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Alimentação na maternidade: a experiência de um suinicultor com 39 desmamados/porca/ano

Que devemos avaliar para estabelecer as curvas de alimentação: como, quando e porquê aumentar a ração, quantidade de ração por refeição e outras questões respondidas a partir da experiência de produção de Can Ballau, Porc d'or para a produtividade numérica

17 leitões
17 leitões

Existem diversos objectivos quando pensamos em como deve ser a alimentação das porcas nos partos:

1- Que a porca tenha suficiente energia para o parto. Dia -10 até ao parto (dia 0)

Para que uma porca tenha um bom parto faz falta que tenha a energia suficiente para o levar a cabo no menor tempo possível. Assim, recupera mais rapidamente do que as porcas que têm um parto demorado e começam a comer mais depressa.

Outra vantagem da boa alimentação antes do parto, é que serve para potenciar a produção e a qualidade do colostro.

O ideal seria meter as porcas na maternidade neste período mas é uma situação pouco viável na prática. Tentaremos metê-las na maternidade pelo menos 5 dias antes da data prevista para o parto.

Neste momento devemos começar a elegerla curva de alimentação para cada porca segundo:

  • Condição corporal: é básico diferenciar entre reprodutoras gordas e magras. Uma porca gorda terá mais dificuldade no parto e ao suinicultor será mais complicado levá-la à sua máxima produtividade leiteira. Por isso é importante controlar a condição corporal na gestação. No outro extremo, uma porca magra corre sempre mais riscos de ter que ser desmamada antes do tempo se a sua alimentação não cobre as suas necessidades na lactação, já que não tem reservas de gordura.
  • Número de parto, é imprescindível diferenciar as nulíparas das multíparas, a partir daqui, tentar diferenciar entre as de parto 2-3, de 4-5 e mais de 5 partos.

As porcas jovens não têm as mesmas necessidades que uma multípara e tampouco a mesma capacidade de consumo de ração. As nulíparas antes do parto deveriam consumir cerca de 3 kg de ração de lactação e 3,8-4 kg/dia as multíparas. No mínimo há que lhes dar de comer 2 vezes por dia, tentado que seja de 12 em 12 horas para o poder distribuir melhor durante o dia.

2- Alimentar a porca de acordo com o seu potencial de ingestão, capacidade leiteira, tamanho e quantidade de leitões e condição corporal. Do parto ao dia 7-10

É a fase mais crítica tanto para os leitões como para as porcas. Segundo a minha experiência deve-se potenciar o consumo de ração o mais rápido possível para recuperar a porca depois do parto e que o nível de leite vai sempre aumentando e os leitões possam ficar sempre satisfeitos e cheios.

Há uns tempos atrás no dia do parto dava-se pouca ou nenhuma ração, o que creio ser prejudicial; se queremos atingir o máximo potencial das porcas devemos começar desde o dia do parto ou melhor, desde o 10º dia antes. Um consumo baixo implicará que a porca tem que tirar das reservas nos primeiros dias, que é onde mais necessita de se alimentar para recuperar bem do parto e começar a dar de mamar leite de qualidade. Devemos tentar que as porcas comam, em média, 4,5-5 kg/dia (multíparas) e 3,5-4 kg/dia (nulíparas).

Para atingir estes consumos é imprescindível que deixemos de programar as curvas de alimentação tendo como referência as porcas que comem menos ou a média da exploração, porque deste modo estamos a perder o potencial da outra metade das porcas. Para o maneio da ração é mais fácil controlar 20% das porcas que não comerão bem, ou seja ajustar a curva de alimentação de acordo com o apetite e retirar a comida sobrante depois de cada refeição para que no se estrãgue, que acertar o que comerão 40% das porcas que estão por cima da média.

Aqui se é importante diferenciar entre os três ou, no mínimo, dois grupos de multíparas (2-3 partos e mais de 4), sendo mais importante se temos síndromo do segundo parto devido a uma primeira lactação com déficit de alimentação.

A quantidade de tomas diárias depende da quantidade de alimento que lhes corresponde; um máximo de 2-2,5kg por refeição será o ideal. Em épocas de calor será interessante dar as tomas cedo e tarde para que as porcas não estejam com tanto calor. Com as máquinas de alimentação é um pouco mais simples já que o pessoal não tem que estar em todas as refeições e isso facilita o trabalho/descanso.

É importante o caudal dos bebedouros, mais no Verão, para que a porca possa beber muita água sem ter muito trabalho para apertar o bebedouro. A temperatura da maternidade é um factor chave para o consumo de ração e para a produção de leite; quanto mais frescas estejam as porcas melhor será o seu rendimento.

Após o parto, as ninhadas devem ingerir o colostro com a sua mãe no mínimo de 12-16 horas. Depois igualar por tamanho e número de tetas de cada porca. Nas jovens convém por mais leitões do que tetas para potenciar a futura produção de leite.

Ninhada de leitões com poucas horas de vida, igualados com excelente tamanho e vitalidade.

3- Tentar que percam a menor quantidade de condição corporal. Do dia 10 ao dia 20 pós-parto

Depois que tenhamos conseguido uma boa ingesta nos primeiros 10 dias JÁ FIZEMOS O MAIS DIFÍCIL, agora temos que finalizar o trabalho e começar a desfrutar. Aos 10 dias os leitões já estão a crescer a um bom ritmo e é importante não o travar, assim que se a porca tiver fome não devemos limitar o seu consumo de ração.

Um consumo elevado na lactação nunca é uma perda, é o melhor investimento que podemos fazer. A produção de leite da porca sobe até aos 18-20 dias, por isso a alimentação deve acompanhar o seu ritmo de crescimento.

Um sinal de que fizemos um bom trabalho é ver leitões que se saltam uma refeição quando a porca está a dar de mamar. Significa que estão cheios e que, por uma vez que não vá mamar, não vai sentir falta.

É importantíssimo que o consumo que consigamos aos 7-10 dias, no mínimo, não baixe nesta fase e, a ser possível, que suba 1-2 kg, ainda que haverá sempre porcas que nos surpreendam e subam 3-4 kg aos 20 dias.

Mas o melhor que podemos fazer é potenciar o consumo, tentado dar mais vezes de comer, evitar as horas de calor e, sobretudo, que a comida não fique no comedouro mais de 2 horas, sendo o ideal 30 minutos para terminar a ração que lhe corresponde em cada refeição. Nas porcas que, na fase de 0 a 10 dias, não conseguimos que comam o que lhes corresponde, ainda que a produção de leite nunca chegará ao seu máximo, podemos recuperar a porca e conseguir que não perca condição corporal, ao mesmo tempo que os leitões crescem.

Se a porca chega gorda a esta fase, pode-se limitar o consumo para evitar que engorde demasiado e que tenhamos problemas no ciclo seguinte, tornando interessante a mobilização de gordura para a produção de leite.

4- Preparar a porca para o Desmame-Cobrição e o seguinte ciclo reprodutivo. Dia 20 – desmame

Nesta fase já fizemos tudo o que pudémos para a produção de leite; é a hora de controlar que as porcas não emagreçam ou engordem demasiado pensando já no seguinte ciclo reprodutivo e tendo sempre presente que os leitões devem continuar a crsecer a um bom ritmo. De acordo com a minha experiência, o desmame deveria ser, no mínimo, aos 24-25 dias.

Potenciar o consumo o mais precocemente possível é a chave para conseguir um bom rendimento em todos os aspectos reprodutivos da porca: produção de leite, condição corporal ao desmame e boa condição para começar o ciclo seguinte.

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