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Caso clínico: Mortalidade nas baterias devida a H parasuis

Os problemas de H. parasuis andam normalmente associados com S. suis e provoca elevadas taxas de mortalidade nos animais mais novos

9 Agosto 2004
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Descrição da exploração



Esta é uma exploração de 750 fêmeas no centro do México. Está localizada numa zona de baixa densidade porcina e com um sistema de produção de ciclo fechado num só sítio.

A exploração tem: 1 edifício de cobrição, 1 de gestação, e cinco salas de maternidade (4 de 32 lugares e 1 de 16, em todas se pratica o sistema tudo dentro/tudo fora), 8 salas de desmame com capacidade para 350 leitões por semana (tudo dentro/tudo fuera) e 7 salas de engorda com capacidade de 700 animais cada uma e uma sala com capacidade de 350 animais (somente se pratica o tudo fora).

A exploração recebe a reposição de um fornecedor com alto nível sanitário. A reposição é vacinada contra PRRSV, Parvovirose/Leptospirose/Erisipela, Mycoplasma hyopneumoniae (M.hyo) duas vezes durante o período de quarentena que dura de 8-10 semanas.

As doses de sémen são produzidas num centro de inseminação artificial próprio da exploração que se encontra localizado a 10 km. de distância. Todos os varrascos são livres de PRRSV, M.hyo, Aujesky, pests suína clássica e influenza.

Estatuto sanitário
PRRSV
positiva estável (i.e. parâmetros reprodutivos adequados e produz leitões negativos ao desmame)
M.hyo
positiva
Haemophilus parasuis
positiva (sem serotipificação)
Actinobacillus pleuroneumoniae
negativa
Aujesky
negativa
Peste suína clássica
negativa
Influenza
negativa


Programa de medicação e vacinação
Reprodutoras

Vacinação de rebanho duas vezes por ano contra: Parvovirus-Leptospiras-Erisipela, PRRSV, M.hyo, E. coli 3 e 5 semanas antes de parto e H. parasuis 4 semanas antes do parto.
Desmame

100 ppm de tiamulina + 600-800 ppm de oxitetraciclina dos 5 aos 15 kg. de peso



Aparecimento do caso



Depois de dois anos a ter sérios problemas de PRRS (baixa eficiência reprodutiva, alta mortalidade de leitões na maternidade 15%, baterias 10% e engorda 8%), decidiu-se vacinar de forma massiva con uma vacina viva modificada toda a exploração. Depois deste procedimento a exploração estabilizou-se e os parâmetros de produção tanto na área reprodutiva como na engorda voltaram aos parâmetros esperados.

Cerca de 3 meses depois da estabilização, iniciou-se uma mortalidade nas baterias em animais de entre 7 e 10 semanas de idade. Na primeira semana os animais morreram de forma súbita (5% de mortalidade, comparada com os 2% que se tinha desde há 10 semanas). Nenhum dos animais apresentava lesões na necropsia. Na semana seguinte continuaram as mortes súbitas mas também começaram a aparecer animais com meningites, cianoses, respiração forçada e febre (40.5-41oC) e a mortalidade elevou-se para 10% e a morbilidade começou a aumentar para 20-25% em animais de entre 5 e 10 semanas de idade. Na necropsia os animais apresentavam cianose, ligeira poliserosite, severo edema cerebral.

Durante essas duas primeiras semanas recomendou-se que se revissem as condições meio-ambientais e de maneio (temperatura, gases, correntes de ar, limpeza das salas, respeito do tudo dentro/tudo fora, etc.). Iniciaram-se os tratamentos injectáveis aos leitões que apresentavam sinais clínicos e a todos os seus companheiros de parque. O medicamento de eleição foi contra os suis: penicilina a uma dose de 50,000 UI/kg e um anti-inflamatório. Contudo, o tratamento era difícil pois muitos dos animais não apresentavam sinais clínicos antes de morrer.


Visita à exploração



No final da segunda semana, visitou-se a exploração e não se encontrou nenhuma condição anormal que desencadeasse a mortalidade. Para controlar a mortalidade recomendou-se medicar a água com amoxicilina (20mg/kg de peso), enquanto se esperavam os resultados do laboratório.

Enviaram-se leitões mortos e também animais não tratados que começavam a apresentar a sintomatologia clínica descrita. Também se enviaram amostras de soro de leitões de 3, 5, 7 e 10 semanas de idade. Dez animais por idade em "pooles" de 5 para PCR de PRRSV, pois pensou-se que a exploração tinha regressado à inestabilidade.

Resultados laboratoriais

Os resultados foram:

  • PRRSV PCR: negativo em todos os casos.
  • Bacteriologia: positiva a S. suis nos leitões mortos e negativa nos leitões vivos com sinais clínicos.


Medidas implementadas



Com o diagnóstico do laboratório e as observações de campo decidiu-se tratar o caso como se fosse S. suis. A medicação recomendada foi amoxicilina no alimento (20 mg/kg de peso) desde a entrada nas baterias (5 kg, 21-23 dias de idade e até aos 18 kg. 6-7 semanas de idade). A mortalidade deteve-se 1 semana depois de se ter dado o tratamento nos novos grupos que entravam nas baterias, mas continuou nos grupos que já estavam afectados.



Duas semanas depois, com a mortalidade novamente em 2%, decidiu-se retirar a medicação no alimento, uma semana depois disto, começou a aumentar a mortalidade mas agora nos animais de 5 semanas de idade. Nesta ocasião, as lesões observadas na necropsia sugeriam claramente a presença de H. parasuis (poliserosite marcada, pneumonia, pleurite e artrite fibrinosa). Seguindo as recomendações de um especialista em H. parasuis, enviaram-se novamente leitões para o laboratório de diagnóstico. Nesta ocasião enviaram-se leitões que só apresentavam febre. O diagnóstico foi H. parasuis em 100% dos leitões enviados.



Tratamento e evolução do caso





Devido à dificuldade que apresenta o H. parasuis para o seu isolamento e cultivo, decidiu-se vacinar em rebanho as porcas com uma vacina comercial três semanas antes do parto. Enquanto se desmamavam estes leitões, manteve-se a medicação na água e na 6 semana posterior à vacinação em rebanho esperava-se uma redução na mortalidade. Infelizmente não se viram resultados positivos para esta estratégia, já que a morbilidade e mortalidade continuaram.


Portanto optou-se por fazer o esforço de isolar, cultivar e preparar um inóculo que incluisse a estirpe patógena de H. parasuis (isolamentos de sítios sistémicos). Este inóculo deveria ser aplicado aos leitões entre os 5-7 dias de idade na maternidade. Seguindo a teoria desta estratégia todos os leitões devem colonizar-se tendo anticorpos maternos, pelo que não apresentarão sinais clínicos e ao se misturaem nas baterias não deveria haver leitões negativos e a mortalidade devia deter-se.


6 semanas após se ter iniciado esta estratégia, o primeiro grupo passou a idade crítica de mortalidade, actualmente tem uma mortalidade de 1.7%, mas devemos esperar pelo menos 4-5 semanas mais para nos assegurarmos que esta estratégia é adequada.



Comentários



Este caso aparece numa exploração de ciclo fechado de 750 fêmeas no centro do México.

A exploração apresentou graves problemas de PRRS durante cerca de dois años. Decidiu-se aplicar uma vacinação massiva com vacina viva modificada com o que se conseguiu estabilizar a exploração. Uns tres meses mais tarde deu-se um aumento da mortalidade nas baterias, inicialmente apresentaram-se mortes súbitas, mais tarde, também, começaram a aparecer animais com meningite, cianose, respiração forçada e febre. Na necropsia os animais apresentavam cianose, ligeira poliserosite, severo edema cerebral.

Nesse momento os diagnósticos diferenciais incluíam: H. parasuis, Sterptococcus suis (S. suis), Actinobacillus suis (A.suis) y Erispelothrix rhusiopathiae (E. Rhusiopatiae).

Os resultados laboratoriais iniciais foram positivos a S. suis pelo que se aplicou um tratamento com amoxicilina. Duas semanas depois, ao se normalizarem os níveis de mortalidade, retirou-se a medicação, após o qual aumentou novamente a mortalidade com presença de lesões claras de infecção por H. parasuis. Nesta ocasião as análises do laboratório confirmaram a infecção por H. parasuis.

Em conversações posteriores com um especialista em H. parasuis pode-se confirmar que esta á uma situação comum. Quando se enviam leitões mortos ou em fases avançadas da doença o diagnóstico é positivo a S. suis. Contudo, quando se faz um esforço por encontrar leitões na fase inicial da doença o diagnóstico é positivo a H. parasuis.

As opções de tratamento eram:

1. Continuar com medicação na água ou alimento por tempo indefinido.

2. Vacinar os leitões, mas devido à apresentação precoce não havia tempo para aplicar duas vacinações, isto no caso de que a vacina comercial incluísse o serotipo presente na exploração (neste momento a serotipificação não era uma opção).

3. Vacinar as reprodutoras e esperar que os leitões negativos se colonizassem nas baterias antes de que a imunidade passiva diminuísse.

4. Tentar a exposição controlada mediante um inóculo que incluísse a estirpe patógena de H. parasuis entre os 5-10 dias de idade.

A vacinación das reprodutoras com uma vacina comercial não deu bons resultados. Finalmente a aplicação de um inóculo que com a estirpe autógena de H. parasuis está a dar bons resultados.

Conclusões

1. Ante um problema similar a este é importante pensar nas duas possibilidades: S. suis e H. parasuis.

2. Cada dia se relatam mais casos de H. parasuis depois da estabilização contra PRRSV.

3. Ante um problema que sugira a presença de H. parasuis ou de S. suis é importante que se enviem suficientes leitões para lograr um diagnóstico diferencial.

4. O ideal é atingir a serotipificação da estirpe patógena de H. parasuis, normalmente estes serotipos encontram-se em sítios sistémicos.

5. Depois de um problema de inestabilidade de PRRSV, devemos esperar que apareçam problemas bacterianos que antes da estabiliazação não eram prioritários e temos que estabelecer um programa de diagnóstico adequado para resolver os problemas.

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