercado português irá ter perante este dado novo.

Em Espanha, a cotação de Lérida também voltou a descer. Nesta quinzena a descida foi de 0,032€/kg PV, cerca -0,43€/kg carcaça, tendo-se fixado a cotação em 0,975€/kg PV (cerca de 1,30€/kg carcaça). Mesmo com algum diferencial que possa existir entre o preço de Lérida e o preço real cobrado pelos suinicultores espanhóis (e há informação que a diferença poderá ser de 0,05€/kg PV a menos que a cotação definida em Lérida), o preço real cobrado será de 0,92€/kg PV, ou seja, 1,23€/kg carcaça aproximadamente.

O mercado espanhol também tem porcos demasiadamente pesados. Aliás, segundo as informações existentes, o peso é o mais alto desde que há registo destes dados por parte da Mercolérida, peso carcaça em 86kg e peso vivo nos 112kg. Além dos pesos serem muito elevados, a oferta de porcos espanhóis para abate também é muito abundante e elevada e os matadouros estão sem capacidade para poder abater todos os porcos que lhes são oferecidos e nem pensar em abater um camião de porcos a mais porque as vendas da carne, muito fracas, não permitem escoar o que se poderia abater a mais.

As descidas dos porcos nos diversos países Europeus são como vasos comunicantes. Descem os porcos num país e todos os restantes vão atrás.

Apesar de todas estas dificuldades, as exportações de carne de porco europeia, principalmente para os mercados do Sudeste Asiático (China, Japão, Hong Kong, Coreia do Sul, Singapura) vão a muito bom ritmo e com a desvalorização do euro face ao dólar, as exportações da U.E. são ainda mais competitivas. Com a desvalorização do euro, que torna a carne da U.E. muito mais competitiva face à dos Estados Unidos, os norte-americanos baixaram o preço da sua carne de porco cerca de 10% para que os preços fiquem aproximados nos mercados internacionais.

Na Alemanha, na segunda quinzena de Novembro, a cotação também voltou a descer mais 0,08€/kg carcaça fixando-se em 1,25€/kg carcaça. Tal com a Espanha, os alemães têm dificuldade em vender a sua carne de porco, seja no mercado interno alemão seja no de exportação para outros países europeus seja para países terceiros devido à concorrência daqueles mas também dos dinamarqueses. Apesar de todas estas dificuldades, os abates na Alemanha estão acima de 1 milhão de porcos por semana nesta altura do “campeonato”, com pesos médios de carcaça a rondar os 96kg. Sim, leu bem, 96kg de carcaça.

Nesta quinzena, a Holanda baixou 0,08€/kg carcaça para 1,17€/kg carcaça, a Bélgica também desceu a sua cotação, neste caso, 0,06€PV para os 0,85€/kg PV.

A Dinamarca foi o único país da Europa que manteve a sua cotação nesta quinzena, que está fixada em 1,23€/kg carcaça.

A França, ao fim de 8 semanas sem ter negociações no MPB, voltou a negociar no dia 26 de Novembro, altura em que houve de novo negociação no MPB, e a informação transmitida foi de que tinham apresentados e negociados 25 mil porcos e que os mesmos foram vendidos a preço que foi de 1,043 e 1,088€/kg carcaça. Veremos se o regresso das negociações ao MPB é para continuar.

Tal como referi acima, a situação é muito grave para os suinicultores portugueses e toda a fileira do porco nacional. Entramos agora no mês de Dezembro que é, tradicionalmente, um dos meses em que há mais consumo de carne de porco durante todo o ano. Este dado é importante porque deveria permitir que as cotações pudessem subir ou, no mínimo, manter-se mas com o que se vai passando no mercado Europeu -aumento da oferta de porcos para abate e dificuldade em vender carne - ou a U.E. arranca rapidamente com a operação de ajudas ao armazenamento privado e a exportação de carne para países terceiros continua a aumentar ou então os preços irão continuar a descer, tornando ainda mais insustentável a situação dos produtores.

 

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