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Visão e maneio do porco

O porco tem uma visão panorâmica de uns 310º e visão binocular de 35-50º. Sabendo esta informação, sabemos como devemos proceder com o maneio dos porcos.


Figura 1. Zona de visão monocular e visão binocular do porco.

O porco tem uma visão panorâmica de uns 310º e visão binocular de 35-50º (Fig. 1). Isto significa que em comparação ao ser humano, o porco prioriza a sua visão lateral monocular, o que aumenta a sua visão panorâmica (maior capacidade para detectar possíveis perigos, alimento, ou os próprios companheiros, etc) e diminui a sua visão bifocal (maior dificuldade para calcular distâncias). Quando o porco deva manejar-se numa manga de condução, portanto, deve considerar-se esta visualização do mundo lateralizada, já que uma abertura numa lateral da manga que para nós (que temos visão frontal) não tem maior importância, o porco vai encontrá-la no ponto central do seu campo visual. Isto provoca que às vezes os animais tentem fugir por pequenas aberturas que nós não pensamos que sejam problemáticas. É aconselhável, por outro lado, que as mangas de condução sejam completamente fechadas nas suas laterais para evitar que os animais se distraiam ou se assustem por estimulos externos ao próprio maneio.

A presença de bastões sensíveis a dois tipos de comprimentos de onda dentro das frequências azul e verde faz pensar que os porcos têm certa capacidade de percepção da cor, ainda que continuemos sem saber até onde chega esta percepção. Em todo o caso, o seu sentido da visão tem pouco a ver com o dos seres humanos, já que no porco prevalecem os sentidos do olfato e da audição. Isto significa que o animal deve adaptar-se a ambiente à sua volta a partir daquilo que ouve e cheira e a visão só lhe serve para completar essa informação, de igual modo que para nós o olfato serve para completar a informação obtida pelo nosso sentido da visão. Assim, quando entramos numa casa que cheia a gás tendemos a procurar visualmente a fonte do problema, quando a um porco lhe mudamos o aspecto do piso por onde está a andar, tenderá a parar para tocar o novo solo. Isto significa que se queremos que a mudança de local de um animal seja o mais rápida possível, há que evitar mudanças de superfície no solo da manga de condução, assegurar que não há objectos estranhos e evitar zonas claras em contraste com sombras, que devido à sua visão podem ser confundidas com alterações no relevo do solo. E ainda, e tendo em conta tudo isto, há que considerar que o animal continuará a ter a necessidade de tactear por onde vai passando, pelo que a tendeência vai ser a de parar. Por isso é também importante para uma boa mudança de sítio dos porcos que se manejem em grupos pequenos, de 5-7 animais. Isto permite ter um certo controlo dos animais e fazer com que os porcos não parem excessivamente. Frequentemente, com grupos maiores, perdemos o controlo sobre algum de eles, provocam paragens e o tratador deve aumentar o grau de amenaça sobre os animais que tem mais perto, que devem chegar a um estado de excitação suficiente para provocar não só o seu deslocamento como também o dos seus companheiros que estão parados uns metros mais à frente. É importante ter em conta que o pessoal que maneja os animais está a ter sempre um papel como factor de amenaça para esses animais, por isso querem fugir e por isso se deslocam. Há que conseguir que os animais se desloquem bem, numa fuga tranquila e para isso é fundamental controlar a nossa capacidade como factor de amenaça. Se fazemos correr os animais, é evidente que não estamos a fazer bem o nosso trabalho. Se submetemos os porcos a un estado demasiado potente ou constante de amenaça conseguiremos ter animais hiperactivos, ou seja, animais medrosos que reagem negativamente ante tudo, até frente a estimulos que os outros porcos reagirão simplesmente explorando (Fig. 2).

Neste video mostra-se um animal com um nível mais alto de ansiedade e isso faz com que o mesmo estimulo (a bola) o entenda como um factor de amenaça, o que aumenta a sua actividade geral e a vontade de fugir por onde calhar da sala (contar as linhas brancas cruzadas pelo animal).

O medo vai condicionar sempre a zona de fuga ou zona de alerta de um animal. Até que não entremos nessa zona de alerta, o animal não verá comprometida a sua integridade e não iniciará a fuga. Um animal medroso verá comprometida a sua integridade muito antes que qualquer outro animal, com o que se afastará de nós muito antes. O sentido em que se vai mover o animal tampouco é improvisado. Evolutivamente o porco aprendeu que se o perigo aparece pela frente o melhor é fugir para trás e se o perigo aparece por trás, há que fugir para a frente. Isto determina o que se chama o ponto de equilíbrio (ou de balanço) do porco, que determinará a sua fuga em relação à nossa posição (Fig. 3). Assim, para um bom maneio, deveremos aproximar do animal lentamente para não provocar uma resposta exagerada ao entrar na sua zona de escape e ter em conta o seu punto de balanço para o deslocar no sentido desejado.

Figura 3. Ponto de equilíbrio do porco. Se queremos fazer mover o animal para a frente, o que maneja o animal deve situar-se no ponto b.

Antoni Dalmau, Pol Llonch e Antonio Velarde. IRTA. Espanha

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