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Exames diagnósticos para pleuropneumonia (Actinobacillus pleuropneumoniae) (2/2)

Existem vários cenários de diagnóstico na infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae e a detecção ou não de APP pode ser feita através de exames.


Cenários diagnósticos
1) Suspeita de surtos agudos de A. pleuropneumoniae numa exploração anteriormente negativa.

Neste caso, o factor chave é a confirmação se a exploração está ou não afectada por APP. O melhor método é enviar porcos mortos ou porcos vivos afectados para o laboratório de diagnóstico para o exame post-mortem. As amostras das lesões típicas da pleuroneumonia aguda podem ser cultivadas mediante técnicas e meios adequados e depois ser determinado o serótipo de culturas puras. Dependendo da disponibilidade de outros exames, podem ser conservadas amostras para PCR, IFA e/ou histopatologia no caso de serem necessários exames complementares.


Figura 1. Pulmão suíno que mostra uma zona de pneumonia hemorrágica e fases iniciais de pleuresia associadas com infecção aguda por Actinobacillus pleuropneumoniae.


Figura 2. Pulmão suíno que mostra um foco de pneumonia de sub-aguda a crónica com pleuresia mais extensa, coerente com infecção por Actinobacillus pleuropneumoniae en vías de solução.

Além do exame post-mortem, podem ser colhidos esfregaços das amígdalas de porcos vivos afectados para exames PCR de ApxIV ou específicas de serótipo. O uso de uma técnica PCR "aninhada” optimiza a sensibilidade do exame permitindo agrupar os esfregaços em lotes de 5 por grupo. Desta maneira pode ser examinado um número representativo de porcos de modo rentável.
O primeiro conjunto de amostras de sangue para serología em pares pode ser recolhida na fase aguda; no caso ideal, os porcos dos quais foram recolhidas as amostras devem ser etiquetados para que seja possível recolher amostras de soro em estado convalescente 3-4 semanas depois, para serem emparelhadas correctamente com as amostras da fase aguda em porcos individuais.

2) Diagnóstico da infecção crónica por A. pleuropneumoniae como parte do “complexo respiratório porcino” (CRP)

Em situações complexas de pleuroneumonía onde possam estar implicadas uma ou mais infecções concomitantes, aconselha-se a ampliar a investigação e um protocolo de amostragem que inclua material para outros exames. Isto pressupõe dispor de tecido pulmonar fresco para bacteriologia e virologia e/ou exames PCR para outros agentes. A histopatologia em 3 áreas representativas de tecido afectado fornece novos dados sobre a natureza das lesões pneumónicas. Em casos crónicos de infecção por APP as lesões encapsulam-se, contraem-se e finalmente reduzem-se a zonas de cicatrização crónica. Durante as etapas crónicas, o número e a viabilidade de APP nas lesões reduzem-se drasticamente e as taxas de isolamento são escassas. Nestes casos, os exames PCR das lesões pulmonares e a serologia nos porcos recuperados no lote fornecem uma informação diagnóstica mais útil. Os anticorpos podem ser detectados desde aproximadamente 10 – 14 dias depois da infecção.

3) Rastreio de porcos sãos isentos de A. pleuropneumoniae como parte de um programa de garantia sanitária.

Além da inspecção clínica das explorações e dos exames pulmonares realizados em porcos abatidos, podem ser seleccionados números representativos de porcos em idades de alto risco (isto é, de engorda ou acabamento) para investigar a presença de APP mediante esfregaços das amígdalas, assim como mediante a recolha de amostras de sangue para serologia. As análises PCR que usam ensaios baseados em ApxIV também podem ser usadas com eficácia em explorações isentas de APP que tenham sido vacinadas como garantia contra a possibilidade de doença grave, no caso de surtos numa exploração não exposta previamente.

Dificuldades que se podem encontrar com as análises de APP e com a interpretação dos resultados
A maior parte das dificuldades apresentam-se quando se seleccionam porcos sãos isentos de APP, pelos seguintes motivos:

• No caso ideal, as explorações seriam negativas para todos os serótipos de APP, no entanto, nas mesmas pode haver serótipos não virulentos ou de baixa virulência sem que haja nenhuma doença clínica associada.

• A maior parte dos países não acordaram standarts industriais sobre quais os serótipos que é aceitável ter nas explorações e quais não. Como ponto de partida, é aconselhado a que os que tenham dois genes de toxina Apx (aparte de ApxI, ApxII e ApxIII) sejam considerados não aceitáveis. Por razões práticas, poderiam ser permitidos os que tivessem um único gene de toxina Apx que não esteja associado com doença clínica.

• As análises de triagem mai
s extensamente disponíveis (serologia e PCR) baseiam-se no gene ApxIV que abarca todos os serótipos. As amostras que dêem resultados positivos precisam uma exploração posterior para determinar o seu significado. Isto acarreta mais gastos e atrasos na finalização das análises.

• As análises serológicas relacionadas com o serótipo não estão geralmente disponíveis e as que identificam grupos relacionados com a virulência podem ter uma especificidade questionável e tem que ser interpretadas com precaução.

• As análises de PCR específicas de serótipos podem-se usar onde estejam disponíveis, mas geralmente limitam-se aos serótipos mais virulentos. No melhor dos casos, os resultados negativos indicam que o serótipo virulento específico não está involucrado, no entanto, poderia não ser possível determinar qual dos serótipos menos importante está presente quando se corresponde com os resultados positivos para ApxIV.

• As análises para os genes da virulência por PCR requerem culturas puras de APP, já que estes genes podem existir em espécies estreitamente relacionadas como Actinobacillus suis, que também poderia estar presente na amostra. Quando se fazem esfregaços de amígdalas aos porcos para detectar APP, o melhor método é recolher dois esfregaços por porco, um esfregaço simples para as análises PCR de ApxIV e um esfregaço em meio de transporte Amies para ser usado na cultura de APP no caso de um resultado positivo na PCR para ApxIV.

• A cultura de APP procedente de esfregaços de amígdalas está cheia de dificuldades porque as culturas tendem a crescer excessivamente devido às numerosas bactérias comensais que colonizam as amígdalas, a não ser que sejam utilizadas técnicas mais especializadas como a separação imunomagnética ou meios selectivos que inibam os organismos comensais. Se não for obtido APP isolado, pode ser examinado o extracto de ADN original quanto a ApxI, ApxII e ApxIII por PCR, mas os resultados devem ser interpretados com precaução. Ou bem, podem ser recolhidos outros esfregaços dos porcos para outra tentativa de cultura ou podem ser recolhidas as amígdalas de porcos seleccionados para cultura do tecido profundo da amígdala.


Apesar das dificuldades assinaladas, os exames diagnósticos para APP fornecem uma contribuição útil para a informação global sobre a exploração. Os resultados das análises devem ser sempre interpretados à luz de uma perspectiva mais ampla que inclua a história clínica, a vigilância no matadouro, os resultados post-mortem e de culturas e o rastreio serológico.

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