A doença cutânea é um dos aspectos mais difíceis de avaliar clinicamente e em patología geral.
Tenha sempre presente que perante a presença de vesículas, pústulas e úlceras típicas da febre aftosa (fig. 1) e de outras doenças vesiculares devem ser informadas as autoridades e esperar.
![]() Figura 1 – Lesões de Aftosa no focinho |
Recorde sempre que o edema abaixo da mandíbula, especialmente se for
acompanhado de cianose e gânglios linfáticos ulcerados e uma linha
de inflamação, pode ser antrax. Neste caso recomenda-se realizar
um esfregaço.
Os testículos inchados e a pele do escroto ulcerada podem indicar brucelose
ou infecção por clamídias.
Em primeiro lugar, todas as anomalias de conformação do corpo
do porco são observadas sobre a pele ou através dela. De modo
que, podemos observar debilitamento, acumulação de gordura, quistos,
anomalias musculares, articulares, de ligamentos e tendões, assim como
malformações de todo o corpo, como a atrofia da musculatura caudal
da coxa, necrose dos músculos do dorso, músculos aquosos pálidos
ou músculos secos pálidos. Outros síndromes como a debilidade
das patas observam-se através da pele.
![]() Figura 2 – Anomalia congénita de “porco Dumbo” com orelhas aumentadas e edema periorbital” |
A desidratação, o esmagamento e a inanição (falha no fornecimento de leite materno: uma ninhada demasiado grande e má exposição simultânea das duas filas de tetas ou tetas ocultas, ou má nutrição) dos leitões neonatos pertencem a estas categorias.
A Epitheliogenesis imperfecta e a Dermatosis vegetans, ambas pouco frequentes, são anomalias cutâneas específicas que afectam os leitões. Em porcos desta idade também se observa com frequência trombocitopenia e púrpura.
O segundo grupo de doenças cutâneas refere-se aquelas manifestações que são provocadas por uma doença sistémica. Estas afectam com frequência os vasos sistémicos e por tanto provocam alterações no sistema circulatório provocando hemorragias (petequias, equimoses ou hemorragia patente), edema em todos os tecidos moles, especialmente as partes dependentes, e alterações no fluxo sanguíneo como congestão ou hiperemia que provocam mudanças de cor na pele.
A mais frequente delas, e muitas vezes desatendida, é a erisipela. As causas de morte súbita também devem ser consideradas como algo diferencial (Antrax, H. parasuis ( fig. 3), electrocução, peste suina clássica, peste suina africana, salmonelose ( fig. 4) etc.). O mal rubro, pode aparecer como um caso agudo com as típicas manchas na pele mas é mais frequente que não sejam as manchas clássicas. Frequentemente as orelhas púrpura são uma característica importante. As bactérias podem ser isoladas no sangue com facilidade vendo as lesões no exame post-mortem. Os casos crónicos podem ser mais difíceis de diagnosticar e podem necessitar exame post-mortem para procurar lesões nas articulações e nas válvulas cardíacas.
![]() |
![]() |
Figura 3 | Figura 4 |
![]() |
Figura 5– PRRS - “Orelha azul” |
Este segundo grupo podería incluir também as mudanças
de cor de azul escuro / púrpura que se observam no ántrax, salmonelose,
PRRS ( fig. 5), septicémias por P. multocida / Actinobacillus
pleuropneumoniae / H. parasuis e em particular as duas principais
diátese hemorrágica, a febre suina clássica e a africana.
Também são confundidos actualmente com a dermatite suina e o síndrome
de nefropatía (PDNS) que parece apresentar-se de forma aguda assim como
formar parte do mais comum síndrome de desmedro (PMWS). Esta é
a maior preocupação nos países isentos de peste suina clássica
e peste suina africana, nos quais os veterinários não reconhecem
a aparição potencial destas doenças porque se concentram
no PDNS. Isto é precisamente o que aconteceu no Reino Unido em 2000 e
ainda é possível.
A palidez (anemia) está associada com a deficiência de ferro no
neonato ou com infecção por M. haemosuis (Eperythrozoon)
no porco de mais velho.
A ictericia era rara no porco até à pouco tempo, mas tornou-se
mais frequente como consequência da infecção de PCV2 que
provoca hepatite e doença hepática.
O exame post-mortem não será de ajuda no diagnóstico diferencial
das pestes e forma hemorrágica do PDNS. Quanto mais se faça, mais
se convencerá das dificuldades prácticas para distinguir as três
patologías, o diagnóstico de laboratório é
o único método para as distinguir.
Com frequência, a PDNS é a única opção uma
vez que todas as análises e a bacteriologia para salmonelose foram negativas.
Só numa porcentagem dos casos de PDNS se demostrará a presença
do virus PCV2, já que para quando se produz o PDNS, frequentemente em
idades superiores às 16 semanas, o virus já terá desaparecido.
Stan Done. Veterinary Laboratories Agency. Reino Unido