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Reportagem: aproveitar o biogás a nível da exploração com um investimento razoável

Para além dos benefícios ambientais, o custo crescente da energia e dos fertilizantes inorgânicos fazem da produção de biogás na exploração uma opção rentável.

Cada vez mais, e de várias frentes, a ênfase está a ser colocada na redução das emissões de gases poluentes, de que a produção de suínos não está isenta. Para além do cumprimento dos regulamentos actuais, existem agora novos aspectos, tais como os preços elevados dos fertilizantes inorgânicos e da energia, que significam que o tratamento do chorume é visto como um activo valioso e não como um problema a gerir, tanto em termos da sua utilização como fertilizante como para a produção de energia.

Neste caso específico, vamos concentrar-nos na utilização do chorume como fonte de energia a nível da exploração, um dos projectos da "Cooperativa Agraria Agrocat", que já está a ser testada numa das suas explorações. É uma exploração com 800 reprodutoras e transição até 20 kg, localizada na Catalunha, que visitámos com Rubèn Masnou, Engenheiro Técnico Agrícola, responsável pelo departamento AGROMEDI da mesma cooperativa, e Carles Mas, responsável pela exploração.

A fim de cumprir o nível de redução de emissões, foi decidido cobrir o depósito de chorume, minimizando assim a emissão de amoníaco para a atmosfera. Esta cobertura gera um ambiente anaeróbico que, além de permitir obter um digestor com maior poder fertilizante e mais homogéneo que o chorume fresco e menos problemas de odor, gera biogás (com uma concentração de CH4 superior a 64%), que foi decidido utilizar como fonte de auto-suficiência energética para a própria exploração.

Instalação e funcionamento

As fossas de chorume são esvaziadas semanalmente e o chorume fresco é canalizado por gravidade através de um tubo para o tanque receptor, do qual o chorume é bombeado diariamente a uma velocidade de cerca de 10m3/dia para um tanque adjacente de betão 22x11x4 m coberto por uma lona de propileno EPDM, suportada por uma estrutura interna, onde é submetido a digestão anaeróbia. O digestor final é armazenado numa estrutura adjacente, descoberta.

Imagem 1: Vista aérea da estrutura de cordas existente sob a lona de propileno. Imagem 2: Vista aérea da instalação de biogás que consta de zona de recepção dos chorumes frescos, zona de digestão anaeróbia e zona de armazenagem do digerido.
Imagem 1: Vista aérea da estrutura de cordas existente sob a lona de propileno. Imagem 2: Vista aérea da instalação de biogás que consta de zona de recepção dos chorumes frescos, zona de digestão anaeróbia e zona de armazenagem do digerido.

Neste caso, a co-digestão não é efectuada e não há nenhum agitador disponível neste momento. A produção de biogás varia ao longo do ano, dependendo da temperatura ambiente e da composição do chorume.

O biogás produzido é retido sob a lona de propileno e é canalizado para a exploração. A produção de biogás a partir apenas de chorume é baixa mas suficiente para ser utilizada para aquecer os pavilhões de transição quase todo o ano. Nos dias em que não há produção suficiente de biogás, as transições são aquecidas com a caldeira de biomassa existente na exploração.

Toda produção de biogás está associada com a produção de ácido sulfídrico, razão pela qual o tubo que canaliza o gás se incina para um poço, para recolha de parte deste sulfídrico que contém a condensação do gás e pode ser reconduzido ao digestor. Devido a que os niveis de H2S detectados são muito elevados (2500 - 3500 ppm), oxigenam 1 h/d aproximadamente para baixar a sua concentração.

Em relação ao digestor obtido, é um fertilizante mais homogéneo do que o chorume fresco e, como já mencionámos, tem um maior poder fertilizante uma vez que contém uma maior quantidade de N amoniacal, facilmente assimilável pelas plantas. Tendo em conta que este digestor também pode emitir uma certa quantidade de amoníaco para a atmosfera, está a ser estudada a forma de o minimizar (nivelamento ou acidificação).

Valorização económica

Inicialmente associamos investimentos elevados para este tipo de solução, mas se, para além do facto de podermos ter de cobrir as nossas lagoas ou tanques para cumprir a redução das emissões de amoníaco proporcionada pelo RD 306/2020, acrescentamos que vamos gerar um recurso energético que podemos utilizar na nossa própria exploração (economia circular), e ainda mais tendo em conta os preços actuais da energia e dos fertilizantes, o investimento pode ter um ROI atractivo.

O investimento de base foi calculado em cerca de 49.000 euros sem ter em conta a construção dos tanques de betão, aos quais teriam de ser adicionados alguns componentes como um agitador, um filtro de carbono para o sulfureto de hidrogénio e algum equipamento de medição e controlo de gás.

Durante este primeiro ano de funcionamento e testes, a instalação produziu cerca de 5.500 m3 de biogás e espera atingir uma produção de 12.000 m3, o suficiente para amortizar o investimento no telhado e na instalação em 5-6 anos.

Aos preços actuais da energia, isto representa uma poupança de aproximadamente 10.000 euros/ano, bem como a redução das emissões de amoníaco em quase 100% e a obtenção de um melhor fertilizante orgânico.

Redacção 333

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