X
XLinkedinWhatsAppTelegramTelegram
0
Leia este artigo em:

É possível controlar os defeitos genéticos? (3/5)

Os defeitos genéticos incluem um amplo leque de patologias que podem ser controladas

Tal como descrevemos num artígo anterior (Hérnias e criptorquidia), os defeitos genéticos incluem um amplo leque de patologias. Estas podem ser controladas por um gene (locus único), ou por acção combinada de muitos genes (poligénicos) e/ou envolvendo factores não genéticos ou ambientais. Além do mais, há desordens que parecem ser familiares mas das quais não temos suficientes evidências para concluir que genes estão envolvidos.

A base de dados standard para caracteres e transtornos herdados em espécies animais é a Online Mendelian Inheritance in Animals (OMIA). Esta base de dados pertence à Universidade de Sidney, na Austrália. Pode aceder-se à dedicada ao porco desde:

http://omia.angis.org.au/adv_search_results.shtml?field1=sci_name&query1=Sus+scrofa

Esta base de dados descreve 222 defeitos e aponta as possíveis bases para a heritabilidade de cada transtorno. Este último é importante já que determina se o controlo de um defeito é realista.

Alguns exemplos de desrdens poligénicos são a criptorquidia ou a hérnia escrotal – como há mais de um gene envolvido, o controlo é complexo e será abordado num artígo posterior.

Contudo, os defeitos de genes principais (únicos) são menos complexos – OMIA enumera 29 desordens de locus único. Destes, 9 foram caracterizados ao nível molecular, pelo que se podem utilizar testes de ADN para o controlo:

Defeito Caracterizado a nivel molecular
Artrogripose
No
Ataxia progressiva
Si
Enanismo
Si
Gangliosidose
No
Hemofilia A
No
Falta de pêlo, com enfisema dependente da idade
No
Paralisisa de extremidades posteriores
No
Hipercolesterolemia
Si
Hipotricose, dominante
No
Hipotricose, recessiva
No
Falta de extremidades
No
Linfosarcoma
No
Hipertermia maligna (Halotano)
Si
Rendimento Napole (RN)
Si
Glomerulonefrite membranoproliferativa tipo II
Si
Diarreia neonatal, F4
No
Transporte de nucleósidos defeituoso
No
Porfiria eritropoiética congénita
No
Porfiria, sem classificar
No
Miopatía progressiva (Creeper)
No
Deficiência de protamina-2
No
Quistos renais
No
Receptor E. coli F18 - resistência à doença dos edemas
Si
Inversão de sexo: XX macho
No
Defeito de cauda curta e imóvel (ISTS)
Si
Síndroma de Campus, tremores
No
Tremores, relacionados com X
No
Raquitismo por deficiência de vitamina D, tipo I (PDDR)
Si
Doença de Von Willebrand
No


Hipertermia maligna (halotano) – um defeito de locus único.

Deve ter-se em conta que vários destes “defeitos” são muito pouco frequentes – em alguns casos só há um caso descrito na literatura. Contudo, há três genes principais de importância significativa para a indústria – hipertermia maligna/halotano/stress e os dois genes de E. coli (F4 e F18) – que têm testes de ADN disponíveis para os programas de selecção. Além do mais, a incidência de ISTS foi rapidamente reduzida na população de Finnish Yorkshire utilizando marcadores genéticos para a selecção.

Para outros caracteres de importância económica onde não há testes de ADN disponíveis, o controlo é frequentemente pouco fiável devdo a factores limitantes. Contudo, a experiência clínica sugere que as seguintes “regras” costumam funcionar:

- Não é aconselhável o uso de animais “corrigidos” cirurgicamente como futuros reprodutores (p.e.: atresia ou hérnias).

- Quando a incidência aumenta rapidamente acima dos valores “normais”, há que investigar a possível presença de micotoxinas na ração e rever se as especificações da dieta se ajustam aos valores recomendados. Por exemplo, valores baixos de certos aminoácidos e vitaminas foram relacionados com altas incidências de splayleg.

- Os factores ambientais podem ser importantes, pelo que há que os rever nas explorações nas que aumentam os defeitos. Alguns exemplos são o prolapso rectal (aumento de tosse, diarreia, lutas, currais novos com solo inadequado...) e splayleg (estado do solo na maternidade).


Splayleg – as múltiplas causas dificultam o seu controlo.

- Como último recurso numa exploração com uma alta incidência que cause perdas económicas graves, pode considerar-se a aplicação de um programa de abate dos individuos afectados e dos seus pais e irmãos. Contudo, devem manter-se registos precisos para monitorizar a situação se a incidência se reduz independentemente do programa de abate!

Comentários ao artigo

Este espaço não é uma zona de consultas aos autores dos artigos mas sim um local de discussão aberto a todos os utilizadores de 3tres3
Insere um novo comentário

Para fazeres comentários tens que ser utilizador registado da 3tres3 e fazer login

Não estás inscrito na lista Última hora

Um boletim periódico de notícias sobre o mundo suinícola

faz login e inscreve-te na lista

Não estás inscrito na lista A web em 3 minutos

Um resumo semanal das novidades da 3tres3.com.pt

faz login e inscreve-te na lista