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Caso clínico: Melhoria da produtividade de uma exploração

De que forma podemos melhorar a produtividade de uma exploração?

7 Março 2005
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Descrição da Exploração




Trata-se de uma exploração integrada situada numa zona de alta densidade suína em Espanha. É um ciclo fechado de cerca de 180 porcas reprodutoras. Há 40 lugares de maternidade repartidos em 5 salas de 8. O objectivo de produção são 8 partos por semana.

Há pouco espaço, qualquer possível ampliação não é viável. Para tentar aproveitar o espaço, os leitões passam por: maternidade, baterias, recria, pré-engorda e engorda.

A reposição faz-se com animais de 100kg desde um multiplicador externo.

A exploração sempre teve bons índices produtivos, mas paulatinamente a produção foi caíndo.

A exploração é positiva a: doença de Aujeszky, PRRS, pneumonia enzoótica, sarna e pleuripneumonia. A situação não está controlada:

• As reprodutoras não produzem o esperado; a taxa de repetições é muito elevada, muitas porcas têm dificuldades para ser cobertas após p parto.
• Faltam leitões nascidos.
• É muito difícil que as primíparas entrem no circuito produtivo.
• Na fase de crescimento há problemas sanitários de forma continua.

1º semestre (2001)
Nº cerdas Cerca de 180
Nº cobrições 247 (9,6 por semana)
Nº partos 193 (7,5 por semana)
Índice partos 78,3
Partos / porca / ano 2,15
Nascidos totais 10,6
Nascidos vivos 9,5
Desmamados por parto 8,4
Desmamados / porca / ano 18,2
Mortalidade baterias à engorda 15%

Tanto o integrador como o integrado não estão dispostos a manter esta situação. Apostam numa mudança para recuperar os índices produtivos que a exploração vem tendo nos anos anteriores.



Melhoria da sanidade




Com a finalidade de melhorar a sanidade pensa-se reconverter a exploração num sítio I, ampliando o número de reprodutoras. A exploração não pára de produzir. As baterias e uma engorda são reconvertidas em maternidades, outra engorda converte-se em gestação. As pré-engordas reconvertem-se em área de adaptação para as marrãs de reposição.

Engorda reconvertida em maternidade Engorda reconvertida em gestação

Devido às limitações de espaço, a reposição faz-se com marrãs de 60, 80 e 100 kg. Para poder assegurar uma boa adaptação, uma parte da gestação deixa-se só para primíparas. As primíparas e as multíparas misturam-se na maternidade.

Engorda reconvertida em gestação com separação de primíparas e multíparas

O efectivo é aumentado até cerca das 430 porcas. Começa-se a trabalhar em bandas de partos de três semanas com a finalidade de conseguir grupos maiores de leitões e maior estabilidade sanitária. O objectivo de partos é de 56 cada 3 semanas.

Esvaziam-se as baterias e a engorda. Antes de aumentar o efectivo de reprodutoras:

• Avalia-se o estado de todas as presentes contra a doença de Aujeszky, eliminam-se as positivas.
• Erradica-se a sarna.

Os resultados obtidos após o efectivo da exploração se manter estável comparados con a situação inicial são:

1º semestre (2001) Maio 2002/Abril 2003
Nº porcas Cerca de 180 445,8
Nº cobrições 247 (9,6 por semana) 1209 (67,2 por banda)
Nº partos 193 (7,5 por semana) 1030 (57,2 por banda)
Índice partos 78,3 85,2
Partos / porca / ano 2,15 2,31
Nascidos totais 10,6 10,9
Nascidos vivos 9,5 10,2
Desmamados por parto 8,4 8,87
Desmamados / porca / ano 18,2 20,5
Mortalidade desmame à engorda 15% 4,65 %
Máximo 7 %

A situação melhorou de forma considerável:

• Erradicou-se a sarna.
• Controlou-se e erradicou-se ADV (Aujeszky).
• PRRS mantém-se controlada.



Mais melhorias




Apesar de que a situação a nível produtivo tenha melhorado, frequentemente há demasiadas repetições e dificuldades para cobrir as porcas que se desmamam. O número de leitões desmamados é demasiado baixo em comparação com os que nascem.

Dado que as repetições a partir da primavera do ano 2002 têm aumentado, organiza-se um curso de maneio de cobrições em Novembro, durante 3 meses nota-se uma melhoria mas depois começam de novo os problemas. Há que ter em conta que a melhoria coincide com a época do ano mais favorável para conseguir bons resultados.

mai-02 jun-02 jul-02 ago-02 set-02 out-02 nov-02 dez-02 jan-03 fev-03 mar-03 abr-03 Ano
% Repetições 8 12,9 12,8 13,1 17,3 11,1 18,5 7,55 9,01 7,25 12,8 14,5 12,08

Em Fevereiro de 2003 devido ao intenso frio há muitos problemas na maternidade, faz-se uma nova instalação de luz para poder colocar lâmpadas no momento do parto.

Na primavera de 2003 melhora-se a ventilação da maternidade instalando chaminés, também se instalam painéis evaporadores na gestação.

Devido ao baixo número de desmamados, em Setembro 2003 organiza-se um curso de maneio na maternidade.

Os resultados por cada banda de produção resumem-se nos seguintes gráficos (cada coluna corresponde a uma banda de produção, o número corresponde ao mês; ao serem bandas de partos cada 3 semanas há meses que se fecham com duas bandas de partos e outros com apenas uma).


Os resultados do curso fazem-se notar desde o próprio momento em que se põe em prática. O número de nascidos e de desmamados aumenta, assim como a sua qualidade.

Mas o mais curioso é observar a repercussão que o maneio nas maternidades teve na eficácia das cobrições.

¿É mais importante o maneio que a sanidade? ¿Com o objectivo de conseguir um aumento na produtividade vale a pena pagar qualquer preço?




Comentários



¿Podemos melhorar a produtividade da nossa exploração?

Os resultados obtidos no primeiro semestre do ano 2004 comparados com o ponto de partida são:

1º semestre (2001) 1º semestre (2004)
Nº porcas Cerca de 180 433,8
Nº cobrições 247 (9,6 por semana) 654 ( 65,4 por banda)
Nº partos 193 (7,5 por semana) 572 (57,2 por banda)
Índice partos 78,3 87,4
Partos / porca / ano 2,15 2,31
Nascidos totais 10,6 11,6
Nascidos vivos 9,5 10,9
Desmamados por parto 8,4 9,96
Desmamados / porca / ano 18,2 23,1
Mortalidade desmame à engorda 15% 4,37%

O objectivo em todas as explorações é aumentar a produção, mas não a qualquer preço. As distintas alterações devem ser rentáveis. Há que encontrar o equilíbrio entre a máxima produtividade e o mínimo custo, quando este equilíbrio se alcança obtém-se a máxima rentabilidade.

Este ponto de estabilidade é próprio de cada exploração e de cada momento. A estratégia não será a mesma se o preço de mercado é alto ou baixo.

• Numa situação de baixos preços, pode-se efectuar o esvaziamento total de uma exploração para erradicar determinados processos patológicos.
• No caso de que o preço do leitão seja muito bom, pode-se pensar em fazer um esvaziamento parcial das transições.

¿Que factores afectam a produtividade?

• Sanidade
• Maneio
• Instalações / Ambiente
• Genética
• Alimentação
• Bem-estar

De todos eles, o mais importante é a sanidade. Poder trabalhar em explorações sanitariamente estáveis permite que a produtividade só dependa dos demais factores, em princípio mais fáceis de controlar.

Por esta razão neste caso o esfuerço prioritário encaminha-se para conseguir um bom nível sanitário, com garantias de que se mantenha estável.

O grande esforço por melhorar a sanidade não dá realmente os seus frutos até que se consigam melhorias no maneio.

O pessoal é o segundo factor em importância que afecta a produtividade. Não basta apenas contar com pessoal motivado, é muito importante contar também com pessoal preparado. Para produzir bem há que fazer bem as coisas básicas.

Está claro que as cobrições são o motor da produtividade de uma exploração, mas não se podem cobrir bem porcas mal desmamadas, e 80% das porcas cobertas são do desmame.

As melhorias aplicadas no maneio na sala de partos conseguem que se passe de desmamar poucos leitões maus a muitos e bons, conseguindo também uma boa porca a ponto para iniciar uma nova gestação.

A genética só pode começar a demonstrar a sua capacidade de produção quando se conta com boa sanidade e bom maneio.

Pequenas alterações realizadas nas instalações permitiram continuar sendo eficazes em épocas do ano em que os excessos climáticos poderiam comprometer os resultados produtivos.

Não há que esquecer o bem-estar, muitos pensamos que uma expressão clara de que os animais estão bem é porque produzem bem.

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