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FAO: Travar a resistência aos antimicrobianos nas explorações pecuárias

Os autores do relatório destacam a contundência das provas que evidencia a magnitude da ameaça.

18 Novembro 2016
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A crescente evidencia do papel dos sistemas alimentares como principais vias de transmissão da resistência aos antimicrobianos (AMR) aumenta a necessidade de intensificar a vigilância sobre a utilização dos antibióticos nas explorações pecuárias.

Ainda que a resistência aos antimicrobianos tenha sido descrita pela primeira vez em 1940, o conhecimento científico das diversas vias através das quais surge e se propaga a resistência ainda está nos seus inícios. A utilização a nível mundial de produtos sintéticos para erradicar de forma indiscriminada as bactérias, vírus, parasitas e fungos nos sistemas agrícolas e alimentares requer um esforço concertado para cartografar, compreender e mitigar os riscos da AMR, de acordo com o relatório "Causas, Dinámica y Epidemiología de la Resistencia a los Antimicrobianos en la Producción Pecuaria".

A AMR pode ser um processo genómico natural para as bactérias, mas era "muito pouco frequente em amostras clínicas prévias à introdução de antibióticos", assinala o novo relatório da FAO. Dado que os alimentos costumam contaminar-se, hoje em dia, em todo o mundo com E. coli e Salmonella, ambos resistentes aos antibióticos, "as medidas que fomentam o uso prudente de antimicrobianos podem ser extremamente úteis para reduzir a emergência e propagação da AMR", sustenta o relatório técnico, de 67 páginas.

As principais recomendações do relatório são la necessidade de apoiar e intensificar a investigação - incluindo ao mesmo tempo análises de sequênciação molecular e epidemiológicas - sobre os factores que influenciam na forma e nos motivos pelos quais as bactérias resistentes se incorporam nos microbiomas intestinais humanos e animais, bem como a necessidade de desenvolver procedimentos standards de controlo e bases de dados para gerar modelos adequados de avaliação do risco.

A utilização de antimicrobianos com a única finalidade de estimular o crescimento dos animais deverá reduzir-se gradualmente. No seu lugar, deverá trabalhar-se activamente no desenvolvimento de antibióticos para melhorar a sanidade animal, incluindo programas melhorados de vacinação. Os resíduos antimicrobianos no meio ambiente, especialmente nas fontes de água, deverão ser monitorizados da mesma forma que outras substâncias perigosas, recomenda o relatório.

Estamos a aprender



Ainda que sejam cautelosos acerca de tudo quanto nos ainda é desconhecido, os autores - peritos do Royal Veterinary College de Londres e peritos da FAO dirigidos por Juan Lubroth - destacam a contundência das provas que evidencia a magnitude da ameaça.

Por exemplo, as abelhas melíferas nos Estados Unidos têm bactérias intestinais diferentes das que se podem encontrar em qualquer outro lugar, reflectindo a utilização de tetraciclina nas colmeias desde a década de 50. As piscículturas do Mar Báltico têm menos genes da AMR que os sistemas aquícolas na China, que agora contêm genes resistentes às quinolonas: um medicamento humano de grande importância cuja utilização se intensificou devido à crescente resistência aos antimicrobianos mais antigos como a tetraciclina.

A recente detecção, em diversos países, de resistência à colistina, considerada até há pouco tempo um antibiótico de última geração na medicina humana, também mostra a necessidade de examinar as práticas pecuárias, já que o fármaco tem sido utilizado durante décadas em porcos, aves, ovelhas e peixes de cultura.

Ampliar as opções de mitigação

O relatório centra-se na pecuária, já que se prevê que a procura futura de proteínas de origem animal acelerará as operações intensivas: aquelas nas que os animais em contacto estreito multiplicam a possível incidência dos agentes patogénicos da AMR. As aves - a principal fonte de proteína animal do mundo -, seguidas pelos porcos, são importantes veículos de transmissão da resistência aos antimicrobianos aos seres humanos através dos alimentos. Alguns casos na Tanzânia e Paquistão também evidenciam o risco de que a AMR tenha a sua origem em sistemas aquícolas integrados, que utilizam desperdicios agrícolas e das aves como alimento para os peixes.

Um nível elevado de biossegurança pode reduzir a necessidade de utilizar substâncias antimicrobianas minorando, desta forma, o risco de novas resistências. Assim, prevenir a contaminação alimentar e eliminar as bactérias da cadeia alimentar pode ser muito eficaz para reduzir a transmissão da AMR. Um estudo recente em vacas no Nebraska encontrou estirpes de E. coli na pele dos animais, mas unicamente 0,5% nas carcaças e nenhuma na carne destinada aos consumidores. Os vectores meio-ambientais - incluindo o vento, o solo, os desperdícios e a água - podem ser vias de transmissão da AMR mais difíceis de controlar.

Já que os animais apenas metabolizam uma pequena parte dos agentes antimicrobianos que ingerem, a sua propagação através dos restos animais pressupõe um problema importante.

Ainda que os pequenos agricultores possam depender menos dos antimicrobianos, costumam utilizar medicamentos sem receita médica nem assessoria veterinária. Uma dose incorrecta, sub-letal, promove a variabilidade genética e fenotípica entre as bactérias expostas que conseguem sobreviver.

Em resumo, ainda que nos falte muito para saber acerca da AMR, cada vez há mais evidências da sua presença nos sistemas alimentares, o que indica a necessidade de actuar de maneira imediata. Trabalhar conjuntamente em todos os sectores e aspectos da produção alimentar - desde a exploração agrícola ao consumidor -, contribuirá de maneira fundamental para desenvolver uma abordagem integral da sanidade para combater a AMR.

Terça-Feira, 15 de Novembro de 2016/ FAO.
http://www.fao.org

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