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Produção suína nas Filipinas (2/2)

A produção suína nas Filipinas é muito artesanal, algumas práticas de criação suína devem ser alteradas nomeadamente em alguns pontos como genética, rações e sistemas de alimentação,
registos de explorações, saúde animal, preocupações sanitárias, marketing.

4 Agosto 2010
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As práticas de criação suína no país necessitam de ser melhoradas uma vez que aproximadamente 70% dos porcos são criados na parte traseira das próprias casas (exploração caseira). A pressão exercida pelas infecções é elevada, já que se compromete a biosegurança num sistema que, na sua maior parte, é constituído por localizações únicas, onde a recirculação e difusão de agentes patogénicos é considerável. No entanto, as explorações de maior tamanho dispõem actualmente de ventilação por túnel e de locais múltiplos e tem capacidade para pôr em prática um sistema por lotes (tudo dentro/tudo fora). Também foi estabelecida a automação em muitas explorações comerciais e de produção integrada.

A maioria dos criadores não compreende bem o que é a biosegurança, o que faz que as suas explorações sejam vulneráveis aos surtos de doenças. Regra geral não existem quadras de isolamento para porcos doentes ou novas aquisições, inclusive em algumas explorações comerciais. Os protocolos normais e o período de quarentena para animais recém adquiridos não estão devidamente implementados. A maioria dos criadores espera que os seus porcos estejam doentes e só depois solicita cuidados profissionais.

Genética

As empresas internacionais de genética instalaram explorações núcleo ou estabeleceram joint ventures com empresas locais. Algumas explorações grandes importam raças puras, seja como animais vivos ou como sémen para melhorar o seu efectivo. As cooperativas de explorações também intervêm com os reprodutores locais para garantir que os seus membros disponham de reprodutores de qualidade. A maioria dos criadores de explorações caseiras seleccionam entre os seus animais de engorda para reposição (auto-reposição).

Rações e sistemas de alimentação

As fábricas de ração comerciais estão bem enraizadas por todo o país. Em grande parte abastecem as explorações caseiras, ainda que haja explorações comerciais de tamanho médio que tenham começado a utilizá-los concretamente para as dietas dos leitões e das porcas em periodo de lactação. As explorações grandes dispõem dos seus própios moinhos de ração. Os criadores também se agrupam para formar cooperativas optando por ter as suas próprias fábricas de ração. A estratégia mais frequente de alimentação para muitos criadores consiste na administração, 2-3 vezes por dia, da ração normal correspondente em lactação. No entanto, as explorações caseiras oferecem a ração mais económica para os seus porcos, uma dieta administrada a todos os reprodutores, seja para periodo seco, de gestação, de cria ou para varrascos. A comida para porcos ou as sobras de comida, incluido as cozinhadas, já não são populares, nem entre os criadores com explorações caseiras, a não ser em casos em que se haja estabelecido uma relação com restaurantes.

Registos de explorações

O registo informático das explorações está bem estabelecido em muitas das explorações comerciais de grande tamanho, enquanto que nas explorações à escala média e pequena é frequente o registro manual. Os criadores de explorações caseiras contentam-se com um pequeno caderno de notas para apontar todas as transacções e acontecimentos da exploração. A maioria dos criadores não podem interpretar ou analisar os dados que anotaram para avaliar o rendimento da exploração. Obviamente, sem uma monitorização adequada, um criador diz que a exploração é rentável quando pode pagar as suas dívidas de um modo regular e considera que está a perder quando já não pode pagá-las no seu devido tempo.

Saúde animal

O sistema de produção suina que se observa principalmente no país expõe a exploração a um grande desafío sanitário. A falta de consultas vetrinárias para diagnósticos regulares gera confusão na hora de propôr um programa sólido de medicação e vacinação. A vacinação, na maioría das explorações, é estabelecida por comodidade e atendendo ao senso comum ou apenas após as recomendações dos fornecedores preferidos. Os antibióticos, especialmente os produtos incorporados na ração, são misturados de modo rotineiro sem testes regulares de sensibilidade.

Preocupações sanitárias

Nos três últimos anos, a indústria suina sofreu a ameaça de surtos pneumoentéricos. Além dos problemas habituais relacionados com a colibacilose e a salmonela, no ano 2006 piorou a situação quando surgiu a diarreia epidémica porcina (PED) (tipo asiático) que provocou uma mortalidade muito elevada em leitões. Os criadores recorreram a armas, inclusive sob a forma de vacinas para PED de origem Sul Coreana e de aditivos no leite com imunoglobulinas para PED, TGE, E. coli e Rotavirus que se converteram em artigos com record de vendas. Na ilha de Luzón continua a haver surtos esporádicos de PED.

A principal dor de cabeça foi causada pelo complexo da doença respiratória suina que incluia PRRS, gripe suina, Aujeszky e cólera suina. Vários criadores encerraram o seu negócio devido a estas doenças. Em 2008, as Filipinas pediram ajuda ao laboratório internacional de diagnóstico dos E.U.A. que descobriu que, além de ser confirmada a presença de uma estirpe de PRRS semelhante à do surto chinês de PCV2, também havia resultados positivos para o virus Ebola Reston. Este foi o primeiro relatório a nivel mundial de infecção por Ébola em suinos.

O Departamento de Agricultura apresentou os documentos pertinentes à OIE para certificar que Luzón estava isento de febre aftosa (FMD) e abrir caminho para a declaração das Filipinas como país isento de FMD.

Marketing

Do sector de explorações comerciais, 30%, só umas poucas estão totalmente integradas. Os porcos vendem-se habitualmente por meio de um intermediário. Estes levam porcos aos matadouros e distribuem as carcaças às feiras. O elevado custo das rações e as doenças aparecidas durante a maior parte de 2008 criaram escassez e o preço da carne de porco disparou até 170 Php por quilo. Em consequência, as Filipinas importaram mais carne e produtos cárnicos em 2008 para compensar o baixo rendimento e satisfazer a crescente procura dos transformadores de carne por materiais baratos para que os seus produtos processados fossem acessíveis para os consumidores. A carne de porco foi o artigo cárnico mais importante introduzido nas Filipinas no ano passado. As principais importações consistiram em gorduras de carne de porco, sub-produtos e pele de porco. Dos 12 paises de onde as Filipinas compram a sua carne de porco, a América do Norte (Canadá e USA) somam 56% de todas as importações (fig. 1). A Coreia foi o único país asiático da lista de fornecedores.

Fig. 1. Principais importações de carne de porco.


Apesar dos tempos difíceis e dos elevados preços dos alimentos, a procura de carne de porco do pais prevê-se que aumente mais rapidamente que a oferta do 2º ao 4º trimestre. As eleições nacionais em Maio de 2010 podem inclusive provocar a expansão de algumas explorações para responder à crescente procura de carne de porco.

Tabela 1 . Rendimento da produção suina nas Filipinas (2008)
Parâmetro
baixo
alto
total/média
Tamanho da ninhada ao nascimento
Vivos
6,87
10,32
9,26
Mumificados
0,03
0,55
0,2
Mortos
0,14
0,84
0,43
Total
7,14
11,6
9,9
Percentagem mumificados
0,26
4,76
1,96
Percentagem nascidos mortos
1,46
8,79
4,35
Peso médio ao nascimento (kg)
1,3
1,62
1,48
Tamanho da ninhada ao desmame
6,53
9,67
8,47
Idade ao desmame (d)
21,27
32,77
27,7
Peso médio ao desmame (kg)
5,58
8,91
7,47
Intervalo desmame-cobrição fértil (d)
9,62
19,46
11,69
Periodo de gestação (d)
113,69
116,27
114,73
Intervalo entre partos porca produtiva (d)
150,23
171,44
156,53
Intervalo entre partos porca presente (d)
149,59
203,7
169,59
Índice de partos (%)
67,84
83,55
76,28
Mortalidade pré-desmame (%)
2,34
22,29
8,59
Mortalidade com base na população total (%)
0,96
6,82
3,13
Partos /porca produtiva
2,13
2,44
2,34
Partos /porca presente
1,8
2,45
2,17
Desmamados por porca produtiva e ano (DCA)
15,22
22,95
19,78
DCA (porca presente)
11,73
21,12
18,35
Dias não-produtivos
(0,41)**
53,7
19,59
Ganho médio diário (kg/d)
0,296
0,595
0,523
Peso ajustado aos 180 dias (kg)
53,25
107,1
94,19
Idade ajustada aos 90 kg (d)
151,27
304,23
175,61
Peso médio porco ao matadouro*(kg)
68,79
99,68
87,57
Idade média porco ao matadouro* (d)
141,74
232,53
168,76
Eficiência produtiva ajustada da exploração
2,96
5,32
3,44
Custo ração/ kg animal vivo vendido ajustado
53,43
101,11
67,45
Porcos produzidos por porca e ano (CPCA)
10,64
20,53
16,08
Preço engorda*(PHP/kg)
76,69
95,72
86,67
*/ Mercado regular, b/drástica redução do número de reprodutoras.
Fonte: Philippine Swine Industry Research and Development Foundation, Inc.

Dr. Zoilo M. Lapus. Consultor suino. Filipinas

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