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O verão de São José

Os compradores em geral cobriram as suas posições até à colheita, e os vendedores sentem-se cómodos com os stocks à espera de noticias sobre a evolução das novas colheitas.

Estamos no que eu pessoalmente chamo de verão de São José, um período no qual se conjugam dois factores importantes:

  • Descida de consumo em todo o hemisfério norte.
  • Os balanços de oferta e procura da colheita são totalmente conhecidos e são difíceis de alterar considerando noticias como as da próxima colheita.

Dado que estes últimos anos podemos disfrutar em geral de boas colheitas, estes dois factores provocaram que os meses de Fevereiro e Março tenham sido uma boa ocasião de compra. O verão de São José foi quem deu o mote porque nos últimos anos as oportunidades de compra acabaram por volta do dia 19 de Março, dia de Sã José. Os compradores em geral cobriram as suas posições até à colheita, e os vendedores sentem-se cómodos com os stocks à espera de notícias sobre a evolução das novas colheitas.

Este ano apareceu um factor que pode distorcer tudo um pouco, que é a falta de coberturas por parte dos compradores. Desde há já algum tempo e motivado pelas dúvidas e pela volatilidade dos preços, os compradores foram reduzindo as suas coberturas e, ao dia de hoje, salvo excepções, atrever-me-ia a aventurar que as coberturas são de um mês, porque a partir de Maio/Junho está tudo por fazer, ou quase.

Tendo em conta que os portos estão cheios, pelo menos de trigo e milho, e continuam a chegar barcos, temos de acreditar que durante as próximas semanas continuarão a haver oportunidades de compra. No fundo estas oportunidades dependerão da evolução das taxas de câmbio (sobretudo o euro/dólar).

Por outro lado existem ofertas para nova colheita, tanto em trigo (mais ou menos 202 €/ton) como no milho (cerca de 201 €/ton). No meu modo de ver deveriam tomar-se posições nestes níveis, ainda que apenas fosse para ter uma referência e não esqueçamos que estamos a falar de uns 20-25 €/ton mais barato que os preços aos que se começou a trabalhar no ano passado neste mesmo período, o que não é nada mau, sobretudo tendo em conta que ninguém sabe o que ocorrerá na próxima campanha. Estou certo que entraremos na típica espiral de notícias desta altura do ano: seja a seca, a diminuição de rendimentos, o frio…. O necessário para que os fundos tenham um cenário propício para entrar e sair e criar dúvidas sobre o futuro.

Um último apontamento antes de entrar nos preços, fala-se de seca em Espanha, e é verdade, mas não há que esquecer que a bondade da colheita, sobretudo no nosso país (que em geral é de agricultura de sequeiro) se confirma independentemente das chuvas de Primavera (Março, Abril e Maio). Além do mais, não esqueçamos que se a colheita não fosse boa, ou inclusivamente se somos pessimistas e pensamos que será má, a sabedoria popular diz que a más colheitas, preços não caros e a boas colheita preços não baratos. Entendo que isto é devido a que os fabricantes tomam posições no porto (de cereais de importação) quando pressentem que a colheita não vai ser boa. Enquanto o fabricante quando pressente que a colheita pode ser boa, lhes custa tomar posições a longo prazo no que ao porto se refere, pelos futuros compromissos que possa ter. Tendo em conta que Espanha é um país deficitário em cereais isto favorece que, ainda que haja muito, no final seja sempre pouco.

Falemos agora de preços, em trigo e milho podemos generalizar que diminuiu o preço de €/ton, até se situar em redor aos 220 €/ton. O mercado, sobretudo no Norte de Espanha, continuou a cobrir as suas necessidades, com base no trigo nacional que ainda existe e no milho nacional ou francês, a preços muito mais competitivos (cerca de 223 €/ton destino Lérida por exemplo). As ofertas de cevada continuam a ser quase inexistentes, esperando que (por fim!) chova para continuar a vender a que está armazenada.

Quanto à proteína, continuamos iguais ou piores. Além do mais, a curto prazo não se vislumbram alterações, pelo menos na soja, já que os prémios, e por conseguinte as bases, continuam a baixar isto é mais do que compensado pelas subidas (infindáveis) dos futuros de Chicago, pelo que o preço final foi aumentando ao longo do último mês e meio. Em Tarragona prevê-se a chegada de diversos barcos e para além disso esperemos que quando os agricultores da América decidam entre semear soja ou milho, decisão que deverão tomar em breve, o mercado de Chicago tenha uma pausa nas subidas e ceda de maneira significativa.

Quanto à colza e ao girassol, à parte de acompanharem a soja, estão totalmente influenciados pela chegada de barcos aos portos, neste momento muito escassa por todos os problemas que o temporal de frio ocasionou no mar Negro. Entendemos que quando este problema acabe (3 semanas?) e chegue mercadoria de maneira regular, ambos produtos se regularizem e se situem a preços mais competitivos.

Jordi Beascoechea

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