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Como afectam o rendimento o espaço do comedouro e o tamanho do grupo?

Que efeito o espaço do comedouro e o tamanho do grupo têm no crescimento e lesões na orelha e na cauda?

Foto 1. Porcos num comedouro

Foto 1. Porcos num comedouro

Os comedouros são a interface final entre porcos e dietas desenhadas para atender às suas necessidades nutricionais. O espaço do comedouro deve ser suficiente para garantir que todos os indivíduos do grupo tenham acesso à ração, independentemente de suas capacidades competitivas. O número de porcos por boca do comedouro pode ser definido como o número de porcos por espaço disponível (boca do comedouro) num parque (ou seja, 10 porcos por boca do comedouro) É essencial proporcionar um espaço de comedouro adequado (mas não excessivo) para ter êxito no maneio da exploração.

Há muito interesse, e controvérsia, sobre qual é o tamanho ideal do grupo para maximizar o rendimento após o desmame, especialmente à luz da tendência de usar grupos grandes (> 100-150) como uma estratégia para minimizar os custos de instalação, maximizar o uso do pavilhão e melhorar a rentabilidade geral. É importante mencionar que o aumento no tamanho do grupo é às vezes confundido com uma redução na densidade, portanto deve-se tomar cuidado ao interpretar dados e informações sobre este tema.

Efeito do número de porcos por boca e tamanho do grupo sobre o rendimento do crescimento

Estudos recentes mostraram que o espaço do comedouro e grupos grandes podem afectar o ganho médio diário e o consumo durante a transição (Laskoski et al., 2019). Aumentar o consumo para melhorar o crescimento logo após o desmame pode ser uma estratégia para aumentar o rendimento dos porcos após o desmame. Laskoski et al. (2019) analisaram os efeitos do número de porcos por boca de comedouro e do tamanho do grupo sobre o início do consumo de ração e sobre o rendimento do crescimento em leitões de transição com uma densidade constante (0,23 m²/porco) e observaram que os parques com 3,75 animais por boca de comedouro, ou 15 animais por curral, foram os que começaram a comer ração mais cedo após o desmame (figura 1) e os que tiveram o consumo médio mais elevado durante os primeiros 14 dias pós-desmame em comparação com os outros tratamentos. No mesmo estudo, foi observado um aumento linear da taxa de crescimento ao diminuir o número de porcos por boca de comedouro ao alterar o tamanho do grupo. Ainda que não tenham sido reportados efeitos significativos sobre a percentagem de eliminações durante a transição ao reduzir o tamanho do grupo de 7,5 a 3,75 porcos por boca de comedouro, os resultados deste estudo indicaram uma redução numérica das eliminações durante o periodo (4,3% vs 0,9% respectivamente).

Figura 1. Tempo médio até ao início do consumo de ração segundo o número de porcos por boca de comedouro e por parque durante a transição. Linear, P < 0,001; Quadrático, P = 0,081.

Figura 1. Tempo médio até ao início do consumo de ração segundo o número de porcos por boca de comedouro e por parque durante a transição. Linear, P < 0,001; Quadrático, P = 0,081.

Efeito do número de porcos por boca e tamanho do grupo sobre as lesões das caudas e orelhas

O aumento do tamanho do grupo pode levar ao aumento da tensão e agressividade nos porcos (Randolph et al.,1981; Curtis, 1996). No entanto, as observações casuais (Wolter & Ellis, 2000) não revelaram sinais de comportamentos anormais, como mordidas na cauda ou na orelha, ao aumentar o tamanho dos grupos na transição. A competição por ração pode ser o principal factor envolvido no desencadeamento de interacções agressivas entre os animais e a disponibilidade reduzida de espaço de comedouro foi descrita como um factor de risco para mordeduras de cauda. Laskoski et al. (2019) demostraram que com 6,25 porcos por boca de comedouro era reduzido o aparecimento de lesões em orelhas, enquanto que as de cauda se reduziram com 3,75 porcos por boca de comedouro. Isto demonstra que a restrição do espaço de comedouro pode explicar o aparecimento de lesões de caudas e orelhas (tabela 1), ainda que a ração seja fornecida ad libitum, e que o espaço do comedouro possa estar associado ao aparecimento destes comportamentos em porcos de transição.

Tabela 1. Lesões em caudas e orelhas segundo o número de porcos por boca de comedouro durante todo o periodo de transição.*

Porcos por boca de comedouro (tamanho de grupo)
7,50 (30) 6,25 (25) 5,00 (20) 3,75 (15)
Lesões em caudas, % 11,9b 9,7b 6,4b 0a
Lesões em orelhas, % 5,7b 0a 0,7a 0a

* Foram usados um total de 630 porcos (peso corporal inicial de 5,59 ± 0,9 kg) com uma densidade por porco de 0,23 m² e 7 parques por tratamento. O periodo de transição foi calculado entre o desmame e os 42 dias.
a,b As percentagens seguidas por letras diferentes dentro de cada fila difierem estatisticamente (P <0,05)

Em resumo, Laskoski et al. (2019) descreveram que com a redução do número de porcos por boca do comedouro, reduzindo o tamanho do grupo enquanto se mantém uma densidade constante:

  • se reduz a incidência das lesões de orelhas e caudas;
  • tende a incrementar a taxa de crescimento durante todo o periodo;
  • se reduz o tempo até ao início do consumo de ração e se aumenta o consumo na fase inicial da transição.

Por este motivo, reduzir o número de porcos por comedouro, através da redução do tamanho do grupo, pode ser uma estratégia válida para melhorar o rendimento do crescimento e o bem-estar animal, principalmente quando o espaço está restringido.

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