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Clima de Abril nefasto para o campo espanhol

Será difícil fazer uma estimativa global da descida média que ocorreu em Espanha relativamente ao ano passado mas pensamos que poderá ser de 25% menos.

Enquanto a situação global de oferta de matérias-primas continua a ser muito abundante e há expectativas de produção record para vários produtos, temos em Espanha o primeiro grande problema provocado pelas condições climatológicas.

Era sabido que as províncias de Palência, parte oeste de Burgos e norte de Valladolid tinham passado um Inverno mais seco que o normal mas como os cereais nestas zonas são mais tardios, esta situação não era considerada perigosa, pelo menos até ao final de Março / princípio de Abril. O resto da península, como referido no artigo passado, não tinha uma situação excepcional. Infelizmente, no mês de Abril não houve praticamente chuva o que, à medida que avançavam os dias, se reflectia no campo como mais necessário. Além disso, as temperaturas acima das médias históricas junto com ventos regulares mudaram radicalmente a situação.

Será difícil fazer uma estimativa global da descida média que ocorreu em Espanha relativamente ao ano passado mas pensamos que poderá ser de 25% menos.

Por outro lado arrancamos Maio com chuvas por toda a Península, que o campo agradecerá por certo, e o estado das diferentes zonas deverá ser reavaliado a partir do dia de São Isidro (15 de Maio). É bem possível que o estado das culturas melhores sensivelmente e as expectativas não sejam tão negativas como agora.

Imagem 1. Campo Castilha e Leão no dia 28 Abril (http://www.campocyl.es)
Imagem 1. Campo Castilha e Leão no dia 28 Abril (http://www.campocyl.es)

Cereais

A oferta e as expectativas das colheitas a nível mundial e na Europa, que continuam a ser elevadas, junto com alterações na moeda (acima de 1,09, valor que não assistido desde Outubro de 2016) tinham situado a oferta entre 8-10 €/t abaixo dos níveis de há um mês atrás, tanto para milho como para trigo, em portos peninsulares para novas colheitas.

A situação referida no interior da peninsula relativamente às expectativas, motivou um alto nível de operações no litoral com o objectivo de garantir custos em correctos níveis para a produção animal.

Figura 1. Evolução da produção de milho no Brasil. Fonte: USDA.
Figura 1. Evolução da produção de milho no Brasil. Fonte: USDA.

Ainda resta algum tempo de risco também para a Europa em termos de clima. Não seria bom que uma situação como a de Espanha se estendesse a países fortemente produtores como a França ou a Alemanha ou as grandes extensões do Este da Europa, o que iria provocar subidas muito elevadas nas cotações.

Estimamos que o percurso baixista dos preços de importação será muito reduzido e será difícil ver preços por baixo de 170 €/t para milhos e trigos antes da pressão de colheita nos meses de Verão.

Figura 2. Condições das colheitas em países AMIS (a 28 de Março). Fonte GEOGLAM
Figura 2. Condições das colheitas em países AMIS (a 28 de Março). Fonte GEOGLAM

Soja

Cremos que haverá muito poucas mudanças em volta das proteínas. Continuamos com a mesma situação de disponibilidade global e a América do Sul, que ainda não exerce pressão vendedora, deverá aparecer com força crescente no cenário mundial. Os fundos de investimentos estão mais curtos e não é habitual nesta época do ano. A soja poderá baixar um pouco mais, mas com o permanente perigo de voltar a dar um salto se os mercados financeiros tornam a interessar-se por ela. Como vemos no gráfico 2 a procura na China continua a ser muito alta.

Figura 3. Importações acumuladas nas 3 últimas campanhas na China. Fonte: IGC
Figura 3. Importações acumuladas nas 3 últimas campanhas na China. Fonte: IGC

 

Figura 4. Evolução da oferta e procura mundial de soja e stocks nos principais exportadores (Argentina, Brasil e EUA). Fonte: USDA
Figura 4. Evolução da oferta e procura mundial de soja e stocks nos principais exportadores (Argentina, Brasil e EUA). Fonte: USDA

Outras proteínas

A disponibilidade dos produtos alternativos à soja também continua a ser elevada. As produções europeias de colza são maiores que a campanha passada (gráfico 4) e os preços de DDGS de milho continuam a preços interessantes para a formulação.

Figura 5. Evolução da produção de colza na Europa. Fonte: USDA
Figura 5. Evolução da produção de colza na Europa. Fonte: USDA

Previsões

Na nossa opinião, durante Maio e Junho, será difícil que os preços dos trigos (Agosto/Dezembro) e milho (Novembro/Janeiro) consigam descer de 170 €/t. Se a situação global se confirma, como se prevê actualmente, poderemos ter ofertas para trigos abaixo desse nível no final de Julho, podendo aproximar-se dos 165 €/t no momento de máxima pressão. O milho dependerá agora do dólar posto que o Brasil pressiona muito o mercado com tão alta disponibilidade. O cereal nacional está a subir e a situação complicou-se muito devido à retenção das vendas provocada pela ausência de águas. Pensamos que a nova campanha tem o seu tecto nas substituições com cereal de importação. Falaríamos de trigos não mais altos de 173-4 €/t  e cevadas em 160 €/t na saída de zonas produtoras.

Continuamos à espera que a soja continue com a descida na sua cotação até chegar a preços de 295-305 €/t para baixa proteína ainda que possa custar a chegar a esse nível de preços. Também pode surgir alguma mudança macroeconómica ou climatológica que provoque uma mudança da tendência.

Tabela 1. Previsão da evolução de preços por matéria-prima para o próximo mês.

Matéria-prima Intervalo de variação (€ / Tm) Tendência
Trigo -1 — +3 =
Milho -3 — +2 =
Cevada 0 — +4
Soja -12 — +5
Colza -8 — +1
DDG -3 — +2 =
Girassol -1 — +3
Bagaços 0 — +8
Alfalfa -1 — +4
Polpa 0 — +4

 

29 de Abril

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