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Peste Suína Africana. Reconhecer a doença no campo

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O quadro clínico de PSA visto até à data na Rússia e nos países limítrofes, é um quadro agudo típico de doença. Os animais morrem entre os 7 e os 15 dias pós-infecção observando-se sintomas de febre, amontoamento devido ao frio e lesões.

Há pouco tempo advertiamos sobre o actual risco que representa a Peste Suína Africana (PSA) para a União Europeia (UE) e que a principal medida que devemos tomar para evitar a sua entrada é estar prevenido e informado sobre o assunto. Com este objectivo elaborámos o seguinte resumo que esperamos sirva para clarificar alguns conceitos práticos sobre a PSA, como a reconhecer e actuar no campo perante o seu aparecimento.

Como se apresenta a PSA?

A PSA é uma doença multisistémica classificada dentro do grupo das doenças hemorrágicas devido aos seus sintomas hemorrágicos presentes nas formas aguda e hiperaguda da doença.

Actualmente, a PSA encontra-se únicamente presente no continente africano, a ilha italiana da Sardenha, Rússia e Países caucasianos. Sardenha, único território onde a PSA permanece endémica desde a sua introdução em 1978, afectando os porcos domésticos europeus e os javalis, não provocou focos noutros territórios, com excepção de um único foco no norte de Itália nos anos 80. Pelo contrario, África e Rússia consideram-se um potencial risco para a introdução de PSA na UE. Nos últimos anos produziu-se um aumento da circulação viral de PSA no continente africano, havendo mais vírus que nunca no continente e portanto, mais animais e produtos contaminados. Por outro lado, na Rússia e países limítrofes afectados, a doença permanece presente desde 2007 na sua forma aguda, causando grandes perdas económicas numa situação que se encontra fora de controlo.

Tendo em conta os quadros causados nas regiões actualmente afectadas pela doença, assim como a alta susceptibilidade do porco europeu à PSA, a forma mais previsível de aparecimento da doença na UE seria uma forma aguda de PSA devido à introdução do virus a partir de comércio ilegal ou consumo de desperdicios contaminados procedentes de África ou do Leste da Europa.

Cerdo afectado por PPA con cianosis en las orejas.

Fig. 1: Porco afectado por PSA com cianose nas orelhas.

Possíveis formas clínicas da doença

No caso de a PSA se apresentar numa forma hiperaguda, produz-se a morte dos animais em poucos dias (menos de uma semana) sem sintomas aparentes a não ser uma febre elevada e o consequente amontoamento característico dos porcos nos parques.

Imagen característica de bazo hemorrágico aumentado de tamaño en un cerdo afectado por PPA.

Fig.2: Imagem característica de baço hemorrágico aumentado de tamanho num porco afectado por PSA.

Na forma aguda da doença os animais apresentam os típicos sintomas característicos de PSA e de outras hemorrágicas, com alterações cutâneas (exantemas nas extremidades, ventre e pavilhão auricular), febre, prostração, possíveis descargas hemorrágicas (nasais, diarreias) e dificuldades respiratórias nas fases finais devido ao edema pulmonar. Os animais morrem a partir dos dias 5-9 pós-infecção e na necrópsia podemos observar como lesões mais significativas as hemorragias e congestões no aparelho digestivo e gânglios adjacentes; hemorragias no baço, frequentemente aumentado de tamanho, cruzando a cavidade abdominal apresentando uma cor escura e textura friável. Nos rins podem-se observar petéquias no cortéx renal, hemorragias de diferentes graus nos gânglios linfáticos, especialmente os gastrohepáticos, renais e mandibulares e presença de edema pulmonar.

Ganglios gastrohepáticos totalmente hemorrágicos en la cavidad abdominal de un cerdo afectado por PPA.

Fig.3: Gânglios gastrohepáticos totalmente hemorrágicos na cavidade abdominal de um porco afectado por PSA.

Em surtos menos agudos da doença os animais apresentam sintomas menos claros, produzindo-se a sua morte a partir do 20º dia pós-infecção, frequentemente devido a complicações da trombocitopenia causada pelo vírus. Nestes animais as lesões hemorrágicas são mais pronunciadas nos gânglios, podendo-se observar hemorragias e alterações noutros órgãos como o pulmão, rim, coração e estômago.

Presencia de petequias en la superficie renal de un cerdo afectado con PPA.

Fig. 4: Presença de petéquias na superfície renal de um porco afectado com PSA.

Como se está a apresentar na Rússia?

O quadro clínico de PSA visto até à data na Rússia e nos países limítrofes, é um quadro agudo típico de doença. Os animais morrem entre os 7 e os 15 dias pós-infecção observando-se sintomas de febre, amontoamento devido ao frio e as lesões anteriormente descritas. No caso de que este mesmo isolado, pertencente ao genótipo II, entrasse em qualquer País Europeu, os sintomas esperados na população suína seriam os característicos da doença no seu curso agudo, pelo que se espera o seu rápido reconhecimento em campo.

Que fazer em caso de suspeita?

Neste sentido, é fundamental realizar um correcto diagnóstico diferencial com outras doenças hemorrágicas que podem ocorrer com síntomas parecidos como são a PSC, o mal rubro causado por erisipela suína, salmonelose aguda, doença de Aujezsky pelos abortos ou sindroma de dermatite-nefropatia. É importante recordar a semelhança de algumas destas doenças no campo com os primeiros síntomas de PSA. Pelo que no caso de se encontrar algum animal suspeito recomenda-se, em primeiro lugar a realização de uma necrópsia para estudar as lesões, cuidando especialmente a desinfecção e adequada destruição do material e calçado usado, para evitar possíveis difusões do VPSA.

As amostras que devem ser recolhidas para a realização do diagnóstico laboratorial devem incluir sangue e soro do animal suspeito, bem como amostras de baço e gânglios afectados preferívelmente. Também se podem enviar amostras de pulmão, fígado, rim ou outros órgãos se se considera oportuno.
A PSA é uma doença grave que pode ocasionar grandes perdas ao sector. Contudo, se se detecta a tempo, pode-se limitar em grande medida as repercussões negativas. Para isso é fundamental conhecer os sintomas clínicos da doença, especialmente na sua forma aguda presente actualmente na Rússia, portanto a que com maior probabilidade se daria em caso de introdução na UE. Do mesmo modo, convém recordar a importancia de incluir a PSA no diagnóstico diferencial de outras doenças hemorrágicas e a confirmação do seu diagnóstico mediante técnicas laboratoriais.

Comentários ao artigo

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13-Nov-2012zucula,Ilidio Alvarozucula,Ilidio Alvarobom artigo,fiquei a saber um pouco dos sintomas desta doenca,dado que presentemente esta a assolar o sul de mocambique e sem meios para a combater. ja agora como curar os animais?
18-Abr-2013Emídio TaimaneEmídio TaimaneOs meus porcos encontram-se doente e não alimenta-se pedendo vontade eles mostram machas na orelha e vistas vermelhas tremendo espumando peso ajuda em medicação
17-Nov-2013Yolanda FernandaYolanda FernandaGostei do artigo, pois da resumo claro sobre as doencas que acometem animais selvagens e domesticos,bem como a sua transmissao
23-Jul-2014ALRIAN ALVESALRIAN ALVESquais males pode causar para a populaçao o sonssumidor
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