Porque há anos em que os gerentes estão mais contentes (I)? Bandas semanais

O principal parâmetro que define a produtividade de uma exploração são os leitões desmamados/ porca– ano. No entanto, quando analisamos dados de um certo periodo de tempo (habitualmente meses, trimestres ou anos), o factor tempo pode afectar muito este parâmetro.

Quantos lotes são desmamados por ano?

Se o ano tem 52 semanas e há desmames uma vez por semana, num ano são desmamados 52 lotes. No entanto, para haver 52 semanas exactas, os anos deviam ter 364 dias. Deste modo, podemos dizer que os anos “normais” tem 52 semanas + 1 dia e que os bissextos tem 52 semanas + 2 dias. São bissextos um ano de cada 4.

Se o primeiro desmame do ano calhar a 1 de Janeiro, durante esse ano haverá 53 desmames em vez de 52. Se o ano for bissexto, isto acontece mesmo que o primeiro desmame seja a 2 de Janeiro.

1 lote extra de 52 representa quase 2% extra de leitões saídos nesse ano. É como se, em vez de desmamar com média de 10, desmassemos 10,2... Ou, tal como vimos no artigo “Leitão desmamado: moeda de câmbio”, como se reduzissemos em mais de 10% as repetições aos 21 dias... Não é pouco!

Por outro lado, os anos com 52 desmames, estão ligeiramente penalizados. Contamos mais um dia (2 em anos bissextos) que não se traduzem em aumento de produção, com o que subestimamos a produtividade real em aproximadamente 0,27% (1 dia / 365 dias) em anos normais e quase 0,55% (2 dias / 365 dias) em anos bissestos.

De quanto em quanto tempo há anos “especiais”?

2011 é um ano “normal” para as explorações que desmamam uma vez por semana na Quinta-feira: são desmamados 52 lotes. Deve esperar-se por 2015 para ter um ano “bom” com 53 desmames. Através de uma tabela Excel podemos antecipar o que vai acontecer nos anos seguintes:

Os intervalos são de 4 a 5 anos “maus” por 1 “bom”. Isto porque o dia do desmame vai adiantando 1 dia ao ano, excepto nos bissextos que avança 2.

Como tê-lo em conta?

O erro que se gera é dado pelo parâmetro: leitões desmamados / porca – ano. Ao falarmos de anos em que desmamamos uma vez por semana, isso não se enquadra, porque um ano não tem um número inteiro de semanas. Só se enquadraria se fossem realizados desmames diários (seria um erro minimizado nos anos bissextos).

Outra solução seria trabalhar com intervalos diferentes por ano, com semanas naturais, mas isto dificulta a análise de resultados que as empresas realizam no final do ano.

Análise trimestral: Atenção com os meses que são analisados!

O problema aumenta quando se analisam periodos mais curtos de tempo. Quando fechamos cada mês é habitual gerar um relatório de produção que contemple o último mês, o trimestre acumulado e o ano acumulado.

Imaginemos que começamos a realizar análises trimestrais para o ano 2011 numa exploração que se desmama à Quinta-feira uma vez por semana:

Tal como vemos haverá meses “fracos”, de 4 desmames (em letra negra) e meses “fortes”, de 5 desmames (em letra vermelha). Agora podemos entender o pouco valor que tem os desmamados / porca – ano, mês a mês, se não são tidos em conta o número de desmames realizados nesse mês. Sempre que o objetivo de partos seja conseguido de uma forma constante, nos meses de Março, Junho, Setembro e Dezembro de 2011 a produtividade será muito mais alta que no resto dos meses do ano porque tem um desmame a mais.

Se se começam a fazer análises trimestrais no início de ano, os resultados serão fiáveis para 2011 porque analisaremos: 2 meses maus e um bom, com um total de 13 desmames analisados / periodo.

No entanto, isto nem sempre é assim. Por exemplo, no ano 2010 aconteceu o seguinte:

• Primeiro trimestre 2010: 3 meses de 4 desmames= 12 desmames. Trimestre mais fraco do que o habitual (12 desmames em vez de 13)
• Segundo trimestre 2010: 1 mês de 5 desmames e 2 meses de 4 desmames= 13 desmames. Trimestre “normal”.
• Terceiro trimestre 2010: 2 meses de 5 desmames e um mês de 4 desmames= 14 desmames. Trimestre mais forte que o habitual (14 desmames em vez de 13).
• Quarto trimestre 2010: 1 mês de 5 desmames e 2 meses de 4 desmames= 13 desmames. Trimestre “normal”.

Exemplo: Imaginemos uma situação fictícia, uma exploração com uma média constante de 440 porcas produtivas que desmama exactamente 20 porcas por lote com 10 leitões.

O cálculo do ano 2010 foi “normal”: 8 meses com 4 desmames e 4 meses de 5 desmames . Em contrapartida, os números são muito diferentes se comparamos o primeiro trimestre do ano (21,8 desmamados / porca– ano) com o terceiro (25,5 desmamados / porca– ano).

Nos trimestres “fracos” (4 desmames) é substimada a produtividade em 1 parte de 13 (7,67%), enquanto que nos trimestres “fortes” (5 desmames ) é sobrestimada a produtividade na mesma proporção.

De facto, se comparamos a primeira metade do ano (25 desmames) com a segunda (27 desmames) serão encontradas grandes diferenças (1,8 desmamados / porca - ano) e nenhum dos dois valores corresponde à realidade (23,6 desmamados / porca – ano).

Conclusão

Os leitões desmamados / porca – ano é um excelente parâmetro para reflectir a produtividade das explorações, mas deve ser tratado com muita atenção, mesmo em periodos de análise longos (anos).

A análise trimestral é útil, mas sempre que considere um único mês de 5 desmames por trimestre. A distribuição dos meses com 5 desmames variará ano a ano e, por vezes, nem sempre, a um mês “forte” seguir-se-ão 2 de “francos” (como no ano 2010). Deste modo, os trimestres não podem ser seleccionados de forma rotineira (de Janeiro a Março / de Abril a Junho / de Julho a Setembro / de Outubro a Dezembro), devem ser estabelecidos em função do ano que iniciamos.

Em anos com 53 desmames haverá um pequeno "presente" num trimestre, algo que também deve ser devidamente interpretado, para não ter desgostos no futuro.

É muito recomendável contar qual vai ser a previsão dos desmames do ano que irá começar para evitar surpresas.