X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

Importância dos insectos como vectores de PRRSv

Quando se avalia a possibilidade real de infecção entre explorações, as moscas nunca são contempladas como um risco real, a não ser que estejamos a falar de zonas de muito alta densidade com muito pouca distância entre explorações. No entanto, as moscas podem viajar distâncias mais longas se ao recolher cadáveres também se capturam moscas.

11 Maio 2015
X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0

Artigo

Further assessment of houseflies (Musca domestica) as vectors for the mechanical transport and transmission of porcine reproductive and respiratory syndrome virus under field conditions. Pitkin A, Deen J, Otake S, Moon, R, Dee S. Can J Vet Res. 2009 73: 91-96

 

Resumo do artigo

O que é que estuda?

A PRRSv pode ser transmitida a partir de porcos infectados, sémen contaminado, objectos infectados, pessoas, veículos de transporte e aerossóis. No que respeita aos insectos, os mosquitos (Aedes vexans) e as moscas domésticas (Musca domestica) podem exercer vez de vectores mecânicos de PRRSV já que o vírus não se replica dentro dessas espécies e não podem agir como vectores biológicos.

O propósito deste estudo foi avaliar o papel da mosca doméstica no transporte e transmissão de PRRSV entre explorações sob condições controladas de campo.

 

Como é que se estuda?

Durante um periodo de 16 semanas, foram realizadas 7 réplicas de duas semanas de duração numa exploração experimental separada 16 km de outras explorações suínas.

O pavilhão A alojava 300 porcos de engorda (100 destes porcos foram inoculados por via intranasal com 2 ml de PRRSv) e por cima de cada divisória em betão foram colocados contentores com pupas de mosca doméstica (2 lotes de 100.000 pupas por réplica) para permitir que as moscas adultas contactassem com os porcos.

O pavilhão B estava situado a 120 metros do A, tinha ventilação natural, pavimento sólido de betão e alojava 20 porcos de 25 kg não expostos a PRRSv. Foi recolhido soro dos 20 porcos do pavilhão B nos dias 2, 5, 7, 9 e 12 de cada réplica.

O pavilhão B era sempre visitado antes do A. O pessoal (3 trabalhadores concretos) usava botas, fato de macaco e luvas diferentes nos pavilhões nos pavilhões A e B.

Foram usadas armadilhas para moscas em ambos os pavilhões. As moscas capturadas contavam-se e eram armazenadas em sacos de plástico etiquetados. Depois foram feitos homogeneizados de 30 moscas segundo o dia de recolha. Foram realizados bio-ensaios suínos para ver se havia PRRSv infeccioso nas amostras de moscas recolhidas no pavilhão B.

Também foram recolhidas zaragatoas das mãos, botas e fatos de macaco do pessoal, assim como amostras do ar, que foram analisadas para detectar a presença de RNA de PRRSv.

 

Quais são os resultados?

Houve muito contacto entre as moscas e os porcos. Foram analisados 49 homogeneizados de moscas (1.459 moscas no total) do pavilhão A. Dezasseis deles (479 moscas no total) foram positivos mediante PCR. No pavilhão B foram analisados 12 homogeneizados (365 moscas) dos quais 3 foram positivos e foram capazes de infectar os porcos no bio-ensaio realizado após a fase experimental.

Em 2 das 7 réplicas foi detectado transporte de RNA de PRRSv da exploração A para a B. Nestas duas réplicas foi detectado RNA de PRRSv e vírus infeccioso tanto nos homogeneizados de moscas como nos porcos do pavilhão B.

Não foi detectado RNA de PRRSv em nenhuma das amostras de ar (n = 70) ou em zaragatoas de objectos infectados e pessoal (n = 1176).

A infecção dos porcos do pavilhão B que foi observadas em duas das réplicas foi, muito provavelmente devida a moscas domésticas devido ao alto grau de homologia entre ambas as amostras de porcos e as de insectos recolhidas nos pavilhões A e B.

 

Quais são as conclusões que se extraem deste trabalho?

Sob as condições adequadas, o PRRSv de porcos infectados pode-se aderir às moscas domésticas e permanecer em estado viável até outros pavilhões da mesma exploração ou outras explorações.

A transmissão do vírus por insectos a porcos não expostos é, provavelmente, um evento infrequente já que depende de um grande número de factores mesmo que tenha sido demonstrado que é possível. Não se sabe se as moscas podem transmitir PRRSv para além dos 120 metros.

As moscas domésticas demonstraram ser um factor de risco para novas infecções por PRRSv pelo que os produtores e veterinários deviam implementar intervenções válidas para controlar os insectos nas explorações suínas.

 

Enric MarcoA visão do campo por Enric Marco

Quando estabelecemos protocolos de biossegurança nas explorações, depois de contemplar as cercas, os filtros necessários para a entrada de visitas ou material e os elementos necessários para estabelecer uma carga/descarga segura dos animais são sempre introduzidos posteriormente comentários sobre o controlo de pássaros roedores e insectos. Estes últimos estão presentes em quase todos os planos de biossegurança, mas quantas vezes são considerados um risco real?

Se tivermos em conta os resultados obtidos no estudo realizado na Universidade de Minnesota, a possibilidade de que as moscas possam actuar como veículos do vírus PRRS é um risco real, pelo menos a curtas distâncias (120 metros). Quando é avaliado o controlo das circulações víricas do vírus no interior de uma exploração, o controlo de insectos e, em concreto o das moscas, deve estar sempre presente. De nada servirá uma correcta biossegurança entre lotes (tal como foi contemplado em artigos anteriores): evitar movimentos de animais entre lotes, mudança de roupa, calçado, lavagem de mãos e material específico por lote, se não está controlada a população de moscas. O controlo de moscas nas explorações não deve apenas ser baseado no uso regular de produtos insecticidas, mas também em evitar que se reúnam as condições ideais para a sua reprodução. Isto resulta relativamente simples para a mosca doméstica uma vez que se mantenham as fossas de chorume relativamente líquidas, sem crostas superficiais, as fases larvares das moscas não se desenvolvem com facilidade, sendo a sua população reduzida.

Evitar la captura de moscas por los transportes de cadáveres es difícil, por no decir imposible, pero el uso de insecticidas en el interior del contenedor una vez que éste está cerrado las eliminaría

No entanto, quando se avalia a possibilidade real de infecção entre explorações, as moscas nunca são contempladas como um risco real, a não ser que estejamos a falar de zonas de muito alta densidade com muito pouca distância entre explorações. Tal como está descrito no artigo, as moscas podem viajar distâncias de até 2,4 km mas, e se forem capturadas no interior de um veículo? Este pode ser o caso dos camiões de recolha de cadáveres. Ao recolher cadáveres também são capturadas moscas que, em alguns casos, podem ser transportadas até algumas dezenas de kilómetros. Evitar a captura de moscas pelos transportes de cadáveres é difícil, por não dizer impossível, mas o uso de insecticidas no interior do contentor uma vez que este esteja fechado (ver pormenor do sistema de desinsectação na foto) eliminaria as moscas, evitando assim o seu risco. Este método já se aplica em algumas das empresas de recolha e deveria ser obrigatória a sua aplicação em todas elas.

Comentários ao artigo

Este espaço não é uma zona de consultas aos autores dos artigos mas sim um local de discussão aberto a todos os utilizadores de 3tres3
Insere um novo comentário

Para fazeres comentários tens que ser utilizador registado da 3tres3 e fazer login

Não estás inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.pt

faz login e inscreve-te na lista

Produtos relacionados na Loja Agro-Pecuária

A loja especializada em suíno
Acoselhamento e serviço técnico
Mais de 120 marcas e fabricantes

Artigos relacionados

Não estás inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.pt

faz login e inscreve-te na lista