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Ano novo, esperanças novas

A subida de preços com que estreámos este ano é maior que o habitual e, sobretudo, mais rápida.

A semana passada comecei a escrever o artigo com a intenção de fazer um pequeno resumo do que tinha ocorrido durante o ano 2011, mas, vendo o que se está a passar, decidi começar de novo, e tentar desenredar todos os últimos acontecimentos.

Comecemos, em primeiro lugar por ter que ter a consciência que o último trimestre tem as suas características próprias. Uma delas é que é o período de máximo fabrico de ração, menos no Hemisfério Norte, o que propicia que no final sempre haja que comprar com a pressa da entrega imediata apesar de que os compradores tenham feito os seus deveres. Outra característica própria do mesmo período é o encerramento de balanços próprio do fim de ano para muitas empresas. Isto dá azo a ajustes necessários desde que sejam mais “apresentáveis” ou se ajustem mais aos interesses das empresas (seja apresentando lucros ou justificando perdas). Atrevo-me a propor outra característica, muito mais “de trazer por casa” mas que na minha maneira de ver também afecta, e muito, o mercado. Em geral durante o período de Festas Natalícias (desde o Natal até depois do Ano Novo) há muitos directores mais pendentes das Festas Natalícias em família que no mercado e de tomar decisões arriscadas. O que em geral favorece este período de certa inactividade a nível mundial.

Até aqui o preâmbulo é para explicar porque o último trimestre está tão condicionado, sobretudo as últimas semanas e produziram-se factos que ainda turvaram mais, se assim de pode dizer, as águas do mercado.

Quanto ao ambiente político temos mais elementos que desestabilizam o mercado, por exemplo a ameaça do Irão de fechar o Estreito de Ormuz, por onde passa 40% do petróleo mundial, o que cria receios e pressões altistas no petróleo e em outras commodities como o milho.

Na Argentina, por outro lado, o fenómeno da “niña” trouxe uma falta de chuvas que ameaçou as boas previsões de colheita. Ao dia de hoje parece que as águas voltaram ao seu camino, se bem que se estima que a falta de água afectará a colheita de milho, o que é suficientemente preocupante já que o balanço de oferta e procura de milho a nível mundial continua a ser demasiado “apertado”. Tudo isto favorece a subida das cotações do milho em Chicago, e que se contagie esta sensação altista ao trigo e à soja.

Estes factores acrescentados aos já tão falados como a crise financeira, crise global, crise da Eurozona e demais crises, são caldo de cultivo de receios e medos pelo que muita gente aposta nas matérias-primas, sobretudo as agrícolas e o petróleo. Após tantas subidas nos mercados é difícil conseguir ofertas na origem, o que também se traduz em mais subidas no mercado e aumento das retenções de mercadoria.

Resumindo, todos os factores levaram-nos a que a subida de preços com a que estreámos este ano seja maior que o habitual, e sobretudo mais rápida.


Cereais

Comecemos pelo trigo, o preço escalou até chegar aos 216-218 €/Ton no porto, o que supõe uma subida de 25 €/Ton. O milho o mesmo, de 195-197€/Ton, passou para 222–220 €/Ton, o que representa uma subida de 23€/Ton. As ofertas nacionais e francesas, como não podia deixar de ser, somaram-se ao caudal das subidas. No que diz respeito à cevada, esta continua sem aparecer, ou aparece de maneira pouco fluída, se bem que seja certo que não subiu na mesma proporção, também é certo que não havia chegado a preços tão interessantes como o trigo ou o milho.

E agora? Supondo que não apareçam mais notícias altistas, ou que não sejam relevantes, para mim o normal seria que o trigo voltasse a ceder. Principalmente porque a colheita a nível mundial continua a ser excelente e os stocks do final da campanha prevê-se que sejam cerca de 25%, o que não está nada mal.

Realçar também que pelo contrário, quanto mais tempo passe mais nos aproximamos da nova colheita, e portanto, menos tempo fica para vender.

Para mais INRI, na Europa pelo menos, os hectares semeados são os mesmos que no ano passado e que de momento a nova colheita não está nada má. É certo que é precipitado vaticinar como será a nova colheita, mas podemos ser optimistas, porque neste momento parece que tudo vai bem.

Outro factor a ter presente é que os problemas financeiros, basicamente a falta de liquidez, tornam difícil e quase inviável manter stocks durante muito tempo ou, o que é o mesmo, entrar na nova campanha com os armazéns cheios.

O milho é mais difícil de prever. O normal é que também ceda, pelo menos na Europa, mas devido às previsões de stocks do final da campanha, muito apertados nos Estados Unidos, e acrescentando a seca da Argentina, dificilmente cederá Chicago, pelo menos de maneira significativa. Também devemos recordar que para a colheita de milho todavia faltam muitos meses. Falta saber se o MATIF acompanhará a pés juntos o mercado de Chicago ou se a falta de liquidez fará efeito.

A este problema devemos somar que as ofertas de cevada a preços competitivos não podem demorar muito a aparecer, e podem ajudar a tirar tensão ao mercado.

Soja

No que diz respeito à soja pode-se aplicar quase tudo o que foi comentado sobre os cereais. Dos 280€/Ton passámos para 305 €/Ton e está pendente dos mesmos temas que os cereais (seca na Argentina, tensão no Estreito de Ormuz….). O preço deveria corrigir, pelo menos a partir Fevereiro.

Tudo isto confirma o que comentei em várias ocasiões: ante a incerteza em que nos temos que desenvolver ultimamente, cada vez que os preços sejam razoáveis e admissíveis devem-se tomar posições e rezar para que os preços continuem a baixar.

Miércoles 11 de enero de 2012

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