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Porco branco e ibérico: são assim tão diferentes?

Quanto à duração da gestação e produtividade na maternidade, as diferenças, são devidas, na sua maior parte, às diferenças genéticas entre ambos os grupos de porcas, enquanto que as variações de rendimento em gestação são devidas, fundamentalmente, aos diferentes sistemas produtivos.

A produção suína em Espanha está claramente diferenciada em duas vertentes, a de porcos de pelagem branca, baseada numa produção intensiva dirigida para produzir a maior quantidade de carne possível a um preço assessível, e a das diferentes raças de porco ibérico, em geral bastante menos intensificada e dirigida à produção de produtos de alta qualidade com um grande valor acrescentado (fundamentalmente presunto ibérico de diferentes categorias). De seguida mostraremos algumas das diferenças produtivas entre as porcas de ambos os tipos. Para isso, usam-se os dados de 2012 da base de dados de PigCHAMP Pro Europa, S.L., de dois grupos de explorações: com porcas de pelagem branca (68.000 porcas) e com porcas ibéricas (12.000 porcas).

As raças de pelagem branca que se usam maioritariamente como linha materna (Large White e Landrace) têm vindo a ser seleccionadas e a melhorar geneticamente de maneira intensiva desde há décadas, procurando maior eficiência produtiva (basicamente conseguir mais quilos de carne para matadouro por porca e ano). Pelo contrário, nas diferentes raças ibéricas, esta selecção foi bastante menos intensiva e procurou melhorias, fundamentalmente, na qualidade da carne.

1. A primeira diferença clara está na prolificidade. A melhoria neste aspecto nas porcas brancas foi muito notável, em particular nas últimas décadas, até chegar a diferenças como as que se mostram no gráfico 1.

Prolificidad según nº de parto

Gráfico 1: Prolificidade segundo o nº de parto

A diferença entre os dados médios de ambos os grupos é de 5,2 leitões (13,5 brancas, 8,3 ibéricas). A curva seguida pelos NT em função do nº de parto é similar, com uma diferença, a descida no número de nascidos totais das ibéricas começa no 5º parto, enquanto que nas porcas brancas mantém-se practicamente até ao 7º

Esta diferença transfere-se ao desamame, mas não a 100%, como pode ser observado no gráfico 2.

Destetados/cerda según nº de parto

Gráfico 2: Desmamados/porca segundo o nº de parto

Na média de desmamados, a diferença baixa para 3,8 leitões (10,7 brancas, 6,9 ibéricas). A razão é encontrada em dois parâmetros:

  • Nascidos mortos - A % de NM é menor em ibéricas já que as brancas tiveram 1,0 NM por parto (7,2%) e as ibéricas 0,4 (4.8%). O aumento de prolificidade das porcas brancas deu lugar a partos mais longos, com o que aumenta a possibilidade de morte de leitões durante o parto.
  • Mortalidade pré-desmame - No grupo anterior, a diferença foi de 1,5 leitões mortos nas brancas (11.1%) contra 0,7 nas ibéricas (8.9%). O parâmetro prolificidade é o que as empresas de genética tiveram mais êxito na sua melhoria (é um parâmetro muito hereditável, facilmente mensurável e com baixa influência do meio ambiente). No entanto, a eficácia ao desmame é a mais difícil de melhorar, pelo que o seu ritmo de incremento foi menor. Consequentemente, nas porcas de pelagem branca chegou-se a uma situação em que, normalmente, há mais leitões nascidos vivos que mamas disponíveis. Isto obrigou a implementar maneios nas maternidades (lactações partilhadas, desmames parciais, mães adoptivas) para tentar paliar esta diferença mas, ainda assim, há mais baixas nas maternidades de porcas brancas que nas ibéricas. A isto há que adicionar que, com o incremento da prolificidade, nas porcas brancas baixou o peso ao nascimento, o que dá lugar a leitões menos viáveis.

2. A segunda diferença clara entre ambos os grupos é a duração da gestação, que é mais curta nas porcas ibéricas, como mostra o gráfico 3.

Duración de la gestación

Gráfico 3: Duração da gestação

A diferença é de quase 2 dias (114,6 dias para as porcas brancas, 112,7 dias para as porcas ibéricas) e é puramente genética, não é influenciada pelo maneio. Observa-se que os partos das porcas brancas estão mais agrupados. Isto é devido a duas razões:

  • Nas porcas brancas programam-se mais partos, pelo que se concentram mais.
  • Em algumas explorações de porcas ibéricas não se conhece com exactidão a data da monta (as porcas desmamadas são transferidas para parques junto aos grupos de varrascos), pelo que essa data é aproximada.

Por último, comparam-se dois indicadores do rendimento em gestação: o intervalo desmame -1ª cobrição e a taxa de partos.

Intervalo destete-1ª cubrición

Gráfico 4: Intervalo desmame -1ª cobrição

A diferença entre ambos os grupos é de 1 dia (7,7 dias - brancas, 8,7 dias - ibéricas), mas com uma distribuição diferente, já que no grupo ibérico são observadas mais cobrições no intervalo 6-9 dias pós-desmame, ainda que seja um parâmetro claramente influênciado pelo maneio, já que em, explorações de porco ibérico da base de dados de PigCHAMP Pro Europa, S.L., com um bom maneio ao desmame, conseguem-se intervalos similares às explorações de porco branco.

Quanto à taxa de partos.

Tabela 1: Taxa de partos

Nº cobrições Idade média % repetições Taxa partos
Branco 167.645 2.5 9.2 84.9
Ibérico 18.156 2.8 16.9 78.9

As porcas ibéricas têm mais repetições e, consequentemente, uma menor taxa de partos. Em bastantes explorações ibéricas a produção é semi-extensiva, com o que o controlo da gestação é menos estrito que em sistemas intensivos. De novo, na base de dados de PigCHAMP Pro Europa, S.L., as explorações de porco ibérico com um bom maneio da inseminação e um bom controlo durante a gestação (especialmente a gestação precoce) conseguem rendimentos ao parto semelhantes às explorações de porco branco. Portanto, estas diferenças parecem dever-se, fundamentalmente, às diferenças de maneio.

Como resumo, pode afirmar-se que as diferenças entre ambos os grupos quanto à duração da gestação e produtividade na maternidade são devidas, na sua maior parte, às diferenças genéticas entre ambos os grupos de porcas, enquanto que as variações de rendimento em gestação são devidas, fundamentalmente, aos diferentes sistemas produtivos usados em ambos os grupos.

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