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PCV-2d, PCV-2b, PCV-2a: Quão relevantes são as diferenças entre os genótipos para o veterinário?

A frequência de problemas sérios no genótipo a foi muito menor do que no genótipo b. Por que a frequência desses genótipos mudou?

Animales afectados por PMWS
Animales afectados por PMWS

Quando os grandes surtos de Circovírus Suíno, ocorridos na Europa, Ásia, América do Norte etc., foram estudados, em todos os países onde esses problemas de saúde foram analisados, por volta dos anos 2001-2004, coincidiu claramente com uma mudança na prevalência do genótipo a em relação a b. A frequência de problemas sérios com o genótipo a foi muito menor do que com o genótipo b. E a pergunta óbvia é por que mudou a frequência desses genótipos? Estamos a falar de um período em que não havia nenhuma pressão imunológica da vacina. Actualmente, encontramos outra mudança, na qual o genótipo mais frequentemente encontrado passou de b para d. Porque é que acontecem estas mudanças de prevalência? Especula-se que a pressão de vacinação tenha conseguido afectar esta mudança, com base na ideia de que a cobertura da vacina tenha sido mais eficiente face a b que a d. Mas isto não deixam de ser especulações e ainda mais se tivermos em atençao que todas as vacinas comerciais, actualmente, se baseiam em PCV-2a.

O que se verificou é que as vacinas baseadas em PCV2-a oferecem protecção face ao resto dos genótipos de PCV-2.

Quantos genótipos de PCV-2 se conhecem actualmente?

Recentemente, em colaboração com o Dr. Giovanni Franzo, da Universidade de Pádua (Itália), foi feita uma recapitulação de genótipos com base em critérios de genotipado mais modernos que os utilizados originariamente em 2008. Foram tidos em conta genótipos que estiveram presentes com um certo número de sequências. Neste processo foram estabelecidos 8 genótipos (a,b,c,d,e,f,g,h), ainda que dentro dos genótipos descritos haja alguns que estão pouco representados.

A modo de resumo, o PCV-2c foi descrito de maneira retrospectiva na Dinamarca quando estava a ser estudada a mudança de prevalência de PCV-2a a PCV-2b em relação ao início dos problemas clínicos de Circoviroses. Este PCV-2c foi encontrado posteriormente em porcos selvagens no Brasil e também na China. O PCV-2e foi encontrado no México e Estados Unidos e o PCV-2f na China. O que pode ser actualmente afirmado é que o genótipo que circula mais frequentemente é o d, seguido pelo b e o a. O que não quer dizer que os outros genótipos não circulem, mas que não têm a mesma representatividade e distribuição geográfica que os outros três.

Como afecta o fenómeno da recombinação em PCV-2 a eficácia da vacina?

É verdade que a recombinação é um fenómeno que ocorre nos circovírus. Ocorrem alterações de secção o entre vírus e também podem ocorrer entre diferentes genótipos. Como é que isto afecta a eficácia da vacina? é de recordar que as vacinas são feitas com base na única proteína de capside do PCV-2, um dos vírus mais simples conhecidos. Se se pensar numa recombinação hipotética entre o genótipo b e d que afectando toda esta secção, também não se esperarão problemas de protecção contra a vacina. Pode ser um problema se a recombinação afectar apenas uma parte do genoma, mas as recombinações não ocorrerem aleatoriamente, elas ocorrerão em pontos específicos. Por tudo isso, e tendo em conta que também não foram feitos estudos específicos, actualmente não se considera que as recombinações sejam uma fonte de variação suficientemente grande como para que afecte a capacidade de protecção das vacinas actuais. Nestes casos esporádicos de explorações que vacinando face a PCV-2 apresentaram casos diagnosticados como circovirose clínica, também não foram associados à presença de vírus recombinantes.

No futuro pode mudar a frequência dos diferentes genótipos de PCV-2?

É algo desconhecido hoje, mas poderá acontecer, como já aconteceu. Fala-se da influência da pressão da vacina, mas não é sabido ao certo. De facto, actualmente ainda não se sabe porque é que o genótipo b foi "mais bem-sucedido" e a mudança de frequência de a para b ocorreu.

O interesse e a discussão sobre a importância dos genótipos talvez tenha aumentado como resultado dos casos esporádicos, nos quais foram observados casos de circovirose clínica em explorações vacinadas contra o PCV-2. Quando genotipadas, a maioria dessas explorações possuía o genótipo PCV-2 d. Muitos técnicos levantaram a hipótese de que talvez esse genótipo tenha escapado à acção da vacina ou tivesse um maior grau de patogenicidade, mas penso que isso reflecte apenas o facto de que hoje o PCV-2d é o genótipo encontrado com mais frequência nas explorações. De facto, foram realizado estudos com base num diagnóstico clínico de circovirose suína, estudando quais os genótipos se estavam presentes e foram encontrado representados os três que foram mais frequentemente isolados (a, b e d). Além disso, quando se viu que o genótipo d estava a aumentar em frequência, e face à dúvida se as vacinas actuais proporcionavam protecção contra este genótipo, foram realizadas infecções experimentais e o resultado foi que as vacinas cobrem este genótipo da mesma forma que sucede com o a e o b.

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