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Avaliação do bem-estar: Protocolo Welfare Quality®

O projecto Europeu Welfare Quality® desenvolveu sistemas para avaliar de uma forma objectiva o bem-estar animal em explorações e matadouros, identificar as causas de um bem-estar deficiente e ...

O projecto Europeu Welfare Quality® desenvolveu sistemas para avaliar de uma forma objectiva o bem-estar animal em explorações e matadouros, identificar as causas de um bem-estar deficiente e assessorar os suinicultores em possíveis melhorias. Da mesma forma, este sistema proporcionará aos produtores uma ferramenta útil para informar os consumidores de uma forma clara e objectiva sobre os seus standarts de bem-estar animal, ajudando-os desse modo a beneficiarem-se de mercados com um maior valor acrescentado (figura 1).


Figura 1. Esquema do sistema de avaliação do bem-estar animal.

O bem-estar animal pode ver-se afectado por muitos factores que comprometem a saúde tanto física como psíquica. Após haver sido debatido com os consumidores, cientistas, representantes de grupos empresariais, e legisladores, o Welfare Quality® definiu 4 princípios de bem-estar animal: boa alimentação, bom alojamento, boa saúde e comportamento apropriado. Dentro destes princípios, identificaram-se 12 critérios diferentes mas complementares entre si (figura 2). Para a espécie suína, desenvolveram-se três protocolos de avaliação distintos que medem cada um dos 12 critérios: porcas e leitões na exploração, porcos de engorda em exploração e um último para porcos de engorda no matadouro. Identificaram-se entre 20 e 35 medidas para cada protocolo, baseadas na bibliografia científica ou nos estudos de investigação levados a cabo durante o projecto. Estas medidas foram avaliadas para assegurar a sua validade no momento de reflectir o bem-estar real do animal. Além do mais, cada medida devia ser suficientemente clara para permitir uma avaliação rápida e precisa depois de um curto período de treino e com pouca variabilidade entre observadores. A fácil implementação em condições práticas é chave para o seu uso nos actuais sistemas de produção. Dado que os animais se alojam em ambientes muito diferentes, é importante que as medidas sejam aplicáveis em todos os sistemas. Tendo em conta que a maioria das medidas desenvolvidas pelo Welfare Quality® baseiam-se no animal, um assessor pode avaliar o nível de bem-estar animal observando directamente o próprio animal, independentemente de como e de onde este se aloja. Para completar estes sistemas, o Welfare Quality® colaborou com um Instituto de standartização independente para criar a primeira série completa de protocolos Europeus para a avaliação do bem-estar dos animais de produção (www.welfarequality.net).

Princípios Critérios
Alimentação Ausência de fome prolongada
Ausência de sede prolongada
Alojamento Conforto em relação ao descanso
Conforto térmico
Facilidade de movimento
Estado sanitário Ausência de lesões
Ausência de doenças
Ausência de dor causada pelo maneio
Comportamento Expressão de comportamento social adequado
Expressão adequada de outras condutas
Relação humano-animal positiva
Estado emocional positivo

Figura 2. Princípios e critérios do sistema de avaliação do bem-estar Welfare Quality®

Os resultados que se obtêm independentemente para cada uma das diferentes medidas combinam-se para calcular a pontuação final obtida de cada critério. As medidas que se encontram dentro de um mesmo critério ponderam-se com base na opinião de diversos painéis científicos, combinando-se para obter uma pontuação final numa escala entre o 0 e o 100, em que 0 significa mais problemas de bem-estar e 100 a melhor situação para esse critério concreto. Esta avaliação deve servir para identificar os problemas de bem-estar e assessorar o produtor sobre as estratégias de melhoria em cada um dos critérios.

Por outro lado, a informação que se transmite ao consumidor resume os resultados dos 12 critérios numa pontuação geral, que reflecte o bem-estar dos animais numa determinada exploração ou matadouro. Para isso, o primeiro passo é obter uma pontuação para cada um dos princípios, combinando-se as pontuações obtidas nos distintos critérios (figura 3). Esta relação também é assimétrica e encontra-se ponderada pela importância que os painéis científicos deram a cada um dos critérios dentro de um determinado princípio. Por exemplo, o princípio boa alimentação, rege-se pelos critérios ausência de sede prolongada e ausência de fome prolongada. Não obstante, os peritos consideraram que, desde o ponto de vista do bem-estar animal, é mais grave a sede que a fome, com o qual com uma boa pontuação no critério “ausência de fome prolongada” pode-se ter uma má pontuação no princípio “boa alimentação” se o critério “ausência de sede prolongada” tem má pontuação.


Figura 3. Utilização do sistema de avaliação do bem-estar animal.

Por último, a avaliação final de uma exploração, será obtida pela combinação das quatro pontuações (de 0 a 100) obtidas para cada um dos princípios avaliados (figura 3). Neste caso, a pontuação de "excelente", segundo os peritos, pode-se considerar com valores a partir de 80, a de "boa" com pontuações superiores a 55 e aceitável com pontuações superiores a 20. Não obstante, uma vez mais, os valores estão ponderados, de tal modo que para obter uma pontuação de "excelente" os quatro princípios devem ter uma pontuação mínima de 55 e dois deles acima de 80.

Antonio Velarde e Antoni Dalmau. IRTA. Espanha

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