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Arrancar com uma exploração sem morrer a tentar

Neste artigo falaremos sobre como iniciar uma exploração do ponto de vista dos recursos humanos: como e onde procurar trabalhadores e como os organizar.

Antes de mais nada, bom dia, que muita falta faz com o que anda por aí. Neste artigo, falaremos sobre como iniciar uma exploração do ponto de vista dos recursos humanos. Não falaremos nem de planos de cobrições, nem sistemas de cobrições, nem de preparação para o parto, trataremos pura e simplesmente de como e onde procurar gente, como a organizar e, como reza o título, não morrer a tentar.

Há vários modos de iniciar uma exploração a nível dos recursos humanos, pelo que me centrarei principalmente na minha última experiência.

Estamos a falar de uma exploração de 3000 porcas reprodutoras com transição na qual considerei que preciso de 12 colaboradores, incluindo-me a mim mesmo.

Primeiro passo: decidir se procuramos colaboradores com ou sem experiência

No meu caso, deparei-me com pessoal que o mais parecido com um porco, que tinham visto tinham sido os desenhos de Porky ou o melão com presunto.
Sob que critério? Bom, no meu caso é fácil:

  1. Dediquei quase toda a minha vida a formar gente (ainda que entendo que qualquer pessoa que assuma o comando de uma exploração tenha experiência).
  2. Sob nenhuma condição vou buscar gente a outras explorações, principalmente por motivos éticos.
  3. Um trabalhador com experiência tem muitas coisas boas mas também arrasta vícios adquiridos (para isso, já tenho os meus).

Segundo passo: onde procurar o pessoal?

  • Podemos procurar em páginas especializadas (como esta mesma), de facto já contratei gente e fiz entrevistas de trabalho online.
  • Por referências de amigos e/ou vizinhos.
  • Pelas localidades próximas da exploração.

No meu caso, centrei-me principalmente em oferecer as vantagens da nossa exploração relativamente aos meus competidores. Como competidores não me refiro ao sector, sim às empresas que precisam de mão-de-obra. Comecei para colocar cartazes nas localidades mais próximas da exploração e fui ampliando o intervalo.

Uma vez que comecei com as entrevistas tive em conta como critérios principais:

  • Idioma: Sempre lhe dei muita importância, trabalhei com gente de diversas línguas e culturas (magrebes, romenos, búlgaros, lituânos, italianos, brasileiros), alguns deles muito bom trabalhadores. No meu entender, a comunicação é um pilar fundamental para o trabalho em equipa (é a base do meu sistema de trabalho). A falta de uma comunicação fluída apenas nos pode levar à marginalização.
  • Atitude: É outra das chaves. Podemos entrevistar a pessoa mais qualificada da zona, mas as aptidões aprendem-se, ao passo que as atitudes se têm.
  • Conhecimentos extra: Já comentei anteriormente que não procuro gente com experiência no sector e que valorizo mais a atitude que a aptidão, mas isso não quer dizer que procuremos gente ignorante ou sem estudos. Nada mais longe da realidade, creio que numa exploração são muito práticas as noções ou estudos de canalização, electricidade, soldadura, etc. , ou qualquer outro tipo de estudos, já que isso nos garante uma maior amplitude de vistas.
  • Idade: Ainda que não seja determinante, tento que o perfil das idades não tenha um intervalo muito amplo para facilitar a ligação entre as pessoas. Se temos idades semelhantes, teremos problemas e inquietações semelhantes.

  • Sexo: Ainda que com o risco de que me acusem de sexista, neste caso trato de contratar todo o pessoal masculino. Trabalhei muitos anos com mulheres e posso assegurar, sem nenhum problema, que em muitos casos são melhores trabalhadoras que os homens (e não apenas no âmbito que rodeia a maternidade). Em certas ocasiões, a gestão de modelos de trabalho mistas, pode gerar um nível extra de complexidade.

Entrevistas de trabalho

Devo dizer que provavelmente como entrevistador sou um desastre. A entrevista em si, estava mais centrada em explicar ao entrevistado as virtudes e defeitos da nossa empresa, que em escutar as suas experiências. Porquê? Bom, principalmente porque procurava pessoal por experiência para poder o modelar a meu gosto, com o que principalmente valorizava o seu nível de atenção, se fazia perguntas relacionadas com o sector ou não, se era proactivo, etc.

Creio também que é importante explicar, em linhas gerais, o que esperamos deles, que turnos vão encontrar, qual será o seu horário de trabalho (o real), o salário (o real, que é a líquida aproximada ), as férias, mudanças de turno, rotação de tarefas etc.

Cartaz à entrada do vestiário
Cartaz à entrada do vestiário

Como tentar fidelizar o pessoal

Creio que quem me conheça ou já tenha trabalhado comigo, me terá ouvido fazer a seguinte afirmação em mais de uma ocasião, quando me perguntam qual é a chave para o bom funcionamento de uma exploração, é simples, a chave é o pessoal.

Se conseguimos uma alta fidelização do pessoal, temos mais hipóteses de que a nossa exploração funcione. As explorações com uma alta rotação dificilmente alcançarão o seu óptimo produtivo. Pelo contrário, as explorações com pouca rotação, podem levar mais ou menos em função do plano de trabalho, mas vão conseguir um desempenho melhor.

Agora bem, esta fidelização deve estar acompanhada de algo muito importante, pelo menos para mim, o compromisso.

Como podemos alcançar estes objectivos?

  • Sinceridade (cumprir com o que se promete).
  • Empatia (entender os problemas dos demais, colocando-se no seu lugar).
  • Saber escutar, não só (certamente difícil).
  • Ser adaptável (muitas vezes o que queremos, não está relacionado com o que temos).
  • Transparência, neste ponto talvez seja o que sou mais trangressor, uma vez que sou partidário de colocar a folha de pagamento à vista, para todos ficarem a saber o que é que ganhamos. Isto ajuda com o assunto da sinceridade, já que todos podem ver que o que é dito é certo. Se alguém tem um melhor ordenado, é porque o merece, estando mais ou menos em consenço. É certo que pode criar algumas tensões e não é fácil de gerir, mas posso assegurar que tudo o que não seja seguir com a verdade, tarde ou cedo, produz conflitos e consequências que podem ser claramente maiores e mais graves.
  • Boa gestão dos tempos de trabalho
  • Exigência, procurar a excelência seja exigir demasiado mas para conseguir uma boa fidelização e compromisso devemos ser exigentes em ambos os sentidos, connosco mesmos e os nossos princípios, mas também com o que esperamos dos outros.
  • E por último, PACIÊNCIA, muita paciência. Este é um longo caminho, semeado de erros, mal entendidos e conflictos. Façamo-lo melhor, se não talvez acabemos a fazê-lo sós ou mal acompanhados e a graça é partilhá-lo, pois além de ser mais fácil, chegamos mais longe.

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