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A problemática sanitária actual nos Estados Unidos

O objectivo da produção suína nos EUA mudou nos últimos 5 anos. Muitas das empresas que pensam continuar no sector fizeram mudanças radicais no maneio.


O objectivo da produção suína nos EUA mudou nos últimos 5 anos. Muitas das empresas que pensam continuar no sector fizeram mudanças radicais no maneio tanto desde o ponto de vista reprodutivo como sanitário. Como resultado, a produção anual por fêmea aumentou significativamente~ devido a uma atenção nos programas de desenvolvimento de primíparas e maneio do efectivo reprodutor que resultou num maior número de leitões nascidos vivos. Também aumentou o peso dos animais em idade de abate resultando num aumento dos kilos totais vendidos por fêmea. Isto marcou a importância de valorizar a economia global dos sistemas de produção utilizando animais mais eficientes e enfatizando assim o valor dos índices de conversão e a velocidade de crescimento e não só o número total de leitões nascidos vivos.

Desde o ponto de vista sanitário, as empresas também melhoraram a saúde dos seus efectivos tendo-se focado principalmente no controlo de 3 doenças e na melhoria dos programas de biosegurança. As doenças virais que se consideram de maior impacto na indústria norte-americana são o circovirus porcino (PCVAD), o PRRS (síndroma respiratório e reprodutivo porcino) e o vírus da influenza suína (SIV).

Os EUA viveram nos últimos 3 anos uma epidemia de PMWS a qual foi associada em parte à introdução de novas estirpes do circovirus suíno. Esta epidemia foi primeiro caracterizada por um aumento significativo na mortalidade de animais de mais de 10 semanas de idade e também num aumento dos porcos com má condição corporal. Felizmente para o país, a presença da epidemia coincidiu com o lançamento das primeiras vacinas comerciais para circovirus suíno tipo 2 em porcos de crescimento. Estas vacinas ultrapassaram todo o tipo de expectativas e o seu efeito viu-se reflectivo na melhoria dos parâmetros produtivos a nível nacional onde se passou em 4% as expectativas do efectivo dos porcos de abate durante a temporada de inverno de 2007. As vacinas melhoraram não só os parâmetros de mortalidade como também os parâmetros de crescimento em populações que estavam afectadas sub-clínicamente. O papel sub-clínico do circovirus tipo 2 não se analisou bem até que se começou a utilizar a vacina de forma extensiva. Hoje em dia, a vacina do circovirus em animais de crescimento considera-se uma ferramenta indispensável para o produtor e o seu uso converteu-se em parte habitual dos programas vacinais.

O PRRS é, sem dúvida, a doença de maior impacto económico nos EUA. Os produtores e veterinários aprenderam a manejar a doença e em geral pode-se obter uma boa produção inclusive na presença do vírus. Contudo, o ponto que continua a descontrolar a previsbilidade na produção são as infecções laterais causadas frequentemente por estirpes novas para as quais é difícil prever a sua virulência. O inverno 2007/08, e a zona do Midwest em particular, sofreu surtos severos em muitas explorações. Na maioria dos casos tratou-se de estirpes de nova introdução para as explorações em questão. As estirpes envolvidas nos surtos, as quais causam grande número de abortos e aumentos importantes da mortalidade em porcas, leitões recém-nascidos e leitões desmamados, parecem estar relacionadas entre si e consideram-se de alta virulência e transmissibilidade. Devido a estes factos, os produtores estão a pensar seriamente em adaptar a tecnologia da filtragem do ar nos sítios 1. Evidentemente que isto tem um custo importante mas que se justifica dado o custo que tem um surto de PRRS. A tecnologia de filtragem do ar já está a funcionar de forma efectiva em muitos centros de inseminação e o desafio está agora em adaptar esta tecnologia às explorações sítio 1. Em todo o caso, cada vez há informações mais contundentes sobre a facilidade de movimento do vírus de PRRS via ar, podendo este ser detectado nas amostras de ar a distâncias superiores a 3 km (Dee, 2008, estudos recentes).

O vírus da influenza suína também passou a ter importância nos últimos anos. Desde 1999 que se observou uma mudança na epidemiologia desta doença com o aparecimento de novos sub-tipos do vírus com estirpes altamente variantes que contêm genes tanto de origem suína, como aviar ou humano. São já vários os sub-tipos que emergiram contando com variantes novas do H1N1, H3N2, H1N2 e mais recentemente H2N3. Muitas das infecções associadas a estes tipos novos de influenza consideram-se severas chegando a causar a morte tanto de fêmeas como de animais em crescimento. As vacinas comerciais não têm sido demasiado efectivas devido, em parte, ao desafio que supõe estar a lutar contra o elevado número de sub-tipos e estirpes novas. O tema da influenza é, mesmo assim, um tema sensível pelas implicações que esta tem na saúde pública.

De qualquer forma, nos últimos anos os produtores investiram quantidades substanciais de dinheiro a melhorar a biosegurança dos seus sistemas. Melhoraram-se muitas das práticas diárias de biosegurança e fizeram-se investimentos significativos na área do transporte e da formação do pessoal. Apesar de todos estes investimentos não se conseguiu parar de forma total a introdução de doenças pelo que se estão a considerar medidas mais drásticas como inclusive chegar a implementar filtros nos sítios 1.

Sem dúvida, os EUA estão a apostar na produção suína e estão-se a posicionar nos mercados de exportação pelo que o estado sanitário e a rentabilidade da sua indústria são dois pontos chave a manter no futuro.

Montserrat Torremorell. Genus/PIC. Estados Unidos

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