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Boas sementeiras à espera de um bom tempo na Primavera

O bom estado das culturas de cereais no Hemisfério Norte faz prever uma grande colheita para a próxima campanha.

Começaremos por recordar que em 2006 se começou a notar um grande aumento da procura mundial, causada pelo aumento da população e do poder de aquisição nos países emergentes e, desde então, continuou a crescer. Esta maior procura está sempre presente nas nossas análises acerca das tendências nos preços das matérias-primas.

As grandes produções que houve durante várias campanhas foram suficientes para provocar efeitos na descida de preços das matérias-primas, mas não em todas, nem com o alcance que poderia ser esperado.

De novo, no mês de Fevereiro, começaremos a notar movimentos de preços perante qualquer notícia relativa à meteorologia nas zonas produtoras. Além disso, com a particularidade de que o mercado tende a anticipar-se a ditos movimentos e por vezes com certa virulência.

Um dólar americano um pouco mais fraco frente ao euro no mês passado provocou descida das matérias-primas de importação, ainda que muito ligeiramente. O futuro do câmbio monetário é incerto mas, segundo os analistas, continuam a haver indicadores altistas que auguram à paridade entre ambas as moedas ainda que, de momento, faz-se o caminho contrário.

 

Cereais

O estado das culturas no hemisfério norte é favorável e muito encorajador para ter de novo uma grande colheita de cereais na próxima campanha. Talvez o Inverno excessivamente seco nas zonas ocidentais da Europa (oeste da França e Reino Unido e na própria Península Ibérica) não seja muito positivo mas se as chuvas na Primavera forem adequadas a situação melhorará com toda a segurança. As estimativas recém publicadas pelo International Grain Council prevêm uma grande produção para a próxima campanha (tabela 1). Segundo indicam os dados, tanto a procura como a produção de todos os produtos é crescente, pelo que qualquer complicação climatológica irá desequilibrar este balanço podendo fazer com que os preços sejam mais altos do que os que temos hoje em dia.

Tabela 1. Evolução e previsões da produção, comércio e consumo mundiais de cereais e soja.

Fonte: International Grain Council.

  13/14 14/15 15/16
estim.
16/17
Cereais totais       estim.24/11 prev. 19/01
Produção 2007 2048 2005 2084 2094
Comércio 310 322 344 338 340
Consumo 1935 2008 1983 2056 2062
Existências remanescentes 413 453 475 504 507
Alteração interanual 73 40 21   33
Trigo
Produção 716 730 736 749 752
Comércio 157 153 164 166 168
Consumo 698 715 720 736 738
Existências remanescentes 190 205 221 235 235
Alteração interanual 18 15 17   14
Milho
Produção 999 1019 972 1042  1045
Comércio 122 125 136 135  135
Consumo 951 994 970 1026  1028
Existências remanescentes 182 207 209 224  225
Alteração interanual 48 25 2   17
Soja
Produção 284 320 316 336 334
Comércio 113 127 134 137 137
Consumo 282 312 319 332 333
Existências remanescentes 28 37 34 38 35
Alteração interanual 3 9 -3   2

 

Soja

Os primeiros rendimentos obtidos no Brasil estão a ser muito bons, estima-se uma campanha superior a 107 milhões de toneladas, a qual mitigaria as possíveis perdas que parece que a Argentina vai ter pelo excesso de chuvas em zonas importantes como Santa Fé, onde houve campos inundados e é difícil estimar o estado da planta e mais ainda quando vem seguido de excesso de calor e tempo seco. Ainda assim parece que a colheita de momento se mantém ao redor das 52/53 milhões, frente aos 57 do último relatório do USDA. Recordemos também a grande colheita que se fez nos EUA na presente campanha.

Quanto à procura, assinalar que o ritmo de exportações a partir dos EUA continuou forte ainda que agora deva descer (gráfico 1). Estamos na semana do final do ano chinês, o que provocou uma descida no ritmo das importações e além disso estamos a ponto de que o Brasil passe a ter todo o protagonismo, cedendo assim a pressão de retirada sobre a América do Norte.

Gráfico 1. Volume semanal de exportações de grão de soja EUA, campanha actual e cinco anteriores. Fonte: USDA.
Gráfico 1. Volume semanal de exportações de grão de soja EUA, campanha actual e cinco anteriores. Fonte: USDA.

Outras proteínas

Ligeira recuperação dos preços de substituição para o bagaço de colza e DDG´s devido à recuperação de cotações em Chicago, da soja. Talvez por volume de disponibilidade e oferta, os bagaços de girassol não tenham visto alterações de preços, mas o bagaço de palmiste sim, fundamentalmente devido ao efeito €/$. Pensamos que é absolutamente necessário maximizar a inclusão de proteína alternativa devido à competitividade no preço.

 

Previsões

De momento, esta última semana de Janeiro, vimos um pouco mais de oferta de cereal nos portos peninsulares e por isso, talvez, uma descida de 2-3 euros nos preços. Também as primeiras vendas para Agosto/Dezembro de trigos de importação, onde se começaram a cobrir aproximadamente 10 % das posições de compra para fábricas do litoral, com preços aproximados entre 175/177 €/Tm saídas de armazém.

Apesar de os agricultores estarem a reter o cereal nacional com a intenção de conseguir melhores preços de venda, a realidade é que só o conseguem pontualmente em algumas zonas e não por mais de 2 €/Tm.

Se as notícias continuarem a ser positivas, veremos mais pressão de venda tanto na velha colheita por alto stock no Este da Europa como na península, e mais se pensamos que as coberturas ainda pendentes por parte da fabricação serão de percentagens aproximadamente de 50 % , para os meses de Março a Maio/Junho, dependendo das latitudes. Recordemos que no final de Maio já há colheita na metade sul peninsular.

Pensamos que as cotações de Chicago para a proteína estão muito sobrevalorizadas considerando a situação real de disponibilidade física e o aumento da intenção de sementeira dos agricultores nos EUA (estima-se em mais 10 % de acres que na presente campanha) serão aliciantes para a descida da oleaginosa. Os fundos de investimento com largas posições talvez se possam fixar de novo em outros mercados, que parece recuperarão o seu atractivo. Além disso, o novo governo dos EUA gera dúvidas sobre as relações comerciais com outros países relativamente à soja, en particular com o México, assim como relativamente às próximas decisões políticas para os biocombustíveis (poderá reduzir o subsídio para o seu). Se tudo isto acontecer, poderemos ver menos pressão sobre a soja, o que se repercutirá na descida de preço de outras proteínas.

30 de Janeiro de 2017

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