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Verdades de la Palice num mercado estável

Nesta entrega o autor comenta alguns dos elementos que movem o mercado além da oferta e da procura.

Como o mercado segue mais ou menos estável desde à mais de um mês, irei apresentar algumas verdades "de la Palice", quer dizer irei discorrer sobre alguns argumentos evidentes que nem sempre temos em conta, mas que também movem o mercado e inclusivamente chegam a amplificar as tendências.

Falamos sempre de stocks, consumos ou colheitas, mas deviamos matizar. Não é o mesmo falar do hemisfério Norte ou do hemisfério Sul, já que entre campanhas existem diferenças temporais de cinco ou seis meses aproximadamente. Também não é o mesmo falar de trigo, cevada ou outros cereais ou falar de milho ou sorgo onde as diferenças entre campanhas podem ser de 4 meses. Ou seja quando por exemplo dizemos que os stocks de milho são baixos e portanto no final da colheita podem ocorrer momentos de tensão nos preços, devems tomar em linha de conta quando chegam as colheitas de outros cereais (cevada ou trigo) com eles poderemos subtituir uma parte desse milho alargando assim os stocks finais. O mesmo ocorre ao contrário, no final da campanha do trigo ou da cevada os stocks de milho e sorgo são ainda abundantes pelo que são uma alternativa para o mercado.

Por outro lado se ao longo da campanha os stocks são curtos levando a uma subida de preços os agricultores de todo o mundo (sejam espanhóis, australianos ou russos) semeiam "até debaixo das pedras", procuram usar uma boa semente e adubar de forma a maximizar a produção. Assim na campanha seguinte (se não ocorrer um desastre natural) a colheita será boa ou muito boa.

No nosso mercado os fundos de investimento constituíram-se como protagonistas, e portanto se o mercado tiver sempre a mesma tendência não há negócio (altista, baixista ou estabilidade), já que em algum momento á que embolsar lucros, ganhar forças ainda que seja para continuar a subir ou a baixar. Em geral é verdade que depois de uma subida vem uma baixa e vice-versa. Devido aos fundos de investimento e à importância dos mercados financeiros estas oscilações são mais frequentes e regra geral de maior amplitude. Estas alterações conseguem-se criando tendências ou sensações de mercado com base em relatórios com dados mais ou menos verificáveis, mas nunca exactos. Hoje já estamos a falar da próxima campanha da soja que verá aumentar em 40 milhões de Tm a sua produção, ainda que possivelmente o incremento final seja menor, podemos esperar um aumento ao redor de 10-15%, por isso podemos esperar por uma baixa de preços para a próxima campanha no que ao complexo da soja diz respeito. Outro exemplo ainda mais especulativo, na Rússia e na Ucrânia são previstas melhores colheitas quando acabaram de terminar as sementeiras. Também se especula que com o aumento da colheita de milho na China, o que segundo os peritos provocará uma baixa nas importações, com o consequente aumento da oferta a nível internacional.

Com base nestes dados (altamente especulativos) parece-me que antes da primavera deveríamos assistir a correcções em baixa (se a climatologia for favorável às colheitas). Além disto os portos estão a transbordar de mercadoria situação que não parece que vá mudar a curto prazo.

Até lá e enquanto as reposições internacionais continuem a ser similares às de agora (mais cara a reposição que os preços que temos em porto), os preços vão-se manter altos e dependentes em grande medida das divisas.

Jordi Beascoechea

Jordi Beascoechea

5 de Dezembro de 2012

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