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Inseminação artificial em porcinos segundo o ponto de deposição da dose seminal

Segundo o ponto de deposição do sémen, as técnicas de inseminação agrupam-se como:   Inseminação Cervical ou Standart. (SAI) Inseminação Post Cervical. (PCAI) ...
6 Janeiro 2009
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Segundo o ponto de deposição do sémen, as técnicas de inseminação agrupam-se como:

  Inseminação Cervical ou Standart. (SAI)
Inseminação Post Cervical. (PCAI)
Inseminação Intrauterina Profunda. (DUI)

O colo do útero (cérvix) é longo, uns 12 cm em nulíparas e até 25 em multíparas, e complicado ao ser um tubo dotado de vilosidades (aneís cervicais) que se dispõem entre os dentes de um fecho de correr.

Em SAI o catéter é fixo no início da cérvix (Imagem 1). O sémen tem que atravessar este labirinto e alcançar o corpo do útero, daqui distribui-se a ambos os cornos. As técnicas utilizadas, pretendem melhorar a passagem do sémen pela cérvix e conseguir que chegue a quantidade suficiente ao corpo do útero para garantir a fecundação. Por isto insemina-se com sémen quente, com o macho à frente, estimulando a porca com massagens, simulando a monta com a ajuda de mochilas ou outro tipo de material e são aplicadas técnicas de auto-inseminação (demonstram que a porca colabora, absorvendo o sémen).

Esquema no qual se mostram as zonas de deposição do sémen na Inseminação Cervical ou Standard (SAI), Post Cervical (PCAI) e Intrauterina Profunda (DUI)
O cérvix está mais ou menos aberto, mais ou menos penetrável, dependendo do momento do cio. As inseminações realizadas no inicio e no final do cio são mais dificeis, lentas e com maior presença de refluxo.

Inclusivé no meio do cio, quando o cérvix está mais aberto, nunca se consegue a absorção total da dose. Parte do sémen é perdido entre as vilosidades do cérvix.

Dos 3000 milhões de espermatozóides de uma dose convencional, parte perde-se por refluxo durante a inseminação, parte entre as vilosidades do cérvix, parte é destruída pela defesa uterina e parte é expulsa como refluxo pós-inseminatório. No final de 150 a 300 milhões de espermatozoides ficam disponíveis para a fecundação.

De facto, apenas são necessários de 5 a 10 milhões de espermatozóides na união útero tubárica (UUT) de cada corno para conseguir uma fecundação satisfatória.
Tanto em PCAI como em DUI, se a técnica for aplicada correctamente, não se produzem perdas por refluxo durante a inseminação nem entre as vilosidades da cérvix. Isto permite reduzir o volume e o número de espermatozóides utilizados por inseminação.

Quando o sémen chega ao útero é desencadeado o que poderíamos denominar “processo de limpeza”. A porca “considera” que o sémen está contaminado e põe em marcha a defesa uterina. O útero recruta grandes quantidades de macrófagos que se encarregarão de eliminar os agentes patogénicos veiculados com o sémen e parte dos espermatozóides. Quanto maior é o volume de sémen que entra no útero maior é o recrutamento de macrófagos e a destruição de espermatozóides. Algumas porcas quando absorvem a dose quase na sua totalidade, reagem de forma excessiva, o que reduz a possibilidade de fecundação. Em PCAI e em DUI como o volume e o número de espermatozóides utilizados é menor, a defesa uterina activa-se de forma moderada, reduz-se a perda de espermatozóides.

Em PCAI infunde-se o sémen directamente no corpo do útero (imagem1). Isto permite a fecundação em ambos os cornos. Para isso é utilizada uma cânula, mais comprida, fina e flexível que um catéter convencional. Esta cânula está concebida para passar entre as vilosidades do cérvix sem causar danos. Para poder ser introduzida com facilidade no cérvix utiliza-se um catéter guía (imagem 2). A cânula pós-cervical introduz-se no interior de um catéter que previamente fixou no cérvix, como se faría uma inseminação convencional.

Exemplo de um tipo de catéter para Inseminação Cervical, um conjunto catéter-cânula para Inseminação Post Cervical e outro para Inseminación Intrauterina Profunda.

Em DUI o material utilizado é muito semelhante ao aplicado em PCAI mas a cânula é consideravelmente mais longa (imagem 2). O objetivo é depositar o sémen apenas em um dos cornos, o mais próximo possível da UUT (imagem 1). Isto dificulta enormemente a fecundação bilateral, pelo que pode ser reduzida a prolificidade. (1) Martínez et al (2006), promotores da técnica DUI, citam textualmente: “Podemos concluir que o menor tamanho de ninhada que se obtem quando se aplica a DUI com 150 milhões de espermatozóides em condições de exploração está relacionado com a existência de aproximadamente 33% de fertilizações parcialmente bilaterais ou fertilizações unilaterais”. Os mesmos autores afirmam que para assegurar semelhantes taxas de fertilização haveria que realizar a técnica DUI com 600 milhões de espermatozoides.

Tabela 1 Características de SAI vs. PCAI vs. DUI.
  SAI PCAI DUI
Comprimento aproximado do catéter / cânula / cânula. (cm). 54 73 148
Redução do volume da dose. não sim sim
Redução Nº espermatozóides. não sim sim
Volume dose recomendado. (ml). 90 30 5
Nº espermatozóides normalmente usados (milhões). 3000 1000 150
Nº mínimo de espermatozóides recomendados (milhões). 1500 500 150
Mais doses por ejaculado. não sim sim
Menor número de varrascos. não sim sim
Redução custo instalação e manutenção dos varrascos. não sim sim
Maior uniformidade de porcos no matadouro. não sim sim
Maior utilização de varrascos geneticamente superiores. não sim sim
Melhor índice de transformação. não sim sim
Melhor velocidade de crescimento. não sim sim
Menor custo Kg carne. não sim sim
Redução tempo de inseminação. não sim não
Facilidade de utilização em rotina de trabalho. sim sim não
Utilização em todo tipo de porcas. sim não não
Utilização em porcas desmamadas. sim sim sim
Utilização em nulíparas pouco desenvolvidas (1º e 2º cio). sim não não
Utilização em nulíparas bem desenvolvidas (3º e 4º cio). sim sim sim
Disponibilidade de sémen para fecundação em ambos os cornos. sim sim não
Fecundação bilateral. sim sim ¿?
Óptimos parâmetros reprodutivos sim sim não
Maior rentabilidade sémen congelado não sim sim
Uso com sémen sexado não ¿? sim

Tabela 2 Resultados consolidados de diferentes comparativas entre PCAI y SAI.
  I.A. Post Cervical  I.A. Convencional
Exploração Milhões espzs Porcas Paren Taxa partos nasc. totais nasc. vivos Milhões espzs Porcas Paren Taxa partos nasc. totales nasc. vivos
Tai. 1 1750 80 69 86,25 10,36 9,87 3500 80 64 80,00 10,19 9,69
Tai. 2 1500 50 44 88,00 11,30 9,91 5000 50 48 96,00 10,71 9,85
Tai. 3 1500 49 46 93,88 9,04 8,83 5000 48 45 93,75 9,91 9,20
Esp. Mur 1 1500 130 112 86,15 10,34 9,40 3000 110 86 78,18 10,79 9,84
Esp. Cat 1500 50 47 94,00 13,02 11,60 3000 51 50 98,04 13,32 12,34
Esp. CL 1 1500 30 22 73,33 12,82 11,59 3000 31 27 87,10 12,81 11,48
Fran. 1500 665 611 91,88 13,49 12,37 3000 683 620 90,78 13,74 12,57
Hun. 1 1250 455 316 69,45 9,96 9,55 3000 508 344 67,72 10,18 9,77
Esp. CL 1 1000 184 158 85,87 12,14 10,48 3000 163 141 86,50 12,74 10,98
Mex. 2 1000 76 58 76,32 11,02 10,81 3000 76 63 82,89 10,48 10,24
Esp. CL 2 1000 202 172 85,15 13,29 11,81 3000 165 152 92,12 12,60 11,35
Esp. CL 3 1000 69 54 78,26 12,50 11,19 3000 90 66 73,33 12,47 11,27
Esp. CL 4 1000 118 101 85,59 11,29 10,52 3000 212 185 87,26 11,76 10,56
Esp. CL 5 1000 298 260 87,25 12,84 11,31 3000 298 271 90,94 13,12 11,62
Esp. Ara 1 1000 661 516 78,06 11,33 10,78 3000 755 610 80,79 11,60 10,92
Esp. Ara 2 1000 64 48 75,00 10,98 10,40 3000 111 69 62,16 11,33 10,51
Esp. Ara 3 1000 127 109 85,83 10,57 9,95 3000 378 322 85,19 10,30 9,66
Esp. Ara 4 1000 45 38 84,44 11,82 10,61 3000 43 39 90,70 11,05 9,44
Esp. Ara 5 1000 170 157 92,35 13,50 11,70 3000 336 266 79,17 12,70 11,30
Esp. Mur 2 1000 50 44 88,00 12,64 11,30 3000 55 46 83,64 12,91 11,46
Esp. Mur 3 1000 43 38 88,37 12,32 11,84 3000 50 45 90,00 12,56 12,04
Esp. Mur 4 1000 50 34 68,00 11,47 10,65 3000 48 37 77,08 11,11 10,22
Esp. Cat 2 1000 514 413 80,35 13,17 9,55 3000 303 243 80,20 12,33 9,43
Ita. 1 1000 54 45 83,33 11,98 10,53 3000 75 69 92,86 12,01 10,48
Esp. CL 1 750 14 13 92,86 11,85 10,69 3000 14 11 78,57 13,55 11,64
EEUU 1 * 680 121 105 86,78 11,05 10,10 3000 121 94 77,69 11,14 9,89
Esp. Cat 500 23 20 86,96 14,05 12,65 3000 22 18 81,82 14,39 12,94
Esp. CL 1 500 31 25 80,65 11,04 9,64 3000 31 26 83,87 12,85 11,92
TOTAL  4423 3675 83,09 11,64 10,38   4907 4057 82,69 11,60 10,51
Leitões por 100 I.A.        967,5 862,7         959,1 868,8

Tabela 3 Parâmetros reprodutivos usando PCAI  em rotina de trabalho Exploração"La Pallessa".
Período 2003 2006
Média de porcas presentes 712,2   758,4  
Partos / porca  produtiva / ano 2,51   2,48  
Partos / porca  presente / ano 2,20   2,16  
Nº de inseminações 1943   1891  
Nº de repetições 257 13,22 % 183 13,00 %
Nº de abortos 16   0,82 %   9   0,50 %
Nº de baixas 105   5,40 %  62   3,28 %
Nº de partos 1565 80,54 % 1637 86,56 %
Nascidos totais 19250 12,3 21772 13,30
Nascidos vivos 17215 11,0 18989 11,60

Tabela 4 Parâmetros reprodutivos usando DUI em porcas induzidas a cio hormonalmente depois do desmame.
Nº de espermatozóides (milhões) Nº pocas IA Taxa gestação % Taxa partos % Tamanho ninhada
10 34 35,3 35,3 9,27
25 31 48,4 45,2 9,54
50 82 74,4 74,4 9,35
150 84 83,3 80,9 9,72
3000 SAI 99 81,8 79,8 9,88
(2) E.A. Martínez et al 2001

Javier Gil Pascual. Asesor en I.A. y Reproducción porcina. España

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