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Caso clínico: Anoestro em nulíparas

O anestro nas nulíparas atrasa a sua entrada na exploração e afecta os resultados produtivos. Pode ter várias causas. Como o podemos evitar?

4 Dezembro 2009
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Aparecimento do Caso



O caso clínico ocorreu numa exploração do Canadá, situada na província de Manitoba. A exploração de 1500 porcas de um cruzamento comercial de porcas LWxLD é exportadora de leitões de 21 dias e é, até à data, positiva estável ao vírus PRRS, vírus Influenza H1N1 e H3N2 e a micoplasma.

A primeira visita à exploração realiza-se em 29 de Março de 2009. A razão de dita visita é averiguar a causa do anoestro inesperado de um grupo novo de nulíparas que tinham estado a apresentar sucessivos cios até à sua entrada nas boxes de cobrição. Só 3 das 15 porcas ciclaram, quando era a tsua altura de entrar em cio, à sua chegada às boxes de cobrição-gestação confirmada (20%), o resto, não apresentou cio e não foram inseminadas. O proprietário toma a decisão de eliminar as porcas pois considera que talvez tenham passado demasiados cios nos parques e tenham ficado como anoéstricas à chegada às boxes. São revistos os dados de fertilidade em nulíparas, comenta-se o seu maneio e pautas vacinais e toma-se a decisão de examinar os ovários das nulíparas eliminadas no matadouro.


Análises de Factores Causais



1. Causa infecciosa

Descarta-se uma possível causa infecciosa ao analizar os dados produtivos da exploração. Uma produção estável de leitões e uma fertilidade correcta no resto das porcas faz supor que a falha reprodutiva afecta unicamente os animais mais jovens da exploração.

Efectivamente existe uma sucessiva falha de fertilidade nas nulíparas desde há já 3 meses. A taxa de eliminação das mesmas supera os 20% sendo Junho o pior mês chegando a um total de 41%. Este problema foi criando um “engarrafamento” de nulíparas para cobrir que se reflecte no elevado peso de muitas delas.

Idade de entrada



2. Maneio

Não existiu uma alteração de maneio nem de trabalhadores na exploração e a forma de actuar com as nulíparas é a mesma de sempre, segundo o proprietário. Os animais já entram adaptados a todas as vacinas nesta instalação. Recebem imunização contra o vírus PRRS (soro imunização), micoplasma e erysipelas. Os animais permanecem nos parques de nulíparas fora da gestação e ali começam a ser estimuladas às 26 semanas de vida, aprox. Depois entram noutros parques no pavilhão de controlo cobrição-gestação, onde passam outro cio e depois são colocadas nas boxes, uns 15-20 dias antes de sua suposta entrada em cio, para serem cobertas aí. No pavilhão de cobrição existe um varrasco que despista cio nos parques e outro que o faz nas boxes de nulíparas a cobrir. O macho dos parques tem problemas de locomoção e existe um muito mais jovem que ainda não começou a ser treinado. É o mais adulto dos varrascos o que ultimamente despista cios em toda esta parte do pavilhão de cobrição.

Intervalo entrada - 1ª cobrição


3. Estudo ovárico

Visita-se o matadouro, recolhem-se os órgãos reprodutores de 8 das porcas eliminadas por suposto anoestro e realiza-se um estudo ovárico.




Resultado do Estudo Ovárico





O estudo ovárico mostra unicamente dois animais com patologia ovárica: a nulípara (#3414) padecia de 3 quistos num dos dois ovários, e a nulípara (#3400) apresentava folículos pequenos, antigos e pálidos não reactivos pelo que se determina que ciclou uma vez há tempo e ficou "parada" sem voltar a apresentar cio. O resto apresentavam múltiplos folículos jovens rosados e corpos lúteos de diferentes tamanhos, portanto aptas, desde o ponto de vista reprodutivo. Só 25% das porcas eliminadas se pode considerar como anoéstricas ováricas.

Todos os pontos a considerar eram correctos mas faltava determinar se existia um maneio adequado na estimulação de cios destes animais. Visita-se a exploração para comunicar os resultados do estudo ovárico.


Resolução do Caso



Um problema de maneio dos lotes de nulíparas estava a produzir uma falha reprodutiva importante no motor de renovação de toda a exploração.

Em primeiro lugar, o varrasco adulto despistava cios desde há já vários meses toda o pavilhão de cobrição. Um animal de um tamanho um pouco grande mas ainda aceitável para despistar cio em nulíparas, mas após observá-lo, era definitivamente pouco activo.

Por outra parte, o “engarrafamento” de porcas a cobrir definitivamente estava a elevar a idade à primeira cobrição e este facto forçava os trabalhadores a acelerar as rotinas com as nulíparas pois necessitavam um maior número delas em cada semana de produção.

As pressas e as vontade de cobrir primíparas trabalhando com o mesmo macho para todo o pavilhão de gestação não era efectivo.

Propôs-se ao suinicultor o abate por bem-estar animal do varrasco afectado das patas desde há muitos dias e que começasse a trabalhar de maneira diferente com os dois machos actuales: um varrasco demasiado jovem, e portanto de pouco tamanho, e outro demasiado inactivo e já algo pesado.

Trabalhar com os dois machos ao mesmo tempo foi uma proposta nova mas de efeito rápido; o animal adulto despistava cios pelo corredor das porcas nas boxes e o animal mais jovem era levado ao parque oposto das nulíparas para que existisse contacto entre os machos.


A excitação do varrasco adulto ao despistar cio nas porcas e competir neste ritual com outro macho muito mais jovem melhorou a estimulação destas nulíparas de uma maneira exponencial cada dia de trabalho. A excitação de um varrasco adulto quando “trabalha” em frente de um inexperiente e muito mais jovem é a melhor maneira de criar nele uma competição nestes comportamentos que tanto ajudam as nulíparas a nos demonstrar todo o seu potencial na entrada nos sucessivos cios antes das primeiras montas.

O novo maneio e o esforço dos trabalhadores em melhorar os resultados produtivos das nulíparas ficará reflectido nos seguintes parâmetros: taxa de partos, tamanho da ninhada, além dos anteriormente valorizados como a idade à entrada e intervalo entrada-1ª cobrição.

Intervalo entrada - 1ª cobrição



Idade de entrada





Comentários



O caso clínico produziu-se numa exploração do Canadá, de 1500 porcas, exportadora de leitão de 21 dias.

A razão da visita do veterinário foi averiguar a causa do anoestro inesperado de um grupo novo de nulíparas que tinham mostrado sucessivos cios até à sua entrada nas boxes de cobrição. A análise dos dados de fertilidade da exploração é indicadora de uma falha reprodutiva grave nas nulíparas. Do último lote unicamente ciclaram 20% das nulíparas passadas para as boxes desde os parques.

Como factores causais analizaram-se tanto o maneio das nulíparas (tabelas vacinais e maneio) como o despiste de cio dos varrascos. A inspecção detalhada dos ovários, destas nuliparas que deixaram de ciclar, no matadouro indicou-nos a quase normalidade reprodutiva destes animais até ao momento de as passar às boxes.

A necessidade de cobrir nulíparas da exploração e a falta de “efeito varrasco” nas mesmas tinham ido provocando uma falha na entrada em cio destas fêmeas que pôde ser solucionada com uma alteração na forma de trabalho e motivação/formação do pessoal.

Propôs-se ao suinicultor que començasse a trabalhar de maneira diferente com os dois machos actuais: um varrasco demasiado jovem, e portanto de pouco tamanho, e outro demasiado inactivo e já algo pesado. Trabalharia com eles de maneira simultânea apoiando desta maneira o estimulo do varrasco adulto.

A excitação do varrasco adulto ao despistar o cio nas porcas e competir neste ritual com outro macho muito mais jovem melhorou a estimulação destas nulíparas de uma maneira exponencial a cada dia de trabalho. A excitação de um varrasco adulto quando “trabalha” em frente de um inexperiente e muito mais jovem é a melhor maneira de criar nele uma competição nestes comportamentos que tanto ajudam as nulíparas a demonstrar-nos todo o seu potencial na entrada dos sucessivos cios antes das primeiras montas.

Taxa de partos, tamanho de ninhada, intervalo entrada-1ª cobrição das nulíparas da exploração são os valores que mostraram a melhoria da produção.

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