X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
1
Leia este artigo em:

Valor nutricional de diferentes fontes de DDGS para porcos de engorda

O milho é o principal ingrediente utilizado para a produção de etanol nos EUA enquanto na Europa e no Canadá as fábricas de etanol utilizam frequentemente trigo ou uma combinação de milho e trigo.

Os grãos de destilaria são um co-produto do processo de destilação dos cereais, através do qual se converte o amido em etanol e dióxido de carbono. O resto dos nutrientes (proteínas, lípidos, fibra, minerais e vitaminas) permanecem relativamente inalterados, embora concentrados (tabela 1). Estes nutrientes acabam num co-produto, que se conhece geralmente por grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS; Liu, 2011).

Tabela 1. Composição nutricional do milho, do trigo e dos seus grãos secos de destilaria com solúveis (DDGS; NRC, 2012).

Composição, % Milho DDGS de milho Trigo DDGS de trigo
Proteína bruta 8,24 28,89 14,46 36,61
Fibra bruta 1,98 9,48 2,57 6,75
Extracto etéreo 3,48 8,69 1,82 5,34
Amido 62,55 3,83 59,50 1,78
FND 9,11 41,86 10,60 34,70
FAD 2,88 15,55 3,55 13,81
Cálcio 0,02 0,08 0,06 0,16
Fósforo 0,26 0,56 0,39 0,92

O milho é o principal ingrediente utilizado para a produção de etanol nos EUA enquanto na Europa e no Canadá as fábricas de etanol utilizam frequentemente trigo ou uma combinação de milho e trigo. Os DDGS do trigo costumam conter mais PB, mas menos extrato etéreo que os do milho (tabela 1). A digestibilidade dos aminoácidos (AA) nos DDGS de trigo é variável, especialmente para a lisina (Lys) (Cozannet et al., 2010). O motivo desta variabilidade na digestibilidade da lisina é que algumas fontes de DDGS sofrem danos causados pelo calor durante o processo de secagem (Stein et al, 2006). Como consequência, a qualidade nutricional dos DDGS é afetada pelo cereal utilizado e pelas condições durante o processamento.

Digestibilidade de AA nos DDGS de milho e trigo

Utilizou-se uma fonte europeia de DDGS de trigo e de milho para avaliar a digestibilidade ideal estandardizada (SID) da proteína bruta (PB) e aminoácidos (AA). As dietas continham 50% de DDGS como única fonte de proteínas. A dieta com DDGS de milho teve menos PB mas mais Lys em comparação com a que continha DDGS de trigo. No entanto, a SID da PB e de todos os aminoácidos essenciais foi superior nos DDGS de milho comparativamente aos DDGS de trigo (tabela 2).

Tabela 2. Digestibilidade ileal estandarizada de aminoácidos essenciais em DDGS de milho ou trigo.

Aminoácido DDGS trigo DDGS milho valor P
Arg 74,31 82,83 <0,01
His 71,16 78,28 <0,01
Ile 70,20 75,27 <0,001
Leu 77,76 86,52 <0,01
Lys 33,07 58,45 <0,01
Met 72,89 83,51 <0,01
Phe 77,41 81,21 <0,01
Thr 64,05 70,09 <0,01
Trp 63,21 59,62 <0,01
Val 68,14 75,35 <0,01
Média 70,67 78,67 <0,01

Digestibilidade de nutrientes e efeito sobre o crescimento de duas fontes de DDGS de milho obtidas mediante dois processos diferentes

Determinou-se a SID dos AA e a digestibilidade aparente total no aparelho digestivo (ATTD - apparent total tract digestibility) da FND e do extrato etéreo hidrolizado com ácido (AEE) em dois tipos de DDGS: convencional e Dakota Gold. Também se registou o crescimento e as características da carcaça dos porcos de engorda alimentados com dietas contendo as duas fontes de DDGS.

O Dakota Gold é um DDGS com baixo teor de óleo obtido sem tratamento térmico, usando uma técnica de fermentação a frio chamada BPX que pode ter uma influência positiva na digestibilidade dos nutrientes. A adição de gordura às dietas aumenta a digestibilidade dos AA (Kil and Stein, 2011) e é possível, por isso, que a digestibilidade dos AA seja afetada pela baixa concentração de óleos do DDGS. A composição de ambas as fontes de DDGS apresenta-se na tabela 3 e a SID dos AA essenciais, assim como a digestibilidade aparente total no aparelho digestivo de EB, FND e AEE e a concentração de energia metabolizável (EM) na tabela 4.

Tabela 3. Concentração de matéria seca (MS), energia bruta e composição de nutrientes em duas fontes de DDGS.

DDGS Dakota Gold DDGS convencional
Matéria seca, % 87,77 82,26
Energia bruta, kcal/kg 4,442 4,831
Proteína bruta, % 29,5 28,67
Extrato etéreo, % 4,49 7,91
Extrato etéreo hidrolizado com ácido, % 6,82 9,54
FND, % 29,4 37,59

Tabela 4. Digestibilidade ileal estandarizada de AA essenciais, digestibilidade total aparente no aparelho digestivo da energia bruta, FND e do extrato etéreo hidrolizado com ácido (AEE), e concentração de EM em DDGS convencionais e Dakota Gold.

DDGS Dakota Gold DDGS convencional Erro padrão da média valor P
Digestibilidade ileal estandarizada
Arg 93,3 87,2 1,2 0,013
His 86,6 82,1 1,1 0,043
Ile 84,7 79,8 1,4 0,051
Leu 90,5 86,9 1,2 0,075
Lys 68,1 53,0 4,6 0,007
Met 89,3 85,4 0,9 0,007
Phe 88,4 84,2 1,1 0,017
Thr 80,8 77,4 1,1 0,052
Trp 79,1 76,7 2,7 0,582
Val 83,2 77,6 1,5 0,026
Digestibilidade total aparente no trato digestivo
Energia bruta, % 67,9 67,2 0,505
FND1, % 49,9 60,6 0,002
AEE1, % 51,9 68,4 0,001
Concentração de EM, kcal/kg 2,743 2,965 0,001

1NDF: fibra neutro detergente; AEE: extrato etéreo hidrolizado com ácido.

Observou-se uma maior SID de Arg, His, Lys, Met, Phe e Val no DDGS Dakota Gold em comparação com o convencional. Parece que o tratamento a frio utilizado para processar o DDGS Dakota Gold teve uma influencia positiva na digestibilidade dos AA devido à redução dos danos térmicos nesta fonte de DDGS. Contudo, a ATTD da FND e do AEE bem como a concentração de EM foi superior no DDGS convencional que no Dakota Gold. Não houve diferenças na ATTD da energia bruta entre ambas as fontes, por isso, a maior presença de EM no DDGS convencional, é o resultado da maior energia bruta no DDGS convencional.

Para comparar o crescimento e as características da carcaça, foram formuladas dietas com o mesmo nível de SID para Lys; para isso acrescentou-se Lys sintética à dieta com DDGS convencional. Porém não se tentou igualar a EM. Como consequência, a EM das dietas com DDGS convencionais era ligeiramente superior às que tinham DDGS Dakota Gold. Não houve diferenças no crescimento nem nas características de da carcaça (peso da carcaça quente, rendimento, gordura dorsal, área do músculo longissimus e percentagem de massa magra; resultados não apresentados) entre os porcos alimentados com DDGS Dakota Gold e os alimentados com DDGS convencional (figura 1). O efeito da redução de EM das dietas com DDGS Dakota Gold não se refletiu no crescimento.

Figura 1. Crescimento de porcos de engorda alimentados com DDGS Dakota Gold ou Convencional

Figura 1. Crescimento de porcos de engorda alimentados com DDGS Dakota Gold ou Convencional

Destas 2 experiências conclui-se que:

  1. O DDGS de milho tem mais SID de PB e AA essenciais em comparação com o DDGS de trigo.
  2. O processo para obter o DDGS pode alterar a digestibilidade de nutrientes, mas não o crescimento, nem as características da carcaça. A SID da maioria dos AA foi maior no DDGS Dakota Gold que no convencional, mas a ATTD da FND e o extracto etéreo hidrolizado com ácido e as concentrações de EM foram menores no DDGS Dakota Gold que no convencional. Contudo, o uso das 2 fontes de DDGS em dietas de desmame no mercado não afetaram o crescimento nem as características da carcaça, ainda que tenha sido necessária uma menor quantidade de AA sintéticos quando se utilizaram DDGS Dakota Gold.

Comentários ao artigo

Este espaço não é uma zona de consultas aos autores dos artigos mas sim um local de discussão aberto a todos os utilizadores de 3tres3
Insere um novo comentário

Para fazeres comentários tens que ser utilizador registado da 3tres3 e fazer login

Não estás inscrito na lista Última hora

Um boletim periódico de notícias sobre o mundo suinícola

faz login e inscreve-te na lista

Produtos relacionados na Loja Agro-Pecuária

A loja especializada em suíno
Acoselhamento e serviço técnico
Mais de 120 marcas e fabricantes

Artigos relacionados

Não estás inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.pt

faz login e inscreve-te na lista