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Aplicação prática de antibióticos em produção suína: Actualização de conceitos básicos, prós e contras

O uso de antimicrobianos nas diferentes  fases de produção e as ferramentas para eliminar o seu uso profilático.

De seguida, vamos rever o uso de antimicrobianos nos suínos em condições práticas no nosso país.

 

Aplicação de antibióticos ao leitão lactante

A Comissão Europeia estabelece claramente que deve ser evitada a utilização profilática de antimicrobianos em leitões recém-nascidos (e após o desmame), como parte de uma estratégia sanitária. É evidente que este uso é claramente profilático porque quando se administram antimicrobianos a estes animais não há, normalmente, nenhum quadro clínico generalizado. No entanto, a administração de antimicrobianos durante a fase de lactação é muito frequente no nosso país e noutros países como a Bélgica e a Dinamarca. Por outro lado, a administração destes fármacos é individualizada e por via intramuscular. Em qualquer caso, o objectivo final deve ser tentar eliminar este uso profilático a longo prazo através da implementação de medidas exaustivas de higiene e de maneio nas maternidades.

 

Aplicação de antibióticos na fase de transição

A Comissão Europeia estabelece claramente que deve ser evitado o uso profilático de antimicrobianos na fase de transição através da implementação de medidas de maneio, nutrição e um bom programa de medicina preventiva. Do ponto de vista prático, é muito habitual a administração de antimicrobianos no nosso país na fase de transição com 3 objectivos:

1.- Controlo de doenças respiratórias: As bactérias que estão normalmente mais implicadas em problemas respiratórios na transição são a Pasteurella multocida e a Bordetella Bronchiseptica. Estas bactérias podem dar mais problemas se as condições ambientais não são as adequadas e/ou se há uma recirculação vírica concomitante (tipo PRRSV por exemplo) que predispõe ao surgimento de infecções bacterianas. Portanto, o uso de profilático de antimicrobianos para o controlo de quadros respiratórios devia ser evitado controlando o ambiente, optimizando o maneio dos animais e controlando a circulação de infecções víricas concomitantes. Por outro lado, se houvesse um diagnóstico adequado, poderia ser realizado um tratamento metafilático com um antimicrobiano adequado durante o periodo de tempo necessário. Em resumo, actualmente dispômos de ferramentas para minimizar ou eliminar o uso profilático de antimicrobianos com este objectivo na fase de transição. Por último, há que relembrar que os antibacterianos podem ser sempre usados para tratar os animais doentes que padecem de quadros respiratórios na fase pós-desmame.

2.- Controlo de doenças digestivas: Na  fase de transição é muito provável que ocorram quadros digestivos (fundamentalmente diarreia) já que na fase pós-desmame acontecem conjuntamente muitos fatores de risco para incrementar a sua incidência (figura 1). Desde há muito tempo, o controlo desta problemática digestiva pós-desmame (a bactéria implicada é a Escherichia coli) tem sido baseada no uso de antimicrobianos e/ou óxido de zinco na ração consumida pelos animais praticamente durante a fase de transição. Este uso dos antimicrobianos é claramente profilático e deveria ser evitado, tanto quanto possível, a menos que se justifique em determinados casos. No controlo desta problemática podem, e devem, ser exploradas outras aproximações que, até ao momento, não tenham sido necessárias já que o uso de antimicrobianos de modo profilático era a melhor solução técnica. Por último, há que sublinhar que podem ser sempre usados antimicrobianos para tratar os animais doentes ou em risco de contágio (uso metafilático) que sofram de quadros digestivos na fase pós-desmame.

Epidemiología de las enfermedades bacterianas digestivas
Epidemiología de las enfermedades bacterianas digestivas

Figura 1. Epidemiologia das doenças bacterianas digestivas.

3.- Controlo de doenças sistémicas: Na transição é possível que apareçam quadros sistémicos devido a infecções por Streptococcus suis e Haemophilus parasuis. Actualmente, utilizam-se antimicrobianos da família dos beta-lactâmicos nas rações de transição para evitar o aparecimento de quadros clínicos devidos a estas duas bactérias. Este uso deve ser verificado em profundidade já que pode ser que, em muitas ocasiões, não seja necessária esta aproximação para todas as explorações e durante toda a fase de transição. Evidentemente, se aparecerem quadros clínicos, os animais devem ser tratados com antimicrobianos.

 

Aplicação de antibióticos durante a fase de engorda

Na fase de engorda são utilizados antimicrobianos de modo profilático nas primeiras fases da engorda (rações de entrada) para evitar o aparecimento de quadros respiratórios. Além disso, há explorações que os utilizam para controlar quadros digestivos devido à Brachyspira hyodisenteriae, Brachyspira pilosicoli e Lawsonia intracellularis (figura 1) durante periodos longos de tempo na fase de engorda. Actualmente há muitas vacinas para controlar doenças respiratórias víricas (PCV2 e PRRSV) e bacterianas. Portanto, não é razoável colocar a hipótese de utilizar antimicrobianos de modo profilático para o controlo destas infecções respiratórias como primeira opção num programa de medicina preventiva. Evidentemente, se aparecerem quadros clínicos, os animais devem ser tratados com antimicrobianos.

 

Aplicação de antibióticos nos animais adultos

Em geral, não são usados antimicrobianos de modo profilático nos animais adultos. No entanto, ainda se planeia, em algumas explorações, a utilização de antimicrobianos pós-parto em todas as reprodutoras para evitar o aparecimento de doenças puerperais de etiologia bacteriana. Acredito, sinceramente, que este uso profilático não se justifica e que só devem ser tratados aqueles animais que sofram de quadros clínicos durante este período da sua fase produtiva.

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